23 de agosto de 2013

Por que não é certo designar os adeptos da Doutrina Espírita de "ESPÍRITAS KARDECISTAS" e nem o Espiritismo, como "ESPIRITISMO KARDECISTA" ou "KARDECISMO"?


A questão é muito simples e os motivos também. Vejamos as palavras do codificador e criador das nomenclaturas Espiritismo e Espíritas, Allan Kardec:

“Para se designarem coisas novas são precisos termos novos. Assim exige a clareza da linguagem para evitar confusão inerente à variedade de sentidos das mesmas palavras.” “Os adeptos do Espiritismo serão, Espíritas ou se quiserem Espiritistas. (1)

Vejam que de modo algum, ele aplicou as palavras: "Kardecista" ou "Kardecismo".

Agora vejam o que diz também os Espíritos:

“Este livro é o repositório de seus ensinos, foi escrito por ordem e mediante ditado de Espíritos superiores para estabelecer os fundamentos de uma filosofia racional. Nada contém que não seja a expressão do pensamento deles e que não tenha sido por eles examinado. Só a ordem e a distribuição metódica das matérias, assim como as nota e a forma de algumas partes da redação constituem obra d’aquele que recebeu a missão de os publicar”. (2)

Nota-se que aqui os Espíritos disseram e afirmaram que são Eles os autores da nossa Doutrina, tendo o Sr. Allan Kardec a missão de ser o seu codificador e de publicar as obras básicas do Espiritismo. Portanto, quando equivocadamente usamos os termos Kardecista e Kardecismo, estamos delegando a autoria da Doutrina Espírita à pessoa do codificador, o Sr. Allan Kardec , e não aos Espíritos como de fato o é.

Para não ter mais duvidas:

“(O Espiritismo) Não é uma doutrina individual, uma concepção humana; ninguém pode dizer-se seu criador. É o produto do ensino coletivo dos espíritos, ao qual preside o Espírito de Verdade”. (3)

Explicação de Allan Kardec:

"Todas as doutrinas filosóficas e religiosas trazem o nome da individualidade fundadora: o mosaismo, o cristianismo, o maometismo, o budismo, o cartesianismo, o furierismo, etc. A palavra Espiritismo ao contrário, não lembra nenhuma personalidade, ela encerra uma ideia geral, que indica, ao mesmo tempo, o caráter e a fonte múltipla da doutrina”. (4)

Vale lembrar que a FEB cometeu um erro gravíssimo na década de 50, quando deturpou as palavras do Codificador, já mostradas nesse artigo, chegando a publicar, em 1953, em seu órgão oficial, que os umbandistas poderiam ser considerados "espíritas", com o seguinte argumento:

"Baseados em Kardec, é-nos lícito dizer: todo aquele que crê nas manifestações dos espíritos é espírita; ora, o umbandista nelas crê, logo, o umbandista é espírita." Esse raciocínio causou polêmica à época. Anos mais tarde, em 1958, o Segundo Congresso Brasileiro de Jornalismo e Escritores Espíritas opôs-se considerar os umbandistas como espíritas. Duas décadas mais tarde, em fevereiro de 1978 o mesmo Reformador publicou que a designação de "espíritas" pelos umbandistas é "imprópria, abusiva e ilegítima". (5)

Acredito que toda a confusão com as denominações tenham ocorrido depois desse deslize da FEB. Alguns Espíritas acharam necessário acrescentar ao neologismo criado por Kardec a nomenclatura 'Kardecista' e 'Kardecismo' para nos diferenciar dos umbandistas.

É lógico que existe algumas semelhanças entre a prática Umbandista e a Doutrina Espírita, são elas: a comunicação entre os vivos e os mortos, admitindo ambas, por conseguinte, a sobrevivência à morte do chamado "espírito"; a evolução do espírito através de vidas sucessivas (reencarnação); o resgate, podendo ser pela dor e sofrimento, das faltas cometidas em anteriores existências; a prática da caridade. Porém essas semelhanças não fazem da Umbanda uma doutrina "Espírita" e sim 
"Espiritualista, como bem asseverou Allan Kardec na introdução do Livro dos Espíritos:

''Quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que matéria, é espiritualista''.....

E para finalizarmos , eis aqui o pensamento do próprio Kardec, refutando a ideia de ser a doutrina autoria dele:

“Há entre o Espiritismo e outros sistemas filosóficos esta diferença capital; que estes são todos obra de homens, mais ou menos esclarecidos, ao passo que, naquele que me atribuís, eu não tenho o mérito da invenção de um só princípio. Diz-se: a filosofia de Platão, de Descartes, de Leibnitz; nunca se poderá dizer: a doutrina de Allan Kardec; e isto, felizmente, pois que valor pode ter um nome em assunto de tamanha gravidade? O Espiritismo tem auxiliares de maior preponderância, ao lado dos quais somos simples átomos”. (6)


Contudo, amigos, "Espíritas" são somente aqueles que seguem a codificação Kardequina e seus princípios. Lembrando que a palavra "Espírita" foi criada por Allan Kardec em 1857. E a Umbanda só viria surgir no início do novo século, mais precisamente no ano de 1908.

Por: Regih Silva

Fontes:

(1) O Livro dos Espíritos - Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita - Item: I.
(2) O Livro dos Espíritos - Prolegômenos.
(3) A Gêneses, capítulo XVII - Anunciação do Consolador- Item: 40.
(4) Nota explicativa do rodapé de A Gêneses, capítulo XVII - Anunciação do Consolador- Item: 42.
(5) Site: Espiritualidade e Sociedade com base no artigo: A FEB e a Umbanda, por: Adilson Marques.`(6) O que é o Espiritismo, Elementos de convicção, pág. 120.

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