8 de dezembro de 2017

Plágios do médium Divaldo Pereira Franco: Verdade ou Coincidência? Tirem suas conclusões:


https://www.youtube.com/watch?v=_K5vxiK254c
Repercutiu fundo no movimento espírita nacional a denúncia feita em 29 de fevereiro de 2004 pela TV-Globo de que Divaldo Pereira Franco plagiara mensagens psicografadas por Chico Xavier. A reportagem colocara diante dos olhos do público trechos de uma carta com oito páginas datilografadas assinada por Chico Xavier relatando o lamentável episódio. A carta endereçada ao saudoso companheiro Joaquim Alves traz a data de dez de junho de l962. Chico Xavier tinha cinquenta e dois anos de idade e era psicógrafo há mais de trinta anos. Divaldo Franco, por sua vez, era relativamente moço e gozava grande fama de notável orador que é. Apresso-me a acrescentar que não foi a carta a causa inicial do escândalo em l962. Ora, três anos antes, ou seja, em 1959, Divaldo Franco entregara à Federação Espírita Brasileira os originais de seu primeiro livro tido como mediúnico. Apesar do prefácio incentivador assinado por André Luiz, foi a obra recusada pela FEB por ter profunda semelhança com as desse Espírito psicografadas por Chico Xavier. Na carta em resposta à consulta de Joaquim Alves afirma “Vi tudo e calei-me. (…) Desde 1959, aguardo que se levante um dos companheiros representativos do movimento espírita a fim de tratar do grave problema. Ninguém apareceu.”A primeira denúncia das mensagens copiadas, inclusive, os títulos, pelo Divaldo Franco – plágio inegável, conforme afirmei na entrevista que concedi à Rede Globo de Televisão – veio a público em abril de l962 através do folheto “Para onde vamos, espíritas?”, editado pelo Movimento Universitário Espírita de São Paulo, então presidido por Nair Mortensen.Um mês depois, ou seja, em 31 de maio de l962, eis que o Grupo Espírita Emmanuel, da cidade de Garça, no interior paulista, espalhou no movimento espírita nacional trinta mil exemplares do folheto intitulado “Estudo de Mensagens Copiadas”. O grupo de Garça tinha Emmanuel por patrono espiritual e era presidido por Rolando Ramaciotti, o qual se tornaria editor de obras psicografadas por Chico Xavier. O estudo fora feito por confrades competentes. Na introdução lê-se que: “no estudo aqui apontado, não cabem quaisquer alegações sobre universalidade do ensino dos espíritos, memória inconsciente, aproximação literária, coincidência de instrução, afinidade temática e nem tampouco esse ou aquele recurso à tese do animismo, porque as cópias de ambas as mensagens a que nos referimos, quais foram feitas, somente poderiam ter sido efetuadas com os originais à frente dos olhos.”O plágio era explícito. Mestre Herculano Pires, então, com seu profundo conhecimento doutrinário e literário veio a público através de sua coluna espírita no “Diário de São Paulo” em defesa da obra e da mediunidade de Chico Xavier. Assim agiu porque, de acordo com suas próprias palavras em uma carta dirigida a Deolindo Amorim, “não sou dos que cruzam os braços diante das mistificações e dos abusos que se praticam no meio espírita”. E em outra carta cuja cópia também possuo: “Entendo que a função do jornalista espírita é servir lealmente à Doutrina, mesmo desgostando quem quer que seja ou colocando-se em má situação perante a maioria.”Divaldo Pereira Franco, porém, teve defensores, entre eles Júlio Abreu Filho e Deolindo Amorim. Júlio enviou cartas à Nair Mortensen, ao Grupo de Garça e a Herculano Pires. Mas a argumentação era frágil e o plágio indefensável. Deolindo Amorim trocou também correspondência com Herculano Pires e em sua carta de 12 de novembro de l962 fez o seguinte comentário comprometedor:“São, como já disse, dois missionários. Chico, na produção psicográfica; Divaldo, na palavra