25 de dezembro de 2012

Crônica do Natal

 

Desde a ascensão de Herodes, o Grande, que se fizera rei com o apoio dos romanos, não se falava na Palestina senão no Salvador que viria enfim...


Mais forte que Moisés, mais sábio que Salomão, mais suave que David, chegaria em suntuoso carro de triunfo para estender sobre a Terra as leis do Povo Escolhido.

Por isso, judeus prestigiosos, descendentes das doze tribos, preparavam-lhe oferendas em várias nações do mundo.

Velhas profecias eram lidas e comentadas, na Fenícia e na Síria, na Etiópia e no Egito.

Dos confins do Mar Morto às terras de Abilena, tumultuavam notícias da suspirada reforma...

E mãos hábeis preparavam com devotamento e carinho o advento do Redentor.

Castiçais de ouro e prata eram burilados em Cesaréia, tapetes primorosos eram tecidos em Damasco, vasos finos eram importados de Roma, perfumes raros eram trazidos de remotos rincões da Pérsia... Negociantes habituados à cobiça cediam verdadeiras fortunas ao Templo de Jerusalém, após ouvirem as predições dos sacerdotes, e filhos tostados do deserto vinham de longe trazer ao santuário da raça a contribuição espontânea com que desejavam formar nas homenagens ao Celeste Renovador.

Tudo era febre de expectação e ansiedade.

Palácios eram reconstruídos, pomares e vinhas surgiam cuidadosamente podados, touros e carneiros, cabras e pombos eram tratados com esmero para o regozijo esperado.

Entretanto, o Emissário Divino desce ao mundo na sombra espessa da noite.

Das torres e dos montes, hebreus inteligentes recolhem a grata notícia... Uma estrela estranha rutila no firmamento.

O Enviado, porém, elege pequena manjedoura para seu berço de luz.

Milícias angelicais rejubilam-se em pleno céu...

Mas nem príncipes, nem doutores, nem sábios e nem poderosos da Terra lhe assistem a consagração comovente e sublime.

São pastores humildes que se aproximam, estendendo-lhe os braços.

Camponeses amigos trazem-lhe peles surradas.

Mulheres pobres entregam-lhe gotas de leite alvo.

E porque as vozes do Céu se fazem ouvir, cristalinas e jubilosas, cantam eles também...

- "Glória a Deus nas alturas, paz na Terra, boa vontade para com os Homens!..."

Ali, na estrebaria singela, estão Ele e o povo...

E o povo com Ele inicia uma nova era...



É por isso que o Natal é a festa da bondade vitoriosa.

Lembrando o Rei Divino que desceu da Glória à Manjedoura, reparte com teu irmão tua alegria e tua esperança, teu pão e tua veste.

Recorda que Ele, em sua divina magnificência, elegeu por primeiros amigos e benfeitores aqueles que do mundo nada possuíam para dar, além da pobreza ignorada e singela.

Não importa sejas, por enquanto, terno e generoso para com o próximo somente um dia...

Pouco a pouco, aprenderás que o espírito do Natal deve reinar conosco em todas as horas de nossa vida.

Então, serás o irmão abnegado e fiel de todos, porque, em cada manhã, ouvirás uma voz do Céu a sussurrar-te, sutil:

- Jesus nasceu! Jesus nasceu!...

E o Mestre do Amor terá realmente nascido em teu coração para viver contigo eternamente.

Pelo Espírito Irmão X

15 de dezembro de 2012

Viveremos Sempre

Filho, não humilhes os ignorantes e os fracos.

Todos somos viajores da vida eterna.


Do berço ao túmulo atravessamos apenas um ato do imenso drama de nossa evolução para Deus.


Por vezes, o senhor veste o traje pobre do operário humilde para conhecer-lhe as duras necessidades, e o operário humilde veste o suntuoso traje do senhor para conhecer-lhe as duras obrigações na tarefa administrativa.


