1 de maio de 2025

UMA REFEXÃO ESPÍRITA PARA O 1° DE MAIO


No calendário social, o Dia do Trabalho é uma data marcada por manifestações, discursos e reivindicações. Para os que estudam o Espiritismo, porém, é também uma oportunidade sagrada de reflexão sobre uma das leis divinas mais fundamentais: a Lei do Trabalho.

Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, nos ensina que o trabalho não se restringe à atividade remunerada. Ele é, antes de tudo, “toda ocupação útil”. Desde o esforço da semente ao romper o solo, ao serviço silencioso da mãe que vela o filho, toda ação que contribui para o bem, para a edificação, para o progresso individual ou coletivo, é trabalho diante da Lei de Deus.

Emmanuel, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, traz uma mensagem tocante e profunda intitulada "Lei do Trabalho", na qual descreve poeticamente como toda a Criação colabora com o progresso:

“O verme aduba. A terra acalenta. O orvalho protege. O vento renova. A semente produz... Tudo age. Tudo obedece. Tudo evolui. Tudo responde. Tudo serve.”(Emmanuel, em “Ideal Espírita”, capítulo 63 “Lei do Trabalho”, psicografia de Francisco Cândido Xavier, FEB.)

Com essa sequência de imagens, Emmanuel nos recorda que tudo no universo está em movimento, em serviço, em obediência a um plano superior. Desde os seres mais simples até as construções humanas mais complexas, tudo está interligado pela Lei do Trabalho.

Esse ensinamento eleva o conceito de labor à condição de instrumento evolutivoTrabalhar é colaborar com Deus na obra da Criação. Cada tarefa, por mais humilde que pareça, é parte de um ciclo sagrado. Quando o Espírito compreende isso, deixa de buscar apenas o ganho imediato, e passa a valorizar o esforço, a dedicação e a utilidade de seu papel no mundo.

Allan Kardec, ainda em O Livro dos Espíritos, reforça essa ideia ao perguntar, na questão 643, se há pessoas que não encontram oportunidades para fazer o bem. A resposta dos Espíritos Superiores é clara:

“Não há quem não possa fazer o bem; somente o egoísta nunca encontra ocasião de praticá-lo. Porque vê tudo exclusivamente por si e para si, fecha os olhos às necessidades alheias.”(Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, questão 643, FEB)

Assim, trabalhar pelo bem — mesmo que não seja no campo profissional — é sempre possível. O trabalho verdadeiro não exige recursos materiais, mas sim disposição interior para servir.

Em outra de suas mensagens luminosas, Emmanuel nos apresenta a figura sublime de Jesus sob uma perspectiva profundamente simbólica: a do trabalhador divino. Comentando as palavras de João Batista em Lucas 3:17, ele afirma:

“O precursor designa-o por trabalhador atento que tem a pá nas mãos, que limpará o chão duro e inculto, que recolherá o trigo na ocasião adequada e que purificará os detritos com a chama da justiça e do amor que nunca se apaga.”(Emmanuel, no livro “Pão Nosso”, lição 90 – “O Trabalhador Divino”, psicografia de Francisco Cândido Xavier, FEB.)

Enquanto o mundo antigo aguardava um Messias glorioso, Emmanuel nos revela o Cristo como um servo vigilante e esperançoso, que carrega em suas mãos não pergaminhos ou cetros de poder, mas uma pá rústica, símbolo do serviço constante. Ele não descansa, mas trabalha, limpa, purifica e acolhe, mostrando-nos que o verdadeiro líder espiritual é aquele que serve primeiro.

Não podemos esquecer que Jesus, o Trabalhador Divino, também viveu na Terra como um homem comum, exercendo a profissão de carpinteiro. O próprio Evangelho nos revela que Ele passou anos trabalhando ao lado de José, seu pai adotivo, no ofício da carpintaria. Ele, o Filho de Deus, também trabalhou com as mãos, moldando madeira e criando utensílios. Este exemplo de humildade é uma lição para todos nós: não existe trabalho pequeno ou insignificante quando feito com amor, dedicação e com a consciência de que estamos contribuindo para a edificação do bem no mundo.
“Todos vós que viveis empenhados nos serviços terrestres, por uma era melhor, mantende aceso no coração o devotamento à causa do Evangelho do Cristo... Porque conosco vai à frente, abençoando-nos a humilde cooperação, aquele trabalhador divino que limpará a eira do mundo.”(Emmanuel, idem, “O Trabalhador Divino”)

Na ótica espírita, o trabalho tem também um papel regenerador. Ele nos disciplina as emoções, fortalece a vontade, educa o pensamento. Não por acaso, nas colônias espirituais, como descreve André Luiz em Nosso Lar, o trabalho é uma bênção redentora. Espíritos que desperdiçaram a existência na ociosidade sofrem, e recomeçam sua recuperação justamente pelo serviço útil ao próximo.

Assim, ao celebrarmos o 1º de Maio, façamos mais que recordar conquistas sociais. Celebremos a dignidade do trabalho como lei divina. Sejamos gratos ao labor que nos forma, transforma e nos aproxima de Deus.

Não importa a função que ocupamos: professor, operário, dona de casa, artista, servidor público ou voluntário silencioso... O valor está em como fazemos, com que sentimento servimos, com quanta luz colocamos naquilo que oferecemos ao mundo.

Que neste Dia do Trabalho, guiados pelas mensagens de Emmanuel e pela Doutrina Espírita, possamos renovar nosso compromisso com a utilidade, com o esforço digno e com o serviço ao bem, certos de que:

“Cada criatura deve ser útil, conforme as faculdades de que disponha.”(Emmanuel, em “Ideal Espírita”, cap. “Lei do Trabalho”)

E que o tempo, este tesouro que se renova a cada amanhecer, seja o solo fértil onde cultivemos a nossa transformação moral pelo esforço constante no bem — com Jesus, o trabalhador divino, à frente de nossa jornada.

Regih Silva


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