falada, levando consolo e entusiasmo a muita gente, por esse Brasil inteiro. São dois valores apreciáveis no movimento espírita em campos diferentes.”O leitor atento observou a expressão “em campos diferentes”, expressão absolutamente correta. Notemos agora que treze anos depois (mês de maio de l975) Deolindo Amorim ao comentar no jornal “Correio Fraterno do ABC” o livro “Grilhões Partidos”, de Divaldo Pereira Franco, fez a seguinte observação:“O autor, que recebeu a obra do plano espiritual, tem o seu estilo pessoal, a sua maneira própria de dizer e é natural que transmita a mensagem através de suas expressões, sua linguagem característica. Divaldo exprime-se corretamente, como se sabe, mas tem o seu feitio intelectual, que o identifica muito bem quando fala ou escreve.”Ao contrário, portanto, de Chico Xavier, cuja diversidade de estilos é impressionante, o que constitui prova da autenticidade de sua mediunidade.Quer dizer: os livros atribuídos aos espíritos através de Divaldo apresentam um só estilo, o dele. Que o conteúdo seja dos espíritos, é possível, mas nesse caso temos de admitir que as mensagens psicografadas por Chico Xavier foram copiadas e adulteradas por sugestão de espíritos galhofeiros e nos momentos em que Divaldo encontrava-se invigilante… Que espíritos das trevas envolveram-no não há como negar. Aliás, é o parecer de Chico Xavier. Leiamos este seu trecho contido na carta:“… espíritos inferiores se utilizam do nosso caro Divaldo e atacam o nosso movimento espírita pela retaguarda.”E Chico, perplexo, interroga:“Porque razão esse propósito deliberado de arrasar com as mensagens dos nossos Benfeitores Espirituais, recebidas por meu intermédio, desfigurando-as, descaracterizando-as, ferindo-as, transfigurando-as? Não posso inocentá-lo, porque isso acontece há muito tempo e ele possui bastante auto-crítica para reconhecer que as entidades que se valem dele para isso estão entrando numa atitude, francamente abusiva por desrespeitosa ao Espiritismo e à Mediunidade, a ponto de sacerdotes católicos-romanos já estarem se manifestando pela imprensa indagando se sou eu ou ele o mistificador. De mim mesmo nada valho e estou pronto a receber por bençãos quaisquer injúrias que seja assacadas contra a minha pessoa, entretanto, no assunto, é a Doutrina Espírita que está sendo desprestigiada e dilapidada.”Transcrevo, ainda, o seguinte trecho que revela, mais uma vez, a admiração que Chico Xavier tinha por Divaldo Pereira Franco. Leiamos:“Divaldo tem largo futuro à frente. Ele não precisa, absolutamente, da psicografia para sustentar a amizade e o carinho dos amigos desencarnados e encarnados. Jesus colocou-lhe um facho de luz no verbo sagrado que ele, nosso amigo e companheiro tão querido, pode santificar, cada vez mais, dele fazendo a sua bandeira de serviço à Humanidade, crescendo sempre como um dos mais altos paladinos de nossa Causa no Brasil e fora do Brasil.”Devo pôr ponto final nesta introdução à famosa carta de Chico Xavier. Não antes, porém, de acrescentar que declarei diante das câmeras da Rede Globo que era absurdo levantar a questão do plágio quarenta e dois anos depois do episódio. E acrescentei que Chico Xavier e Divaldo Franco somente se reencontraram em outubro de l977, ou seja, quinze anos depois. E psicografaram juntos… Mas nada disso os repórteres da TV-Globo colocaram no ar. Vejamos agora o texto integral da histórica carta de Chico Xavier. Ei-la com todas as vírgulas e pontos:
(CARTA A JOAQUIM ALVES – EM SÃO PAULO) 

– Uberaba, 10 de junho de 1962

