11 de novembro de 2011

ESPIRITISMO EM MARCHA:



O Espiritismo cresce numa proporção que excede todas as previsões

Em uma de suas viagens a Lyon, Allan Kardec pro­feriu um discurso dirigido aos espíritas lioneses, no qual externou o seu contentamento ao testemunhar o flo­rescimento e influência positiva do Espiritismo em sua cidade natal.
Se Kardec visitasse a Instituição Espírita que frequentamos, ficaria assim também tão feliz?   E com
os espíritas contemporâneos só teria ale­grias?   Eis as questões que se impõem e nas quais
devemos meditar!

Essa joia histórico-literária está in­cluída na "Revue Spirite" de outubro de 1861 da qual pinçamos os seguintes extratos:
"Senhoras e senhores, todos vós, meus caros e bons irmãos em Espiritismo.
Se há circunstâncias em que se possa lamentar a insuficiência de nossa pobrelinguagem humana, é quando se trata de exprimir certos sentimentos, e tal é, neste momento, a minha posição...  O que
eu sinto, ao mesmo tempo, é uma surpresa bem agradável quando vejo o terreno imenso que a Doutrina Espírita ganhou entre vós, há um ano, e admiro a Pro­vidência; uma alegria indizível pela visão do bem que ela aqui produz, de consolações que ela derrama sobre tantas dores, ostensivas ou ocultas, e disso deduzo o futuro que a espera; é uma felicidade inexprimível reen­contrar-me no meio desta família, tornada tão numerosa em tão pouco tempo e que aumenta todos os dias; é, enfim, e acima de tudo, uma pro­funda e sincera gratidão pelos testemunhos de simpatia que recebo de todos vós.

(...) Ficai bem convencidos de que o que mais me honra nesta circuns­tância, o de que, com razão, posso estar orgulhoso, é a cordialidade e a sinceridade da acolhida, o que se en­contra muito raramente nas recepções pomposas, porque aqui não há más­caras sobre os rostos.
 (...) Esta reunião, disso não du­videis, tem um caráter pessoal e pro­videncial; uma vontade superior a provocou; mãos invisíveis a isso vos impeliram, com o vosso desconheci­mento e talvez um dia
ela marcará nos fastos do Espiritismo.   Possam nossos irmãos futuros se lembrar deste dia memorável em que os espíritas lio­neses, dando o exemplo de união e de concórdia, deram os primeiros passos da aliança que deve existir entre os espíritas de todos os países do mundo; porque o Espiritismo, res­tituindo ao Espírito o seu verdadeiro papel na Criação, constatando a su­perioridade da inteligência sobre a matéria, apaga naturalmente todas as distinções estabelecidas entre os ho­mens segundo as vantagens corpóreas e mundanas, sobre as quais só o or­gulho fundou castas e os estúpidos preconceitos da cor.


O Espiritismo, alargando o círculo da família pela pluralidade das existências, estabelece entre os homens uma fraternidade mais racional do que aquela que só tem por base os frágeis laços da matéria, porque esses laços são imperecíveis, ao passo que os do Espírito são eternos. Esses laços, uma vez bem compre­endidos, influirão pela força das coisas, sobre as relações sociais, e mais tarde sobre a legislação social, que tomará por base as leis imutáveis do amor e da caridade; então ver-se-á desaparecerem essas anomalias que chocam os homens de bom senso, como as leis da Idade Média estarrecem os homens de hoje.  Mas isto é obra do tempo!...  Deixemos a Deus o cui­dado de fazer chegar cada coisa à sua hora; esperemos tudo de Sua sabe­doria e agradeçamo-lo somente
por nos ter permitido assistir à aurora que se eleva para a Humanidade, e de nos ter escolhido como os pio­neiros da grande obra que se prepara.  Que Ele se digne derramar Sua bênção sobre esta assembléia, a pri­meira onde os adeptos do Espiritismo estão reunidos em tão grande número, num sentimento de verdadeira con­fraternização.  Digo verdadeira confraternização, porque tenho a íntima convicção de que todos aqui presentes, não trazem nenhuma outra; mas não duvideis que numerosas coortes de Espíritos estão aqui entre nós, quenos escutam neste momento, espiam todas as nossas ações, e sondam os pensamentos de cada um, investigando sua força ou sua fraqueza moral.  Os sentimentos que os animam são bem diferentes; se uns estão felizes com esta união, outros crede-o bem, estão horrivel­mente enciumados com ela; cabe-vos a todos vós, bons e sinceros espíritas, provar-lhes que perdem seu tempo, e que se enganam crendo encontrar aqui corações acessíveis às suas pérfidas sugestões.  Invocai, pois, com fervor a assistência de vossos anjos guardiães, a fim de que afastem de vós todo pensamento que não seria para o bem; ora, como o mal não pode ter a sua fonte no bem, o simples bom senso nos diz que todo pensamento mau não pode vir de um bom Espírito, e um pensamento é necessariamente mau quando é contrário à lei de amor e de caridade; quando ele tem por móvel a inveja e o ciúme, o orgulho ferido, ou mesmo uma pueril susceti­bilidade de amor-próprio melindrado, irmão gêmeo do orgulho, que levaria a olhar seus irmãos com desdém.   Amor e caridade para todos, disse o Espiritismo; amarás o teu próximo como a ti mesmo, disse o Cristo: isto não é sinônimo?