Quando um homem menospreza as oportunidades de tempo e dinheiro que o Céu lhe confia, volta ao mundo em outro corpo, experimentando a escassez de tudo.


Não escarneças do aleijado. Tua boca poderá cobrir-se de cicatrizes.


Não recolhas os bens que te não pertencem. Teus braços são suscetíveis de caírem paralíticos, sem que possas acariciar o que é teu, provisoriamente.


Não caminhes ao encontro do mal, porque o mal dispõe de recursos para surpreender-te, talvez com a perturbação e com a morte.


Ajuda e passa adiante, expandindo um coração compassivo para com todas as dores e cheio de amor e perdão para todas as ofensas.


Quando não puderes louvar, cala-te e espera, porque a língua viciada na definição dos defeitos alheios regressa ao mundo em plena mudez.


Quem chega através de um berço risonho, na maioria dos casos é alguém que torna ao campo da carne, a fim de restaurar-se e aprender.


Assim como a flor se destina ao fruto que alimenta, o teu conhecimento deve produzir a bondade que constrói e santifica.


Lembra-te de que longo é o caminho e que necessitaremos trocar de corpo, na direção da vitória final, tantas vezes quantas forem precisas, até que a indispensabilidade da vestimenta física se desvaneça com as encarnações sucessivas...


Colheremos da sementeira que fizermos.


Não desprezes, assim, os menos felizes.


O malfeitor e o vagabundo que se deixaram escravizar pelos demônios da preguiça são igualmente nossos irmãos. 

Ajudemo-los, através de todos os meios ao nosso alcance.


Nem sempre o verdadeiro infortunado éaquele que se debate num leito de sofrimento. Não olvides o infeliz bem trajado que cruza as avenidas da ignorância, sem paz e sem luz.


Filho meu, voltaremos ainda à Terra, provàvelmente, muitas vezes...


O serviço de redenção assim o exige.


Ama a todos.


Auxilia indistintamente.


Semeia o bem, à margem de todas as estradas.


Recorreremos ao amparo de muitos. É da Lei do Senhor que não avancemos sem os braços fraternos uns dos outros.


Prepara, desde agora, a colaboração de que necessitarás, a fim de prosseguirmos, em paz, montanha acima! Sê irmão de todos, para que te sintas, desde hoje, no centro da grande família humana, e o Senhor Supremo te abençoará.

Neio Lúcio.

11 de dezembro de 2012

Salve, Maria!


 
Mãe gloriosa de toda Humanidade.

Título conquistado com o esmeril da dor, da renúncia e da abnegação.

Título que nos estimula nos caminhos do mundo, para que sigamos os passos de teu divino Filho, em busca da Luz Maior.

"Fazei tudo o que ele vos disser", assim falaste. E, numa estupenda oportunidade, a água transformou-se em vinho!

Hoje, Mãe e Senhora, ainda ouvimos tua voz a nos dizer: "Fazei tudo o que ele vos disser." E o mal se transformará em bem, a noite em dia esplêndido, a treva em luz. Fazei tudo o que ele vos disser. Aprendei com ele, seguindo-lhe as instruções com atenção, e tereis conseguido o prêmio retumbante da vida imortal, na felicidade imorredoura!

Senhora nossa! Sabemos que estrelas divinas de compaixão brilham no mundo dos homens. Que o catre mais humilde recebe tua visita de luz e teu coração maternal se debruça sobre o mundo torturado, providenciando alívio, paz, harmonia, para todo sofrimento.

Saudando-te, ó Máter Dolorosa, suplicamos-te a bênção radiosa de teu amor para os corações maternos que lutam pelo aprimoramento dos filhos que os céus lhe enviam.

Abençoa, Mãe Santíssima, os caminhos maternos!

Que tua energia, força e coragem sejam com todas as mães, porquanto, no altar sublime da maternidade, o mundo se renova, cresce e se abrilhanta.