Meu caro Jô, Deus nos abençoe e inspire. Tenho várias notícias e lembranças para agradecer a você, querido amigo, – as cartas, os retratos, as demonstrações de carinho por intermédio dos companheiros que chegam de São Paulo e todas as gentilezas de sua bondade constante, – o que faço ao iniciar esta carta, pedindo ao nosso Divino Mestre o recompense e abençoe, sempre e sempre. O assunto primordial desta carta, no entanto, querido Jô, é a resposta à sua missiva confidencial de 1 deste mês que apenas chegou às minhas mãos na tarde de anteontem.Refleti muito antes de escrever para você, respondendo. Orei. Pedi a inspiração dos nossos Maiores. Não era meu intento tratar do caso doloroso suscitado por nosso caro Divaldo Franco, notadamente com vocês, amigos queridos de São Paulo, aos quais me ligo por laços muito altos do coração. Sua carta, entretanto, coloca seu sentimento imensamente sincero à mostra e silenciar, de minha parte, no assunto direto que você me trouxe seria desconsiderar o meu carinho para com você.Concluí então que deveria responder ao querido Jô, abrindo igualmente toda a minh’alma.Você diz em sua ternura infinita por mim, e que reconheço não merecer, que estimaria ouvir-me, como sendo o pastor. Você sabe, querido Jô, que não me sinto nessa condição. Estou muito longe da capacidade de dirigir.A rigor, deveria com o seu carinhoso coração, no caso, na posição de alma irmã da sua alma, companheiros de jornada e de luta.Mas pelo amor que nos reúne na Causa que esposamos, prefiro (embora eu não o mereça) conversar com você abraçando-o por meu filho. E ao abraçar você, nessa condição, quero que você saiba que, no pensamento, reúno igualmente o nosso Divaldo, ao seu lado, como sendo meu filho também.Feito este preâmbulo, vamos conversar, nós dois, de alma para alma.Em 1959, confirmando a estima que tenho por Divaldo, não vacilei receber um prefácio para o primeiro livro mediúnico, que ele se propunha lançar, através da FEB. O prefácio veio da parte do nosso André Luiz estimulando-o ao trabalho, naturalmente. De minha parte, agi tão confiante, que não cheguei a conhecer o texto, texto esse que não hesitava endossar com todo o meu coração.Chegado o livro à FEB, sei que amigos da nossa mais alta instituição espírita do Brasil aconselharam-no a desistir da publicação, até que a mediunidade dele produzisse algo, mais original, de acordo com a elevada posição de orador espírita que ele desfruta, com merecimento justificado, em nosso meio. Alegavam nossos amigos no Rio e isso com ele próprio, Divaldo, que o livro recebido por ele era profundamente semelhante aos livros de André Luiz. Para mim, isso vale como advertência grave que ele não poderia esquecer. De minha parte, ainda na última vez em que com ele estive, na Comunhão Espírita Cristã, em conversa íntima, aconselhei-o a concentrar-se sem qualquer pensamento preconcebido, sem leituras anteriores de livros determinados, sem propósito de produzir mediunicamente em tema predileto e sem criar qualquer clima condicionado por ele, mentalmente, o que seria sempre uma dificuldade por ele oposta à manifestação espontânea dos Amigos Espirituais.Disse tudo isso com a gentileza natural que devemos uns aos outros, tentando ajudá-lo sem ferir, atento ao esforço que todos lhe devemos na divulgação da Doutrina Espírita. Entre amigos uma observação carinhosa dessa natureza vale por um aviso salutar. Assim procedi, por notar, há muito tempo, que diversas mensagens recebidas por mim (desculpe você, querido Jô, este “mim” tão gritante, mas a explicação minha a você é pessoal e devo assumir plena responsabilidade do que estou dizendo) vinham na imprensa Espírita, desfiguradas ou, às vezes, quase que plenamente copiadas, como tendo sido recebidas por ele, algumas até mesmo antedatadas, quando em confronto com as páginas psicografadas por mim, embora os trabalhos sob minha responsabilidade viessem a lume antes dos apresentados por ele. Vi tudo e calei-me. Há muitos anos, o nosso abnegado