13 de março de 2012

FELICIDADE DE MÉDIUM






Certa vez, o Espírito de um jovem, que aparentava 18 ou 20 anos de idade, apresentou-se à nossa visão, todo envolvido em ataduras de gaze, da cabeça aos joelhos, braços, mãos, rosto. Chorava; e um cheiro forte de iodofórmio anunciou sua presença antes mesmo da materialização.

Compreendemos que seu trespasse se efetivara por uma explosão e que falecera no hospital; O panorama dos acontecimentos relacionados com a desencarnação da entidade comunicante, ou mesmo passagens de seu drama íntimo, são revelados ao médium através das suas próprias irradiações (ou de sua aura), o que produz intuições quase instantâneas, espécie de conversação telepática, ou vibratória, que desvenda as cenas e enseja esclarecimentos para o que se há de tentar, a fim de minorar a sua aflição.

Como sempre, em presença desse Espírito, procuramos fazer leitura amena e esclarecedora, convidando-o a ouvi-la, o que fez com grande respeito e atenção. Oramos juntos e conversamos depois, embora ligeiramente. E tivemos a satisfação de vê-lo sorrir e agradecer, ao se afastar.

Nenhuma conquista humana, nenhum prazer ou alegria deste mundo se poderá comparar à felicidade de um médium que já se viu envolvido em tarefa desse gênero.

O consolo que ele próprio recebe, se sofre, a doçura inefável de que se sente invadir, ao verificar que conseguiu auxiliar um desses pequeninos a quem Jesus ama e recomenda, ultrapassa todas as venturas e triunfos terrenos.

É como se ele próprio, o instrumento mediúnico, houvesse mergulhado em vibrações celestes, através das lágrimas do sofredor do Invisível, às quais procurou enxugar.

Evidentemente que um serviço dessa natureza, realizado por um médium desacompanhado de colaboradores, nem será de fácil realização nem deverá ser encetado levianamente.

Será, antes, espontâneo, provocado e dirigido tão somente pelos Instrutores Espirituais, assim mesmo quando acharem o médium em condições vibratórias adequadas para o feito.


Parece que o médium, então, é imunizado de perigos por processos que escapam à nossa compreensão, o que indica não dever ele jamais desejar ou provocar semelhantes experiências.


Ao demais, antes que tais labores sejam confiados à responsabilidade de um aparelho mediúnico, será necessário que ele se tenha preparado longamente através de um tirocínio ininterrupto, que se tenha desprendido, muitas vezes, do mundo e de si mesmo, através de renúncias e dolorosos testemunhos, de forma a que o coração, ferido por dores inconsoláveis na Terra, esteja preparado para a compreensão exata das lides do invisível.


Muitas dessas entidades, porém, se debruçam sobre o nosso ombro e lêem conosco, interessadas, naquilo que estudamos, o que testemunha ser a vida espiritual simples como a nossa própria vida, a continuação desta, tão somente.

Temos observado que algumas de tais entidades colocam os óculos a que estavam habituadas, quando encarnadas, para lerem melhor, conosco...

Geralmente são, como ficou dito, leituras escolhidas as que fazemos, ou do Evangelho, que projetem com vigor a personalidade e os feitos do Cristo, ou de obras espíritas que melhor toquem o coração.

Assim, sendo, esses pequeninos e sofredores se afeiçoam ao médium que os ajudou nos dias difíceis e se tornam amigos fervorosos para todo o sempre, estabelecendo-se, então, indissolúveis elos de fraternidade.

Há cerca de um ano, pela madrugada, estando nós ainda desperta, apresentou-se à nossa visão um Espírito cujo decesso carnal se teria dado entre os seus trinta e oito ou quarenta anos de idade.

Trajava-se pobremente, com terno azul-marinho, já usado, camisa branca também bastante usada, gravata preta, atada com certo desleixo.

Esquálido e abatido, infinitamente triste, mas já resignado à própria condição, colocou a mão sobre a nossa, num gesto fraterno, e disse:

- Venho agradecer-lhe os votos feitos, em minha intenção, à bondade de Deus... Suas preces me auxiliaram tanto que até minha família, que deixei na Terra, foi beneficiada... Chamo-me Joaquim... e meu nome está no registro do seu caderno de apontamentos.

Constatamos, então, que esse visitante fora suicida... e, materializado, pudemos observar que havia terra em sua indumentária, isto é, impressões da porção de terra em que fora sepultado, assim como sua mente permanecia afeita ao vestuário que habitualmente usava quando vivo, e com o qual fora também para a sepultura.

Como, efetivamente, possuímos um caderno onde registramos nomes de suicidas e pessoas falecidas em geral, conhecidos ou colhidos dos noticiários dos jornais, procuramos verificar se realmente existia nos ditos apontamentos aquele singelo nome.

E encontramos, de fato, entre os suicidas, um Joaquim Pires; tratava-se, portanto, de um dos destacados dos noticiários dos jornais, recomendado para as preces e as leituras diárias.

E estamos certa de que será um bom amigo, cuja afeição nos acompanhará pelo futuro afora...


Fonte:(Yvonne Pereira - Devassando o Invisível).

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