Sol Divino, estrela das manhãs coroadas de esplendor, estende tuas mãos e santifica e conforta aquelas que choram no vale da amargura, da prova cruciante.

Alenta, Senhora, aquelas que desertaram dos deveres sagrados da maternidade, para que se voltem para a Verdade Eterna.

Sustém em teus braços as criancinhas desvalidas, sem o calor materno, para que cresçam e progridam sempre.

Sobretudo, Senhora, abençoa as mãos infatigáveis que alentam os filhos de outras mães, inundando a casa terrestre de esperança e fé.

Senhora de Luz, doce Virgem, a prece do último de teus servos, invocando as bênçãos sublimes para toda a Humanidade, envolve, por certo, o louvor dos nossos corações ao teu coração excelso, estrela divina no esplendor dos céus.

Graças te rendemos, ó querida Rainha, graças pelo teu amor que nos acalenta nas noites dos milênios, conduzindo-nos ao Reino de teu amado Filho.

Bezerra de Menezes

Pagina recebida pela médium Maria Cecília Paiva, na reunião pública de 7-5-1974, na Federação Espírita Brasileira, no Rio de Janeiro-RJ.

5 de dezembro de 2012

Treino Para a Morte

 

Preocupado com a sobrevivência além túmulo, você pergunta, espantado, como deveria ser levado a efeito o treinamento de um homem para as surpresas da morte.

A indagação é curiosa e, realmente, dá o que pensar. 
Creia, contudo, que, por enquanto, não é muito fácil preparar, tecnicamente, um companheiro à frente da peregrinação infalível.

Os turistas que procedem da Ásia ou da Europa habilitam futuros viajantes com eficiência, por lhes não faltarem os termos analógicos necessários. Mas, nós, desencarnados, esbarramos com obstáculos quase intransponíveis.

A rigor, a Religião deve orientar as realizações do espírito, assim como a Ciência dirige todos os assuntos pertinentes à vida material. Entretanto, a Religião até certo ponto, permanece jungida ao superficialismo do sacerdócio, sem tocar a profundez da alma.

Importa considerar, também, que a sua consulta, ao invés de ser encaminhada a grandes teólogos da Terra, hoje domiciliados na Espiritualidade, foi endereçado justamente a mim, pobre noticiarista sem méritos para tratar de semelhante inquirição.

Pode acreditar que não obstante achar-me aqui de novo, há quase vinte anos de contato, sinto-me ainda no assombro de um xavante, repentinamente trazido da selva matogrossense para alguma de nossas Universidades, com a obrigação de filiar-se, de inopino, aos mais elevados estudos e às mais complicadas disciplinas.

Em razão disso, não posso reportar-me senão ao meu próprio ponto de vista, com as deficiências do selvagem surpreendido junto à coroa da Civilização.

Preliminarmente, admito deva referir-me aos nossos antigos maus hábitos. A cristalização deles, aqui, é uma praga tiranizante.
 

Comece a renovação de seus costumes pelo prato de cada dia. Diminua gradativamente a volúpia de comer a carne dos animais. O cemitério na barriga é um tormento, depois da grande transição. O lombo de porco ou o bife de vitela, temperados com sal e pimenta, não nos situam muito longe dos nossos antepassados, os tamoios e os caiapós, que se devoraram uns aos outros.  
Os excitantes largamente ingeridos constituem outra perigosa obsessão. Tenho visto muitas almas de origem aparentemente primorosa, dispostas a trocar o próprio Céu pelo uísque aristocrático ou pela nossa cachaça brasileira.
 

Tanto quanto lhe seja possível, evite os abusos do fumo. Infunde pena a angústia dos desencarnados amantes da nicotina.
 

Não se renda à tentação dos narcóticos. Por mais aflitivas pareçam as crises do estágio no corpo, agüente firme os golpes da luta. As vítimas da cocaína, da morfina e dos barbitúricos demoram-se largo tempo na cela escura da sede e da inércia.
 