Emmanuel me ensinou o hábito salutar de não me defender em causa própria.As mensagens em grande número, no setor de trabalho que me foi atribuído estão na imprensa espírita e na distribuição de mensagens avulsas, bastando que os espíritas conscienciosos se disponham a estudá-las.Os casos são às dezenas, ferindo de frente a dignidade mediúnica na Doutrina que abraçamos, sem que ninguém viesse defender a Causa em si.Não me competia a mim efetuar um trabalho de preservação dessa ordem, de vez que sou um trabalhador que estou na ponta dos trilhos, isto é, na parte mais humilde do avanço da linha, com as mãos no atendimento aos meus deveres de dia a dia, diante do povo necessitado, devendo confiar nos engenheiros que dirigem o comboio.Desde 1959, aguardo que se levante um dos companheiros representativos do movimento espírita a fim de tratar do grave problema.Ninguém apareceu.Continuei a ver as páginas a que me refiro em todos os setores ou em quase todos os setores, mas se me pronunciasse abertamente, semelhante providência partida inicialmente de mim viria situar-me num caso de defesa pessoal, o que sempre repeli, compreendendo que minha pessoa insignificante, no caso em exame como em qualquer outro caso, nada vale. Não digo isso por humildade que não tenho, mas simplesmente por sentir-me assim mesmo, sem merecimento qualquer. Apareceu em abril deste ano o folheto “Para onde vamos, espíritas?”.O assunto das mensagens copiadas surgiu com enorme efervescência e você me dá notícias do nosso Divaldo, abatido e compreensivelmente abalado em São Paulo.Entendo, sim, querido Jô, as lágrimas do nosso caro amigo e também me comovo, orando a Jesus por todos nós, a fim de que, cada um de nós se compenetre de suas responsabilidades próprias. Entretanto, para responder à sua afetuosa consulta, peço a você permissão para tratar do assunto com a gravidade de nossos compromissos sobre o impulso de nossos sentimentos.Comecei a lida mediúnica em 1927, quando o nosso Divaldo provavelmente deveria estar no berço.Estou aposentando-me no terceiro emprego que tive nesta vida, no qual trabalhei 30 anos sucessivos sem licença e sem férias, embora a minha moléstia nos olhos, há mais de vinte anos, me conferisse por lei o afastamento do serviço regular.Não digo isso como quem apresenta louros, mas para lembrar que estou no meu recanto, atendendo às minhas obscuras obrigações.Sempre respeitei o nosso caro Divaldo em sua tarefa brilhante, como sempre respeitei a todos os companheiros do Espiritismo, na posição em que o Senhor os colocou a servir.Nunca fui a uma cidade sequer das inúmeras em que o nosso caro Divaldo é festejado e querido, com méritos justos na palavra doutrinária, a fim de subtrair o respeito devido a ele, a pretexto de ser eu insignificante médium psicógrafo. Nem por isso, no entanto, embora reconhecendo a minha total desvalia, devo esquecer que trago nos ombros o peso de uma responsabilidade mediúnica, e espírita à qual, desde 1927, me rendi.Será possível que meus irmãos de Doutrina Espírita possam julgar que estou recebendo os livros dos nossos Benfeitores Espirituais sem qualquer noção de compromisso moral e de amor pela Causa? Será crível que suponham esteja eu fazendo da mediunidade um esporte de quem mais nada tem a fazer? Estarei recebendo as páginas de Emmanuel, há mais de trinta anos consecutivos para brincar? Andarei dos 17 anos de idade aos 52, na tarefa mediúnica, qual se eu fosse uma criança no parque de diversões?Em 1958, como é do conhecimento público, meu pobre sobrinho Amaury Pena, talvez deslumbrado pela idéia de lucros financeiros com livros mediúnicos, sentindo-se assediado por entidades infelizes e adversárias do movimento espírita-cristão, não hesitou, quando contrariado em seus desígnios