18 de julho de 2015

As similaridades entre 'O Livros dos Espíritos' e o 'Parnaso de Além-Túmulo' :



O estudante de letra (na época) Alexandre Caroli Rocha (Universidade Estadual de Campinas), defendeu em 2001 a tese de mestrado: A poesia transcendente de Parnaso de além-túmulo, encontrou similaridades, entre O Livro dos Espíritos codificação de Allan Kardec com o primeiro livro de psicografia de Chico Xavier, Parnaso de Além -Tumulo:

[...] Já mencionei que os conteúdos do núcleo temático de Parnaso não são novos, pois versam sobre assuntos presentes na literatura espírita anterior. Qual seria, a esse respeito, a mais importante matriz da antologia? Ao testar algumas possibilidades, foi o Livro dos espíritos (1857), de Allan Kardec, que se mostrou a fonte com mais pontos em comum com 46 o núcleo temático da antologia. Senão vejamos. Abaixo, a transcrição dos títulos das quatro partes e dos capítulos do livro de Kardec vem seguida por alguns poemas da antologia cujos temas se aproximam dos respectivos assuntos tratados pelo Livro dos espíritos. Depois de cada título de Parnaso, estarão indicados entre parêntesis o nome do poeta a quem o poema foi atribuído e a edição em que o poema começou a figurar no livro de Chico Xavier:


Parte primeira – Das causas primárias



Capítulo I – De Deus: “Deus” (Antero de Quental, 2a ed.); “Incognoscível” (idem, 2a ed.).

Capítulo II - Dos elementos gerais do Universo: “Matéria cósmica” (Augusto dos Anjos, 2a ed.); “Espírito” (idem, 2a ed.).

Capítulo III - Da Criação: “Raça adâmica” (Augusto dos Anjos, 2a ed.); “Além” (João de Deus, 4a ed.). 

Capítulo IV - Do princípio vital: “Alma” (Augusto dos Anjos, 1a ed.); “Vida e Morte” (idem, 2a ed.).




Parte segunda – Do mundo espírita ou mundo dos espíritos



Capítulo I – Dos Espíritos: “Soneto” (Cruz e Sousa, 2a ed.); “Jesus” (Marta, 2a ed.).

Capítulo II – Da encarnação dos Espíritos: “Ao mundo” (António Nobre, 2a ed.); “A um observador materialista” (Augusto dos Anjos, 4a ed.).

Capítulo III – Da volta do Espírito, extinta a vida corpórea, à vida espiritual: “Soneto” (José Duro, 2a ed.); “Adeus” (Auta de Souza, 2a ed.); “No estranho portal” (Luiz Pistarini, 6a ed.); “Voltando” (Luiz Guimarães Júnior, 2a ed.).

Capítulo IV – Da pluralidade das existências e Capítulo V – Considerações sobre a pluralidade das existências: “Soneto” III (Batista Cepelos, 2a ed.); “Noutras eras” (Cruz e Sousa, 2a ed.); “Imortalidade” (Fagundes Varela, 2a ed.); “No Templo da Morte” (Marta, 2a ed.).

Capítulo VI – Da vida espírita: “Almas” (Auta de Souza, 2a ed.); “Almas de virgens” (idem, 2a ed.); “Não choreis” (Antero de Quental, 2a ed.).

Capítulo VII – Da volta do Espírito à vida corporal: “O mau discípulo” (João de Deus, 1a ed.); “Na Terra” (Raul de Leoni, 3a ed.). 47

Capítulo VIII – Da emancipação da alma: “Alma livre” (Cruz e Sousa, 2a ed.); “Quanta vez” (idem, 2a ed.). 

Capítulo IX – Da intervenção dos Espíritos no mundo corporal: “Mão divina” (Antero de Quental, 2a ed.); “Almas sofredoras” (idem, 2a ed.); “Aos espíritos consoladores” (Cármen Cinira, 2a ed.); “Anjos da Paz” (Cruz e Sousa, 2a ed.); “Vozes”, (idem, 2a ed.).

Capítulo X – Das ocupações e missões dos Espíritos: “Parnaso de além-túmulo” (João de Deus, 1a ed.); “Luta” (Raul de Leoni, 3a ed.).

Capítulo XI – Dos três reinos: “Vozes de uma sombra” (Augusto dos Anjos, 1a ed.); “Poesia” (Júlio Diniz, 1a ed.).



Parte terceira – Das leis morais 



Capítulo I – Da lei divina ou natural: “Ao homem” (Augusto dos Anjos, 2a ed.); “Na estrada de Damasco” (João de Deus, 1a ed.).

Capítulo II – Da lei de adoração: “A Prece” (João de Deus, 4a ed.); “Ao pé do altar” (Marta, 2a ed.).

Capítulo III – Da lei do trabalho: “Soneto”, (Hermes Fontes, 2a ed.); “Honra ao trabalho” (Múcio Teixeira, 6a ed.).

