2 de junho de 2025

O AUTISMO NA VISÃO ESPÍRITA: CAUSAS DIVERSAS E REFLEXÕES DOUTRINÁRIAS





O autismo é uma condição complexa que, sob a ótica espírita, deve ser compreendida com respeito, sensibilidade e visão ampla. A Doutrina Espírita não oferece uma explicação única para os desafios que envolvem essa experiência, mas nos ensina que as causas podem ser múltiplas, sempre relacionadas às necessidades evolutivas do espírito reencarnante.

Do ponto de vista espiritual, cada existência é fruto de um planejamento criterioso, onde as provas, expiações e missões são definidas de acordo com o que o espírito necessita vivenciar para seu crescimento moral e intelectual.

No caso do autismo, as possibilidades são diversas:

  • Pode ser resultado de questões ligadas ao planejamento reencarnatório, como um convite ao despertar de valores espirituais;
  • Pode refletir desafios de adaptação do espírito ao novo corpo físico, principalmente quando há um distanciamento longo entre a última encarnação e o retorno à vida material;
  • Pode ter raízes em experiências passadas que exigem vivências de reflexão e transformação interior, favorecendo a reeducação moral;
  • Pode também ser uma experiência destinada ao grupo familiar, como oportunidade de desenvolvimento da paciência, do amor incondicional e da resiliência.

O Espiritismo nos convida a enxergar o autismo não como castigo, mas como um caminho de aprendizado e evolução, tanto para quem vive essa condição quanto para os que o cercam.


A literatura espírita, especialmente as obras da série "A Vida no Mundo Espiritual", psicografadas por Francisco Cândido Xavier, nos oferece importantes reflexões sobre o processo de adaptação dos espíritos ao renascimento físico.

Ao estudar com amigos do grupo facespírita o livro No Mundo Maior, encontramos a seguinte informação em seu capítulo 17. Logo pensei: não estaria aí um dos casos do autismo?

Vejamos:

No capítulo "No Limiar das Cavernas", André Luiz narra sua experiência ao visitar o "Baixo Umbral", uma região do plano espiritual marcada pelo sofrimento e pela estagnação moral.

Nessa região sombria, André Luiz observa que alguns espíritos, apesar de possuírem grande capacidade intelectual, encontravam-se profundamente endurecidos moralmente. Por amor e justiça divina, esses espíritos são encaminhados para experiências de reeducação que, em alguns casos, envolvem atividades laboriosas junto à natureza ou futuras reencarnações em condições que favoreçam seu reequilíbrio emocional e moral.

Essa realidade pode nos levar a refletir que, em algumas situações, o autismo — sobretudo em seus graus mais severos — pode estar relacionado a essa readaptação do espírito ao processo evolutivo, preparando-o, de forma progressiva, para o convívio social e a harmonização afetiva, após longos períodos de desequilíbrio ou isolamento emocional no plano espiritual.

Antes de qualquer julgamento apressado, é importante recordar que O Livro dos Espíritos, obra basilar da Doutrina Espírita, já aborda a atuação de espíritos no seio da natureza.

Nas questões 536 a 540, Kardec questiona os Espíritos Superiores sobre a organização dos fenômenos naturais e a relação dos desencarnados com esses eventos. As respostas indicam que:

  • Os espíritos, em diferentes graus de evolução, colaboram com a harmonia e o funcionamento das forças naturais;
  • A atuação desses espíritos varia conforme sua capacidade e entendimento;
  • O trabalho na natureza é também uma forma de aprendizado e regeneração para muitos espíritos que, necessitados de progresso, encontram nessas atividades um caminho de reconexão com as Leis Divinas.

Essa passagem do Livro dos Espíritos harmoniza-se com o que André Luiz narra em No Mundo Maior, mostrando que, antes mesmo da reencarnação, o espírito pode passar por longos processos de reeducação e readaptação, tanto nas regiões inferiores quanto na matéria, o que pode refletir-se em suas condições físicas e mentais ao nascer.

Portanto, o autismo, assim como tantas outras condições humanas, é uma oportunidade de aprendizado e evolução espiritual, tanto para o espírito reencarnado quanto para aqueles que convivem com ele.

A Doutrina Espírita não nos convida ao julgamento, mas sim à compreensão amorosa e ao respeito pelas diferentes trajetórias evolutivas. Cada caso é único, e por trás de cada desafio há um propósito superior, estabelecido pela sabedoria divina para o progresso moral e intelectual do ser imortal.


Regih Silva

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