E o sexo? Guarde muito cuidado na preservação do seu equilíbrio emotivo. Temos aqui muita gente boa carregando consigo o inferno rotulado de "amor".
 

Se você possui algum dinheiro ou detém alguma posse terrestre, não adie doações, caso esteja realmente inclinado a fazê-las. Grandes homens, que admirávamos no mundo pela habilidade e poder com que concretizavam importantes negócios, aparecem, junto de nós, em muitas ocasiões, à maneira de crianças desesperadas por não mais conseguirem manobrar os talões de cheque.

Em família, observe cautela com testamentos. As doenças fulminatórias chegam de assalto, e, se a sua papelada não estiver em ordem, você padecerá muitas humilhações, através de tribunais e cartórios. Sobretudo, não se apegue demasiado aos laços consangüíneos. Ame sua esposa, seus filhos e seus parentes com moderação, na certeza de que, um dia, você estará ausente deles e que, por isso mesmo, agirão quase sempre em desacordo com sua vontade, embora lhe respeitem a memória. Não se esqueça de que, no estado presente da educação terrestre, se alguns afeiçoados lhe registrarem a presença extraterrena depois dos funerais, na certa intimá-lo-ão a descer aos infernos, receando-lhe a volta inoportuna.

Se você possui o tesouro de uma fé religiosa, viva de acordo com os preceitos que abraça. É horrível a responsabilidade moral de quem já conhece o caminho, sem equilibrar-se dentro dele.

Faça o bem que puder, sem a preocupação de satisfazer a todos. Convença-se de que se você não experimenta simpatia por determinadas criaturas, há muita gente que suporta você com muito esforço. Por esta razão, em qualquer circunstância, conserve o seu nobre sorriso.
 

Trabalhe sempre, trabalhe sem cessar. O serviço é o melhor dissolvente de nossas mágoas.

Ajude-se, através do leal cumprimento de seus deveres.
 

Quanto ao mais, não se canse nem indague em excesso, porque, com mais tempo ou menos tempo, a morte lhe oferecerá o seu cartão de visita, impondo-lhe ao conhecimento tudo aquilo que, por agora, não lhe posso dizer.
 

Do livro "Cartas e Crônicas" - Irmão X

4 de dezembro de 2012

Elefantes Brancos


Em várias passagens Jesus reporta-se ao Reino dos Céus, ou o Reino de Deus, ou, simplesmente, O Reino.
São expressões equivalentes.
A teologia medieval concebeu que Jesus veio instalá-lo, o que sugere que a Terra não estava sob a regência divina.
Permanecia acéfala?
Um tanto estranho, amigo leitor, se considerarmos que Deus é o Criador, o Senhor supremo, presença imanente, cujas leis têm vigência em todos os quadrantes do Universo.
Não encontraremos uma só galáxia, um só sistema solar, um só planeta, um só recanto, por mais remoto, onde o Todo-Poderoso esteja ausente.
Ele é a consciência cósmica do Universo. Permanece em tudo e em todos. Estamos mergulhados nas bênçãos divinas, como peixes no oceano.

Se nascemos no Brasil, se aqui vivemos, legalmente somos cidadãos brasileiros.
Mas, sob o ponto de vista moral, essa cidadania só será legitimada pelo empenho em cumprir as leis do país, o que implica na observância de nossos deveres perante a comunidade, zelando por seu equilíbrio e bem-estar.
Algo semelhante acontece com o Reino.
Se há um Reino Universal regido por Deus, somos todos seus súditos.
Não obstante, isso pouco significa, se não nos preocupamos em cumprir o que o Eterno espera de nós.
Por isso Jesus diz (Lucas, 17:20-21):

O Reino de Deus não vem com aparência visível. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Porque o reino de Deus está dentro de vós.
O problema, então, não é entrar no Reino. Vivemos nele.
O problema é o Reino entrar em nós.