Capítulo IV – Da lei de reprodução: “A Lei” (Augusto dos Anjos, 4a ed.); “Nunca te isoles” (Marta, 2a ed.).

Capítulo V – Da lei de conservação: “Carta íntima” (Auta de Souza, 4a ed.); “O nobre castelão” (Um desconhecido, 1a ed.).

Capítulo VI – Da lei de destruição: “Nas sombras” (Augusto dos Anjos, 4a ed.); “Atualidade” (idem, 6a ed.); “Soneto” (João de Deus, 4a ed.).

Capítulo VII – Da lei de sociedade: “Consolai” (Antero de Quental, 2a ed.); “Mensageiro” (Cruz e Sousa, 2a ed.); “Aos meus amigos da Terra” (Emílio de Menezes, 2a ed.).

Capítulo VIII – Da lei do progresso: “Marchemos!” (Castro Alves, 1a ed.); “A Morte” (idem, 2a ed.); “Nós...” (Raul de Leoni, 3a ed.).

Capítulo IX – Da lei de igualdade: “Pobres” (Juvenal Galeno, 2a ed.); “De cá” (idem, 2a ed.). 48

Capítulo X – Da lei de liberdade: “Versos” (Casimiro Cunha, 1a ed.); “Nova Abolição” (José do Patrocínio, 6a ed.).

Capítulo XI – Da lei de justiça, de amor e de caridade: “Supremacia da Caridade” (Casimiro Cunha, 1a ed.); “Caridade” (Cruz e Sousa, 2a ed.); “A crucificação” (Olavo Bilac, 2a ed.); “Soneto” II (Raimundo Correia, 2a ed.). 

Capítulo XII – Da perfeição moral: “O irmão” (Alma Eros, 4a ed.); “Estranho concerto” (Antero de Quental, 6a ed.); “Renúncia” (Cruz e Sousa, 2a ed.); “Bondade” (João de Deus, 2a ed.); “A Fortuna” (idem, 2a ed.).

Parte quarta – Das esperanças e consolações 

Capítulo I – Das penas e gozos terrestres: “À Morte” (Antero de Quental, 1a ed.); “Minha luz” (Cármen Cinira, 2a ed.); “Lamentos do órfão” (João de Deus, 2a ed.); “Angústia materna” (idem, 2a ed.); “O leproso” (idem, 2a ed.). 

Capítulo II – Das penas e gozos futuros: “Heróis” (Cruz e Sousa, 1a ed.); “Oração aos libertos” (idem, 2a ed.); “Céu” (idem, 2a ed.); “Beleza da morte” (idem, 2a ed.); “Soneto” (Luiz Guimarães Júnior, 2a ed.).

A partir de tão significativas afinidades de conteúdos entre Parnaso e O livro dos espíritos, uma hipótese que pode ser defendida é de que o direcionamento programático dado à antologia foi o de recobrir, em versos, os pontos mais significativos da codificação espírita, principalmente, como foi visto, os do primeiro livro de Kardec.[...]



Data de Defesa: 16-10-2001
Código: vtls000236698
Informações adicionais:
Idioma: Português
Data de Publicação: 2001 
Local de Publicação: Campinas, SP 
Co-Autor: Osakabe, Haquira 
Orientador: Haquira Osakabe 
Instituição: Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Estudos da Linguagem
Nível: Dissertação (mestrado)
UNICAMP: Programa de Pós-Graduação em Teoria e História Literária


12 de julho de 2015

JESUS POR CHICO XAVIER E HERCULANO PIRES:



Do que posso pessoalmente compreender, dos ensinamentos dos Espíritos Amigos, consideramos Jesus Cristo como sendo Espírito de evolução suprema, em confronto com a evolução dos chamados terrícolas que somos nós outros. Não o senhor do sistema solar, com todo o respeito que temos à personalidade sublime de Jesus, mas consideramo-lo como supremo orientador da evolução moral do Planeta. E os Espíritos como Buda, como Zoroastro, como aqueles outros grandes instrutores da índia e da Grécia, por exemplo, que eram considerados orientadores ou chefes de grandes movimentos mitológicos, serão ministros do Cristo, pois não temos ainda outra definição para classificá-los, dentro nossos parcos conhecimentos a respeito da nossa História no lado espiritual da vida.  Vemos que Jesus convidou doze discípulos, Eram discípulos humanos tanto quanto nós, para que não fôssemos instruídos por anjos, pois senão nada entendei da Doutrina do Cristo. Teríamos de entender a discípulos também humanos, frágeis portadores de deficiências como as nossas, embora respeitemos, nos doze, personalidades eminentemente elevadas em nossa posição atual na Terra. Mas, do plano espiritual Ministros do Senhor cooperaram, cooperam e cooperarão sempre para que a nossa personalidade se consolide cada vez mais no plano físico.  Nós estamos, vamos dizer, no limiar da era do espírito, mas estamos ainda sacudidos por grandes calamidades psicológicas, como a Terra no seu início, como habitação sólida, esteve movimentada por grandes convulsões.  