cobrir-me o rosto com a lama de profundo sarcasmo. Durante quase um mês, os jornais do País me apontaram na categoria de mistificador criminoso. Entretanto, os espíritos perturbadores, no caso de meu sobrinho, vinham pela frente, o que me permitiu responder-lhes com a única maneira digna que vi diante de meus olhos. Para não deixar em minha folha mediúnica e espírita a notícia inverídica que entrara, um dia, em rixa com os entes amados de minha família, toda ela constituída de almas afetuosas e boas, mudei-me para Uberaba, a centenas de quilômetros da casa que Deus me concedera para cultivar o jardim do amor familiar e onde eu deixava conveniência e hábitos regulares de quase cinqüenta anos. Não tomei semelhante atitude como quem traz uma pedra dentro do peito. O amor e o respeito à Causa Mediúnica e à Causa Espírita exigiam de mim um pronunciamento endereçado ao futuro. Preferi sair, à maneira de um ingrato aos que mais me deram amor na presente reencarnação e à maneira de um desterrado no próprio lar no conceito daqueles que não podiam entender, de pronto, o meu gesto de repulsão ao desrespeito levantado pelos espíritos inferiores, utilizando um pobre rapaz renascido na família que o Senhor me dera, desrespeito esse lançado audaciosamente às nossas fileiras e aos nossos trabalhos. O caso, agora, é diferente. Esses mesmos espíritos inferiores se utilizam do nosso caro Divaldo e atacam o nosso movimento espírita pela retaguarda. No caso do meu pobre sobrinho, que essas mesmas entidades já levaram à desencarnação prematura, induzindo-o a alcoolizar-se até a morte do corpo em 1961, o problema era claro. Hoje, temos um labirinto porque os golpes chegam de trás. O assunto é sutil. Tudo parece tão leve, tão superficial. Mas se os espíritas permitem que entidades menos dignas se apossem de um companheiro respeitável para adaptar, copiar, desfigurar e enxertar as páginas dos nossos Instrutores Espirituais acumuladas num esforço paciente e também respeitável de mais de trinta anos de serviço, daqui a outros trinta anos, os nossos netos e continuadores abraçarão problemas e perplexidades tendentes a desacreditar a mediunidade, de vez que, com o tempo, ninguém mais saberá quem copiou e mistificou, no assunto, se Chico Xavier ou Divaldo Franco. Sei que a obra é de Cristo e que n’Ele devemos todos esperar.Não ignoramos também que na obra de Cristo cada um de nós tem responsabilidades essenciais.Pergunto então a você, meu filho:Posso concordar com o que está acontecendo, se estão em jogo a Doutrina Espírita e a Mediunidade e não o meu nome? Devo aplaudir uma perturbação que ameaça o serviço de minha existência inteira? Devo tratar nosso Divaldo, como se fosse uma criança irresponsável, quando tributo a ele respeitoso apreço e grande afeto, há mais de dez anos, vendo-o viajar na condição de um pregador consciente das verdades espíritas, do Amazonas ao Rio Grande do Sul, assumindo, por isso, indiscutível responsabilidade para com milhares de pessoas, talvez milhões? Devo tratá-lo à feição de um companheiro necessitado de assistência, quando o problema é interesse de uma Causa inteira, criado levianamente por ele próprio, e no qual compareço à maneira de um réu em julgamento público, sem ter saído de minha casa e sem ter abandonado os meus deveres, na consciência tranqüila?Não será mais justo e recomendável entregá-lo à assistência de que se encontra realmente necessitado, invocando o amparo dos Mensageiros de Jesus que suplico para mim mesmo e esperando serenamente o juízo sereno dos espíritas responsáveis pela orientação do nosso movimento, a fim de que ele seja aconselhado e dirigido, como devo, de minha parte, estar igualmente pronto a receber os avisos e instruções dos companheiros na fé e no trabalho a fim de