11 de maio de 2025

O ESPIRITISMO SOLUCIONA O PARADOXO DE EPICURO


Desde os tempos antigos, a humanidade se depara com um questionamento profundo sobre a existência do mal e a bondade de Deus. O chamado "Paradoxo de Epicuro", formulado pelo filósofo grego, desafia a coerência entre a onipotência, a bondade divina e a presença do sofrimento no mundo. Se Deus é onipotente e bondoso, por que permite o mal? Se não pode impedir o mal, então não é onipotente? Se pode e não quer, então não é bom? Essas perguntas intrigam a filosofia e a teologia há séculos.

A Doutrina Espírita, por meio dos ensinamentos de Allan Kardec, apresenta uma resposta fundamentada na justiça e na sabedoria divinas. No capítulo 1 de O Livro dos Espíritos, Kardec questiona os mentores espirituais sobre "O que é Deus?" e a resposta sintetiza uma compreensão inovadora: Deus é a "inteligência suprema, causa primária de todas as coisas". Deste modo, Ele é infinitamente justo e bom, mas sua bondade e onipotência não devem ser analisadas sob uma óptica limitada e humana.

O capítulo 3 de A Gênese esclarece a origem do bem e do mal. Kardec explica que o mal não é uma criação divina, mas sim uma consequência da ignorância e do livre-arbítrio dos seres humanos e dos Espíritos em evolução. Deus, sendo infinitamente justo, concede a cada ser a liberdade de escolha, permitindo que aprenda com seus erros e progrida moralmente. O sofrimento, portanto, não é um castigo divino, mas um mecanismo pedagógico para a evolução.

O Espiritismo também diferencia os tipos de sofrimento. Alguns decorrem de escolhas erradas do próprio indivíduo, enquanto outros são provas necessárias para o crescimento espiritual. Esse entendimento amplia a visão sobre o mal, mostrando que ele não é eterno nem absoluto. O progresso moral da humanidade reduz a presença do sofrimento, e a reencarnação oferece múltiplas oportunidades para que cada ser aprenda e se harmonize com as leis divinas.

Dentro dessa perspectiva, a Doutrina Espírita também esclarece que Satanás, o Diabo ou os demônios não são seres supremos ou entidades rivais de Deus. No entendimento espírita, os chamados "demônios" são apenas Espíritos em estado de grande imperfeição moral, ainda presos às influências do mal e do egoísmo. Não existe um ser dedicado exclusivamente à maldade absoluta, pois todos os Espíritos estão destinados à evolução e ao progresso. Assim, aqueles que hoje ainda praticam o mal, com o tempo e as sucessivas encarnações, irão aprender, amadurecer e se transformar em seres melhores.

O Espiritismo nos convida a compreender que a justiça divina se manifesta a longo prazo e que o mal é apenas a sombra da ignorância, dissipando-se na luz do conhecimento e do amor. Dessa forma, não há contradição entre a bondade de Deus e a existência do sofrimento, pois tudo se encaixa no grande projeto de evolução universal.


Regih Silva

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