Psicologicamente estamos sacudidos por esses movimentos que dificultam a nossa compreensão. Mas os Ministros do Senhor estão cooperando para que alcancemos a segurança, com a estabilidade precisa, para que o Planeta seja realmente promovido a mundo de paz e felicidade para todos os seus habitantes. (Não sei se expliquei bem).  

O Criador, a nosso ver, conforme ensinam Espíritos Amigos que nos visitam — é o Criador. Não podemos ainda ter outra definição de Deus mais alta do que aquela de Jesus Cristo quando o chamou de Pai Nosso. Além disso, a nossa mente vagueia como se estivéssemos em águas demasiadamente profundas, sem recursos para tatear a terra sólida. Pai Nosso, Deus Criador do Universo. Então, a força que Deus representa ter-se-ia manifestado em Jesus Cristo para que ele, como um grande engenheiro, de mente quase divina, pudesse realizar prodígios sob a inspiração de Deus na plasmagem, na estruturação do mundo maravilhoso que habitamos. 

Mas não consideramos Jesus como criador, conquanto o respeito que lhe devemos. Acho formidável o que o Prof. Herculano Pires disse. Quer dizer que Jesus seria o demiurgo da Terra. E o demiurgo do sistema solar será, então, um demiurgo da mais alta potência construtora. A esse respeito peço licença para dizer que certa feita, indagando de Emmanuel qual a posição de Jesus no sistema solar, ele me respondeu que ficasse, a respeito de Deus, com a expressão do Pai Nosso dita por Jesus e não perguntasse muito, porque eu não tinha mente capaz de entrar no domínio desses conhecimentos com a segurança precisa. 

Eu insisti e ele então desdobrou um painel à minha vista, num fenômeno mediúnico. Apareceu então a Terra na Comunidade dos Mundos do nosso sistema evolutivo em torno do Sol. O nosso Sol, depois, em outra face do painel, evoluindo para a constelação que se não me engano, é chamada de Andrômeda. Depois, essa constelação, arrastando o nosso sistema e outros, evoluía em direção a outra constelação que já não tinha nome na minha cabeça. Essa outra constelação avançava para outra muito maior dentro da nossa galáxia. Depois, apareceu a nossa galáxia, imensa, como se uma lente de alta potencialidade estivesse entre os meus olhos e o painel. E a nossa galáxia evoluía com outras galáxias em torno de uma nebulosa enorme e que Emmanuel me disse que passava a evoluir, em torno de outras nebulosas. 

Então, a minha cabeça ficou cansada e eu pedi para voltar, como se tivesse saído de um foguete da Terra e me perdesse pelo espaço a fora e sentisse uma vontade louca de voltar a ser gente e ficar outra vez no meu lugar. 

Porque tudo está dentro da Ordem Divina. Cada mundo, cada sistema, cada galáxia, orientados por Inteligências Divinas, e Deus para lá disso tudo, sem que possamos fazer-lhe uma definição. 

Senti uma vontade enorme de voltar para a minha cama e tomar café quente!

 Chico Xavier



A explicação de Chico Xavier vale por uma definição da posição espírita ante o problema do Cristo. 

O chamado “Dogma de Cristo” é uma criação da teologia cristã, mas não dos Evangelhos, onde a posição de Jesus é bem clara, considerando-se ele mesmo como filho de Deus e nosso irmão, pois também se chamava a si próprio de filho do homem. O Natal de Jesus, portanto, não é o Natal de Deus. A visão mediúnica do Cosmos, descrita por Chico Xavier, dá-nos a ideia grandiosa do Criador através da sua obra. 


A posição espírita no assunto é considerada herética pelas religiões cristãs que chegam mesmo a negar ao Espiritismo a sua natureza cristã.. Com mais razão, com mais lógica, os espiritistas consideram herética a doutrina que faz de Jesus a encarnação de Deus. Mas nem por isso os espiritistas deixam de participar das comemorações do Natal que consideram como o dia da fraternidade humana por excelência, traduzida em caridade efetiva na assistência aos necessitados. 


Assim, o princípio do amor supera as divergências teológicas, unindo todos os cristãos na adoração espiritual do Cristo e no cumprimento da sua lei única: a de amarmos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. 


O fundamento do Universo é uma lei única: a lei do amor. Dela derivam todas as leis conhecidas e desconhecidas. Deus é amor, definiu João no seu Evangelho. E Jesus resumiu toda a Lei e os Profetas na lei áurea do amor. É o poder do amor que faz as galáxias girarem no infinito e as constelações atômicas girarem no infinito.


Irmão Saulo ( Pseudônimo de Herculano Pires)


Do livro “Na Era do Espírito”. Psicografia de Francisco C. Xavier e Herculano Pires.