Eu vos felicitei, meus amigos, pelo progresso que o Espiritismo fez entre vós, e estou feliz por constatá-lo.  Felicitai-vos, de vosso lado, daquilo que esse progresso é por toda parte; sim, este último ano viu, em todos os países, o Espiritismo crescer numa  proporção que excedeu todas as esperanças; ele está no ar, nas aspirações de todos, e por toda a parte onde encontra eco, bocas que repetem:  Eis o que eu esperava, o que uma voz  secreta me fazia pressentir.  Mas o  progresso se manifesta ainda sob uma nova fase: É a coragem de sua opinião,  que não existia ainda há pouco tempo.
  Não era senão em segredo, às escon­didas que dele se falava; hoje se confessa espírita tão claramente quanto se confessa católico, protestante ou judeu; afronta-se a zombaria, e essa ousadia se impõe aos escarnecedores, que são como esses cãezinhos que correm atrás daqueles que fogem, e fogem se são perseguidos; ela dá co­ragem aos tímidos, e revela, em muitas localidades, numerosos espíritas que se ignoravam mutuamente.  Pode deter-se esse movimento?  Eu o digo claramente:  Não! Lançou-se mão de tudo para isso: Sar­casmos, zombarias, ciência, anátema, e ele tudo suplantou sem retardar a sua marcha num segundo; cego, pois, quem não veja aí o dedo de Deus. Pode-se entravá-lo; detê-lo jamais, porque se não correr à direita, ele correrá pela esquerda.
Vendo os benefícios morais que proporciona, as consolações que dá, os crimes mesmo que já impediu, pergunta-se quem pode ter interesse em combatê-lo. Ele tem contra si pri­meiro os incrédulos que o injuriam: estes não são de temer, uma vez que seus dardos afiados se quebram contra a sua couraça; os ignorantes que o combatem sem conhecê-lo: Estes são os mais numerosos; mas a verdade, combatida pela ignorância, jamais teve a temer, porque os ignorantes
se refutam eles mesmos sem o querer. A terceira categoria de adversários é a mais perigosa, porque é tenaz e pér­fida; ela se compõe de todos aqueles cujos interesses materiais podem ser feridos; combatem na sombra, e as setas envenenadas da calúnia não lhes faltam.  Eis os verdadeiros inimigos do Espiritismo! Vencerão? Não; por­que não é dado ao homem se opor à marcha da Natureza, e o Espiritismo está na ordem das coisas naturais; será preciso pois, que cedo ou tarde tomem o seu partido, e que aceitem o que será aceito por todo o mundo. Não, não o vencerão; serão eles que serão vencidos!”      
                                                 

Rogério Coelho (foto) reside na cidade mineira de Muriaé, situada na Zona da Mata de Minas Gerais. Jornalista por formação, Rogério Coelho já exerceu diversas funções dentro de casas espíritas, desde secretário até diretor do departamento. Atualmente, preside a Sociedade Muriaeense de Estudos Espíritas e prossegue incansável na divulgação do Espiritismo na tribuna e por meio de jornais e vários periódicos espíritas nacionais e estrangeiros, incluindo-se aí “O Clarim”, a “Revista Internacional do Espiritismo”, ambos de Matão-SP, “O Reformador”, da FEB; “Presença Espírita” da Mansão do Caminho, de Salvador; entre outros.

Autor do livro Visão Espírita do Evangelho.

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