que eu não me transforme em instrumento de perturbação para os nossos serviços?Diz o nosso caro Divaldo que me ama, e eu tenho dado provas de imenso apreço afetivo a ele, entretanto, por que motivo não me respeita o nosso amigo como respeito a ele? Porque razão esse propósito deliberado de arrasar com as mensagens dos nossos Benfeitores Espirituais, recebidas por meu intermédio, desfigurando-as, descaracterizando-as, ferindo-as, transfigurando-as? Não posso inocentá-lo, porque isso acontece há muito tempo e ele possui bastante auto-crítica para reconhecer que as entidades que se valem dele para isso estão entrando numa atitude, francamente abusiva por desrespeitosa ao Espiritismo e à Mediunidade, a ponto de sacerdotes católicos-romanos já estarem se manifestando pela imprensa indagando se sou eu ou ele o mistificador. De mim mesmo, nada valho e estou pronto a receber por bênçãos quaisquer injúrias que sejam assacadas contra a minha pessoa, entretanto, no assunto, é a Doutrina Espírita que está sendo desprestigiada e dilapidada. Soube que o nosso Divaldo tem dito, onde vai, que está sofrendo em demasia, sentindo-se por vezes desejoso de renunciar à tarefa, o que seria lamentável por encontrarmos nele um orador digno e um arauto digno de nosso movimento espírita, o que realmente me comove e me confrange, mas devo tratar somente com as minhas emoções um problema em que milhões de pessoas amanhã procurarão a verdade?Devo deixar que a minha comoção embargue o meu raciocínio, largando a mediunidade embaciada e desrespeitada, com evidente menosprezo aos companheiros que virão depois de nós?Depois do impresso “Para onde vamos, espíritas?”, surgem aqui e ali alguns poucos amigos decididamente interessados em estudar a realidade dos fatos e apresentarem, de público, o resultado de suas observações, o que não poderia impedir de minha parte.E caber-me-ia desencorajá-los, acobertando a intromissão gradativa dos espíritos das sombras, em nossas fileiras, a título de caridade, que é carinho mas é também ensinamento, se até agora nenhum companheiro de responsabilidade nas instituições espíritas se lembrou de que a obra de Emmanuel deve ser digna de respeito? Afirma o nosso Divaldo, reiteradamente, que me ama e me deseja todo o bem, mas porque age assim, permitindo que entidades irresponsáveis o manejem dessa forma? Eu também amo Allan Kardec e admiro-lhe imensamente a obra sublime, entretanto, por isso, estaria eu autorizado a tomar-lhe essa ou aquela página da Codificação Espírita, alterando-a e lançando-a com o nome dos amigos desencarnados que me assistem, para uso dos meus irmãos na fé?Aparecem os companheiros que afirmam será o movimento espírita dividido com semelhante questão, contudo, querido Jô, minha consciência está tranqüila. Não desencandeei o problema. Permaneço onde vocês todos me conhecem. Por ser médium dos livros dos nossos Amigos Espirituais, o que julgo tão natural como se a mediunidade psicográfica fosse outro campo qualquer de atividade espírita, nunca esperei qualquer consideração. Há mais de trinta anos, entrego aos companheiros do Espiritismo as páginas dos nossos Amigos Espirituais, com a profunda veneração de quem não deseja conspurcá-las com as próprias deficiências e imperfeições que carrega, sem jamais conservar a idéia de remuneração dessa ou daquela natureza. Sempre recebi as demonstrações dos amigos queridos, quais vocês, os afetos queridos de São Paulo como quem recolhe tesouros que não merece e rogando a Deus me torne digno da confiança e da ternura com que me tratam. No íntimo, porém, tenho pedido ao Senhor me ajude a viver conforme a simplicidade a que me sinto jungido por imposições naturais de minha condição pequenina, e assim, meu querido Jô, devo desencarnar coerente com