Em várias parábolas Jesus nos diz como alcançar essa realização.
No tempo antigo não havia Bancos para depositar bens amoedados; então, as pessoas os escondiam em terrenos isolados, de sua propriedade.
Não raro, esses tesouros se perdiam pelo falecimento do proprietário. Quem os encontrasse podia entrar na posse deles, desde que comprasse as respectivas glebas.
Havia pessoas que se especializavam nessa lucrativa atividade, caçadores de tesouros, que ainda hoje povoam o imaginário popular.
Jesus usa essa imagem para nos contar sugestiva e breve parábola.

O Reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido num campo.
Um homem o encontra e esconde-o novamente.
Feliz, vende tudo o que tem e compra aquele campo.

O Reino seria aquele estado de paz, de tranqüilidade e alegria, no pleno cumprimento das leis divinas, habilitando-nos a desfrutar as bênçãos de Deus.
No simbolismo evangélico, situa-se como um tesouro oculto em recôndita região de nossa consciência, no solo de nossas cogitações existenciais.
Custa caro. Para sua aquisição, que equivale à posse de nós mesmos, imperioso nos desfaçamos de inúmeros bens, entre aspas, porquanto mais atrapalham do que ajudam.
São elefantes brancos.


No antigo reino de Sião, atual Tailândia, o raro elefante branco era animal sagrado.
Quando o rei queria punir alguém, oferecia-lhe um. O súdito sentia-se honrado, mas logo percebia tratar-se de um “presente de grego”.
Deveria dispensar sofisticados cuidados com o animal. Alimentá-lo com iguarias caras, colocar-lhe enfeites, ter empregados para cuidar dele…
Acabava arruinado.
Algo semelhante ocorre em nossa vida.
Há elefantes brancos em nosso caminho.
Temos satisfação com eles, em princípio, mas logo percebemos que nos causam prejuízos imensos.
Alguns deles:


• Ambição
 

Riqueza, poder, destaque social, prestígio, constituem o anseio de muitos.
O ambicioso só tem olhos para aquelas realizações.
Toma gosto pelos bens materiais que, sendo apenas parte da vida, convertem-se para ele em finalidade dela.
Deixa de ser dono de seu dinheiro.
Situa-se escravo dele.
Rico materialmente, mendigo de paz.
Parafraseando Jesus, podemos dizer que é mais fácil esse elefante branco passar pelo fundo de uma agulha do que seu proprietário entrar no Reino.


• Vício
 

Em princípio, oferece o Céu.
O fumo tranqüiliza.
O álcool desinibe.
As drogas produzem euforia.
Mas é céu artificial, precário, que nos leva, invariavelmente, ao inferno da dependência.
Enquanto o usuário está sob seu efeito é ótimo.
Logo, porém, o corpo cobra novas doses, submetendo-o a angústias e tensões terríveis.
Assim, oscila entre o céu e o inferno.
Cada vez menos céu; cada vez mais inferno, à medida que se amplia a dependência. E nele se instala de vez, quando retorna ao plano espiritual, antes do tempo, expulso do próprio corpo que destruiu.
Em terrível destrambelho, sofre horrivelmente, em longos e dolorosos estágios em regiões lúgubres e trevosas, habitadas por companheiros de infortúnio.
Ao reencarnar, os desajustes provocados em seu corpo espiritual se refletirão na nova estrutura física, dando origem a males variados, dolorosos, angustiantes, mas necessários.
Funcionam como válvulas de escoamento das impurezas de que se impregnou, ao mesmo tempo em que o ajudam a superar entranhados condicionamentos, que fatalmente o induziriam a retomar o vício.
Se o viciado tivesse a mínima noção do futuro dantesco que o espera, ficaria horrorizado.
Haveria de lutar com todas as forças de sua alma para livrar-se desse comprometedor elefante branco.


• Sexo.
 

