Há quem diga que o palco é um território livre. Que ali, tudo pode ser dito em nome do humor, da arte ou da liberdade de expressão. Mas a liberdade, ensinou-nos o Cristo, só é plena quando se alicerça no respeito. Do contrário, é apenas egoísmo disfarçado de direito.
Recentemente, um cidadão que se diz humorista foi condenado a 8 anos de prisão por fazer uso da palavra — esse instrumento sagrado — para ferir. Sim, ferir. Não há outro termo. Ele usou da sua voz para zombar de negros, de mulheres, de homossexuais, de pessoas com HIV e de deficientes. Tudo isso em um "show privado", dizem os defensores. Mas será que o ambiente torna lícito o que é, em essência, criminoso?
Não. Seja no privado ou no público, crime será sempre crime.
Nos ensinamentos do nosso mentor Aldo Oliver, aprendemos algo ainda mais inquietante: o pior não é o autor, mas os fãs. O autor é apenas um. Mas os que riem, os que aplaudem, os que justificam, os que repetem, esses são muitos. E é nessa comunhão mental, fluídica e moral que o preconceito ganha corpo no mundo.
A palavra tem poder criador, como o Verbo Divino que gerou mundos. Mas quando usada para humilhar, ela também pode matar — esperanças, dignidades, afetos.
Há quem critique o chamado “politicamente correto”, como se fosse uma forma de censura. Mas o que é, afinal, ser politicamente correto, senão buscar ser moralmente justo? É recusar-se a rir da dor do outro. É proteger minorias que, historicamente, foram vítimas de exclusão e violência. É colocar o amor onde antes havia zombaria.
E eu lhes digo: no plano espiritual superior, o politicamente correto é lei viva. Lá, não há espaço para o sarcasmo que humilha, para o deboche que marginaliza. Lá, reina a caridade em todas as expressões. Do contrário, não seria Plano Superior — seria Umbral.
O Umbral está repleto de espíritos que, em vida, usaram o verbo para ferir e deformaram muitos com suas palavras venenosas. Lá, eles colhem o que plantaram, experimentando na carne do perispírito as dores que espalharam na carne dos outros.
Não se iludam com a capa do humor. Piada que humilha não é piada — é arma. E quem ri compactua.
O Cristo nunca zombou da dor alheia. Nunca fez graça com os fracos. Nunca relativizou a ofensa. Sigamos o exemplo d’Ele, e não daqueles que fazem da maldade um espetáculo.
Sejamos luz, mesmo na linguagem. Porque no reino do Espírito, cada palavra é um ato. E cada ato constrói — ou destrói — o mundo em que viveremos amanhã.
Regih Silva
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