Ontem, assistindo ao programa do Luciano Huck, fui tomado por uma emoção
profunda durante a bela homenagem prestada ao querido comediante Carlos Alberto de Nóbrega. No palco,
estavam seus filhos, celebrando não apenas uma carreira, mas um legado que
ultrapassa o tempo: o legado de seu pai, o inesquecível Manuel de Nóbrega, criador da emblemática “Praça da
Alegria”, que mais tarde daria origem ao programa “A Praça é Nossa”.
Mas o que mais tocou meu coração foi algo que
escapava à cena visível: um detalhe sutil, espiritual, que merece reflexão. Certa
vez em uma entrevista ao “Programa do Ratinho”, o próprio Carlos Alberto
compartilhou uma experiência que nos convida a olhar além da matéria. Contou
ele que sua ex-esposa, Andréia, aguardava apenas um filho – todos os exames
médicos indicavam uma gestação única. No entanto, no momento do parto, vieram
dois: uma menina e, logo em seguida, João
Nóbrega. Com serenidade e fé, Carlos revelou sua intuição: João seria
a reencarnação de seu pai, Manuel de Nóbrega.
À luz da Doutrina Espírita, essa possibilidade é mais do que uma
hipótese sentimental — é uma expressão legítima das leis divinas que regem a
vida espiritual. O espírito é imortal, caminha por múltiplas existências, e
muitas vezes retorna ao mesmo lar terreno, como filho, neto, irmão ou
companheiro de jornada, buscando reconciliação,
aprendizado ou missão.
Contudo, reencarnar não é simplesmente
repetir. O espírito traz sua essência, mas cada existência é como um novo
capítulo, com páginas em branco para serem escritas com novos desafios e
possibilidades. Mesmo que João seja, de fato, o mesmo espírito que um dia
animou Manuel de Nóbrega, ele não está fadado a reproduzir os mesmos dons ou
seguir as mesmas trilhas. Agora formado em administração, João talvez esteja
trilhando caminhos que fazem parte de um plano mais amplo — que escapa à nossa
compreensão imediata, mas que serve a um propósito maior.

É como na escola da alma: passamos por
diferentes séries, e cada uma tem conteúdos próprios. Não deixamos de ser nós
mesmos, mas precisamos vivenciar diferentes etapas para amadurecer. A vida
material é apenas um breve estágio dessa longa e maravilhosa jornada evolutiva.
O que permanece, acima de tudo, é o laço do amor. Espíritos afins se
reencontram, não por acaso, mas por desígnio. E se é verdade que o palco da
vida muda, os personagens se transformam e os cenários se renovam, também é
verdade que o amor verdadeiro sempre
encontra um caminho para se manifestar.
Que essa história singela, cheia de beleza e
espiritualidade, nos inspire a olhar com mais reverência para os nossos laços
familiares, reconhecendo que cada encontro carrega algo sagrado. Nada acontece
por acaso. Deus, em Sua sabedoria infinita, nos reúne onde o amor ainda pode
florescer ou onde a lição ainda precisa ser aprendida.
No fim das contas, mais do que risos ou
lágrimas, o que fica é o amor — e o amor,
este sim, é eterno.
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