Dádiva divina, é por intermédio dele que entramos na vida terrestre, além de favorecer gratificante momento de intimidade entre o homem e a mulher.
Entretanto, vivemos tempos perigosos, de liberdade sexual confundida com libertinagem. O sexo deixou de ser parte do amor para transformar-se no amor por inteiro.
Casais que mal se conhecem falam em “fazer amor”, pretendendo uma comunhão sexual sem compromisso, em lamentável promiscuidade.
É um tremendo elefante branco!
Oferece euforia em princípio, mas cobra muita inquietação depois, e perene insatisfação.
Com a troca constante de parceiros e a busca desenfreada de prazer, o indivíduo cai no desvairo sexual, envolvendo-se em comprometedoras perversões.


• Paixão

 

Fixado em alguém, empolgado pela comunhão carnal, o apaixonado estende as raízes de sua estabilidade física e psíquica no objeto de seus desejos e passa a viver em função dele.
Se a relação não dá certo e vem o rompimento, é uma tragédia. Suicídios, crimes passionais, loucuras variadas, são mera decorrência.
Quando o amor deixa de ser um ato de doação, rebaixado ao mero desejo de posse, em que pretendemos que o ser amado submeta-se aos nossos caprichos, transforma-se em voraz elefante branco que nos exaure e desajusta.


Não nos tornaremos santos do dia para a noite, campeões do Evangelho, apóstolos do Bem, mesmo porque a Natureza não dá saltos.
Consideremos, porém, em nosso próprio benefício, que é preciso avaliar se não estamos sustentando insaciáveis elefantes brancos, que nos empobrecem.
Com eles fica impossível o cultivo de aspirações superiores, no solo sagrado do coração, para a conquista do almejado tesouro divino.


Livro Histórias que Trazem Felicidade
Por: Richard Simonetti

3 de dezembro de 2012

FELIZES E INFELIZES




O conceito espírita da felicidade nem sempre enxerga os felizes onde o mundo os coloca.

Há pessoas que requisitam conforto demasiado, na preocupação de serem felizes, e acabam infelizes, estiradas no tédio.

Criaturas aparecem, pleiteando destaque e, em se crendo ditosas por obtê-lo, confessam-se infortunadas depois, quando  se reconhecem inabilitadas para os encargos que receberam.

Há felizes nas mesas lautas, comprando enfermidades com os  excessos a que se afeiçoam e infelizes, na carência material, entesourando valores imperecíveis, no proveito das lições que o mundo lhes reservou.

Em toda parte, surpreendemos os felizes de saúde, que abusam da robustez, caindo na desencarnação prematura, e os infelizes de doença, que senhoreiam longa vida pelo respeito que dedicam ao corpo.

Em todos os lugares, os contrastes aparentemente chocantes...  Situações risonhas, muitas vezes, geram suplícios porvindouros,  por não saber quem as possui empregar criteriosamente a felicidade que lhes foi emprestada. Aqui e além, surgem, sem conta, os felizes-infelizes nos enganos a que se arrojam e os  infelizes-felizes, nas provações em que se elevam.

Sócrates, considerado infeliz, é o pai da filosofia.

Anytos, imaginado feliz, ainda hoje, no conceito do mundo, é o carrasco.

Jesus, suposto infeliz, é o renovador do mundo.

Barrabás, julgado feliz, até agora, na memória dos homens, é o malfeitor.

***

Apliquemos o entendimento espírita aos acontecimentos cotidianos e verificaremos que os felizes e os infelizes não estão  qualificados pela abastança ou pela indigência que entremostrem nos quadros exteriores.  São e serão sempre aqueles que, em qualquer circunstância, edificam a felicidade para os outros, de vez que as leis da vida determinam  seja a criatura medida pelas outras criaturas, especificando  que a felicidade ou a infelicidade articuladas por alguém, nos caminhos alheios, se voltem, matematicamente, para quem os formou.

Emmanuel