Conta-se a história de um velho lenhador, muito pobre, que nada possuía a não ser um lindíssimo cavalo branco.
Todos os ricaços e autoridades do povoado onde vivia cobiçavam o Alasão, mas o lenhador, orgulhoso de seu animal, jamais o vendia.
Até que, certa noite, o cavalo fugiu e todos os moradores da cidade puseram-se a rir do infortúnio do velho:
- Deixou de vender o cavalo e agora ficou a ver navios! – Diziam. – Será pobre para o resto da vida!
Na semana seguinte, porém, o cavalo voltou, para surpresa de todos, acompanhado de outros dez, ainda mais bonitos e valiosos do que ele.
Chocados, todos os cidadãos admiraram a “sorte” do lenhador e passaram a exaltá-lo:
- Tudo dá certo para ele! Nossa, que homem afortunado!
Até que, alguns dias depois, seu único filho levou um coice de um dos cavalos e teve ambas as pernas quebradas.
- Pobre lenhador! – disseram os vizinhos, deliciados com a nova tragédia. – Seu filho lhe ajudava a trabalhar e agora ele está só. Que azarado! Vai morrer de fome!
Pouco tempo depois, no entanto, todos os jovens do povoado foram convocados para uma perigosa Guerra… exceto o filho do lenhador que, graças às pernas quebradas, ficou na doce segurança do lar!
Intrigados (e, no fundo, revoltados!), os vizinhos foram tirar satisfações com o velho lenhador.
- Afinal, você é sortudo ou azarado? – Perguntaram. – Abençoado ou amaldiçoado? Responda-nos de uma vez por todas!
Encarando-os, o velho sorriu e respondeu, com simplicidade:
- Não sou um nem outro. Vocês se apressam, eu espero. Vocês julgam, eu trabalho. Eu enxergo vírgulas onde vocês teimam em colocar pontos finais…
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