7 de julho de 2025

"TRUMP X LULA: QUEM OUVE OS ESPÍRITOS SUPERIORES?"

 



Vivemos num mundo ainda em marcha rumo à luz, mas profundamente marcado pelos grilhões do egoísmo, do orgulho e da indiferença social. A Terra, como nos ensina a Doutrina Espírita, é um planeta de provas e expiações, onde cada experiência, cada desafio e cada escolha carrega valor educativo para o Espírito. Em meio às convulsões políticas do presente, surgem perguntas que não podemos ignorar: até que ponto os líderes que se erguem nas nações estão afinados com os princípios do Evangelho? Estão suas ações mais próximas da caridade, da justiça e do amor, ou seriam meras expressões do materialismo que ainda impera?

Duas figuras atuais têm gerado intensos debates e sentimentos opostos: Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e Luiz Inácio Lula da Silva, atual presidente do Brasil. Ambos imperfeitos, como todos nós. Contudo, há entre eles diferenças morais e políticas que merecem análise à luz da consciência espírita. Sob a influência de Trump, o Senado americano aprovou medidas que reduzem impostos dos mais ricos, cortam programas sociais fundamentais, desprezam a pauta ambiental e ampliam investimentos na militarização e no fechamento de fronteiras. A quem servem essas escolhas? Aos mais necessitados? Aos marginalizados? Aos que clamam por pão, por saúde, por dignidade? Ou seriam, antes, medidas destinadas a conservar privilégios de poucos à custa do sofrimento de muitos?

Na Doutrina Espírita, aprendemos que toda ação política deve ser avaliada sob o prisma da Lei de Justiça, Amor e Caridade. Emmanuel, mentor de Chico Xavier, foi claro ao afirmar que a fortuna é um empréstimo divino e que todo detentor de poder é responsável perante a coletividade. Cortar auxílios, abandonar os mais vulneráveis, ignorar a ecologia — que é expressão viva da Criação Divina — não é apenas má gestão: é infração grave às Leis de Deus. Tais atitudes não se alinham com o Evangelho de Jesus, tampouco com os apelos dos benfeitores espirituais que clamam por mais compaixão e fraternidade entre os povos.

No Brasil, Lula ergue um discurso mais próximo da consciência social. Em diversos momentos, tem interpelado os empresários quanto ao seu compromisso cristão com os pobres e defendido políticas de inclusão, desenvolvimento sustentável e valorização dos programas de assistência. Seus posicionamentos, mesmo que políticos e não religiosos, ecoam os alertas da espiritualidade superior sobre a urgência de construirmos uma sociedade mais justa, menos desigual e mais respeitosa com a natureza, que é nossa casa comum.

Enquanto Trump representa o endurecimento de fronteiras, o culto ao capital e a frieza diante da miséria, Lula se aproxima, em muitos momentos, do ideal de empatia social, chamando atenção para a insensibilidade das elites e para a necessidade de corresponsabilidade diante das desigualdades. Um corta verbas da saúde, da alimentação e do meio ambiente; o outro as considera essenciais e defende o fortalecimento dessas áreas — mesmo que enfrente a resistência de grupos poderosos.

Nesse contexto, chama atenção uma recente declaração do ex-ministro da Economia Paulo Guedes, agora fora do governo, em que afirma que o sistema tributário brasileiro precisa avançar para cobrar mais impostos dos mais ricos, como os que recebem lucros e dividendos, enquanto aumenta a isenção para quem ganha menos. Guedes classificou como injusto o fato de 60 mil pessoas terem recebido R$ 300 bilhões e não terem pago nada em impostos. Essa fala, vinda de quem ocupou o mais alto posto da economia nacional e que durante seu mandato não conseguiu (ou não quis) concretizar essa justiça fiscal, soa como um tardio reconhecimento do abismo tributário que separa ricos e pobres no Brasil. Revela, ainda, que mesmo aqueles ligados à elite financeira, quando longe do poder, podem enxergar — mesmo que tardiamente — as distorções gritantes de um sistema que privilegia poucos e sobrecarrega os que mais precisam.

Há imperfeições em ambos os líderes, sem dúvida. Mas há também escolhas morais claras, que demonstram qual dos dois busca, mesmo que com tropeços, caminhar em direção à lei do amor.

E diante disso, precisamos olhar para nós mesmos. É fácil julgar as figuras públicas, mas será que, em nossa vida diária, temos escolhido a lógica da fraternidade ou a do acúmulo egoísta? Será que compreendemos que impostos, ainda que mal geridos, são instrumentos de redistribuição? Será que nossa indignação é realmente com a injustiça, ou apenas com aquilo que nos incomoda pessoalmente?

O relatório da Oxfam revela que, desde 2015, o 1% mais rico do planeta acumulou tanta riqueza que seria suficiente para erradicar a pobreza mundial pelos próximos 22 anos. Isso não é apenas uma estatística. É um grito da consciência planetária. É um espelho que reflete o abismo moral que ainda separa o discurso da prática em nossa civilização.

Se pudéssemos perguntar aos Espíritos Superiores qual modelo de liderança está mais próximo da lei de justiça, amor e caridade, a resposta seria clara: aquele que promove o bem coletivo, que protege os frágeis, que olha para o futuro da Terra com responsabilidade. Aquele que, mesmo entre erros, opta pela solidariedade. Por isso, sem fanatismo e sem paixões partidárias, reconheçamos que, entre as duas posturas aqui analisadas, a de Lula se mostra mais próxima do Evangelho do Cristo do que a de Trump, cujas ações refletem o endurecimento da alma diante da dor do outro.

O Espiritismo não nos convida a ignorar a política, mas a transcendê-la, enxergando nela um instrumento de evolução coletiva. Que nossas escolhas estejam sempre fundadas na ética do Cristo e nos valores da imortalidade, não para idolatrar homens, mas para promover o bem. Que saibamos, nas pequenas e grandes decisões, optar sempre por aquilo que mais se aproxima do amor ao próximo, da justiça para todos e da paz entre os povos. E na hora de escolher nossos governantes, façamos como Chico: “escolhamos sempre o menos pior.”


Regih Silva

 

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