23 de junho de 2025

"ESPIRITISMO EM QUEDA? O QUE REALMENTE DEVEMOS APRENDER COM O CENSO DE 2022"

 



Recentemente, algumas páginas e canais que se dizem espíritas ficaram alarmados ao saber que, no último censo de 2022, o número de adeptos do Espiritismo diminuiu — o que me surpreendeu.

Desde que conheci o Espiritismo, lá em 1996, aprendi a não medir sua força por estatísticas, gráficos ou percentuais. Confesso que ver tanto alarde por parte de alguns canais e páginas "espíritas" sobre a suposta “queda numérica” me causou mais estranheza do que preocupação.

Kardec já tinha nos advertido sobre os perigos que rondam o movimento espírita. Não, não são os críticos externos, nem mesmo os materialistas de plantão. Segundo ele, “os adeptos demasiado entusiastas são mais perigosos para a doutrina do que os próprios adversários”. O entusiasmo sem estudo, sem equilíbrio e sem o filtro da razão transforma-se numa arma contra a própria Doutrina. Promove divisões, distorce conceitos e faz brotar “novas revelações” que, quase sempre, não resistem ao crivo da razão e da universalidade, dois pilares inegociáveis da Codificação.

Chico Xavier, também alertava. Sempre fez questão de lembrar que o Espiritismo não é religião de salão nobre ou de cátedras universitárias. Não é terreno para vaidades intelectuais ou para disputas de ego. Lembrando Léon Denis, Chico dizia: "O Espiritismo será no futuro o que os homens fizerem dele." Mas, importante dizer: isso não quer dizer que a Doutrina esteja entregue à sorte das vaidades humanas.

Quem lê com atenção o prefácio de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", percebe que o Espírito da Verdade deixa claro que o Espiritismo é, acima de tudo, obra dos Bons Espíritos, que atuam como um exército invisível, mas eficiente, espalhando-se como “estrelas cadentes” a iluminar consciências e abrir os olhos dos cegos da alma.

Então, com todo respeito a Chico e Denis, ouso complementar: O Espiritismo, em qualquer tempo, será o que os Bons Espíritos quiserem que ele seja.


Sobre o censo de 2022 e essa queda numérica: sim, os números estão aí, mas para mim, a questão é outra. Não é de hoje que o movimento espírita carrega dois grandes obstáculos:
  1. O elitismo doutrinário: Uma triste postura que transforma o Espiritismo numa espécie de clube de intelectuais, afastando justamente aqueles que mais precisam dele — os simples, os sofredores, os humildes. Chico Xavier sempre combateu isso com a maior das suas armas: a caridade prática.
  1. O extremismo ideológico: Nos últimos anos, o movimento espírita também foi contaminado por um fenômeno perigoso: o uso da Doutrina como palanque para discursos políticos extremados. O que temos visto, infelizmente, é um “bolsonarismo espiritualizado”, que tenta justificar o injustificável à luz da Doutrina. Isso, além de trair os ensinamentos de Jesus, abre espaço para as trevas que, como sempre, se aproveitam de corações invigilantes.
Não é novidade que os Espíritos das Trevas tentam, há séculos, sabotar o progresso espiritual da humanidade. Quando encontram brechas em corações desprevenidos, obtêm vitórias parciais. Contudo, a luz é mais forte que as sombras. E cabe a nós, com estudo, vigilância e muita caridade, garantir que a Doutrina continue firme.

Portanto, amigos, deixemos o alarmismo de lado. O Espiritismo não é uma moda que sobe ou desce nas estatísticas. Ele é um movimento de regeneração moral da humanidade. Se os números caíram, talvez seja um filtro natural. Que fiquem os que têm compromisso real com Jesus, Kardec e a caridade.

Enquanto isso, os Bons Espíritos seguem trabalhando. E nós, aqui embaixo, que façamos a nossa parte com humildade, estudo e ação no bem.


Regih Silva

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