o que tenho acreditado, sem desejar para mim outra cousa que não sejam a Vontade do Senhor e o dever bem cumprido. Entendo que o nosso Divaldo possui legiões e legiões de amigos, muitos deles influentes e poderosos no campo econômico e social, por merecimento natural dele, operário brilhante da palavra espírita e, sem dúvida, raro missionário da assistência à infância desvalida em Salvador, mas isso não pode interferir com a minha obrigação de ser fiel a mim mesmo, nas responsabilidades que abracei na Doutrina Espírita e na Mediunidade, na presente reencarnação. Não posso iludir-me. Todos estamos caminhando para a Espiritualidade e se eu aqui posso enganar aos meus irmãos de ideal, abusando dessa ou daquela qualidade que o Senhor me emprestou, amanhã não poderei enganar aos que nos seguem de uma Vida Maior, e à cuja existência desde agora me sinto entrosado. É preferível que eu seja sozinho, mas com a tranqüilidade de quem cumpre o próprio dever diante daqueles que me puseram esse mesmo dever nas mãos por título de confiança, do qual não poderei abusar sem graves conseqüências.Por tudo o que exponho a você, querido amigo, com sinceridade e carinho, porque não é sem carinho e sem sinceridade que escrevo esta carta, não desejo receber a visita pessoal do nosso Divaldo presentemente, conquanto, não tenha de minha parte qualquer mágoa e esteja em prece pela felicidade e saúde, fortalecimento e tranqüilidade dele. Acontece que se nos encontrarmos agora, estaria na posição estranha de quem nada pode dizer. Se vier a censurá-lo seria crueldade de minha parte, porque devo acreditar que ele está sendo instrumento da perturbação sem perceber. E, por outro lado se vier a tratá-lo com

ternura, dou a impressão errônea de que estou aprovando a leviandade em andamento. Como vê, você, querido Jô, há momentos, em que o testemunho nosso é doloroso, de vez que não podemos trair a nós próprios. Se ele, porém, recorrer a você para saber o que penso das ocorrências em curso, autorizo seu carinho a mostrar-lhe esta carta, na qual exponho todos os meus sentimentos e pensamentos, no assunto, depois de rogar a assistência dos nossos Instrutores Espirituais, a fim de escrever a você com serenidade entre o coração e o cérebro, coerente com a Doutrina Espírita e comigo mesmo. Divaldo tem largo futuro à frente. Ele não precisa absolutamente da psicografia para sustentar a amizade e o carinho dos amigos desencarnados e encarnados. Jesus colocou-lhe um facho de luz no verbo sagrado que ele, nosso amigo e companheiro tão querido, pode santificar, cada vez mais, dele fazendo a sua bandeira de serviço à Humanidade, crescendo sempre como um dos mais altos paladinos de nossa Causa no Brasil e fora do Brasil. Mostrei esta carta aos amigos que me partilham a convivência e sendo de seu desejo pode mostrá-la aos nossos queridos companheiros daí. Poucas vezes terei oportunidade de me deter no caso com tanta clareza, de vez que o assunto é agressivo e doloroso e realmente só escreveria o que escrevi nesta carta em me comunicando com aqueles que mais amo. Deus nos abençoe, querido Jô, e perdoe a franqueza carinhosa de quem igualmente o ama por abençoado filho espiritual.

(ass.) Chico 


Terminada a carta datilografada Chico Xavier, fazendo uso da caneta-tinteiro acrescentou a seguinte observação:“Peço reserva sobre esta carta que deve ser lida somente para os que possam compreendê-la com espírito de compreensão fraternal.”E assinou: “Chico”. 


 OS POSSÍVEIS PLÁGIOS


No programa Fantástico, Divaldo Franco falou sobre as denúncias. Ele negou a acusação de plágio e diz que o que houve foi coincidência.

“O espiritismo explica que uma mensagem tem valor quando ela é recebida por diversos médiuns sem que eles tenham contato uns com os outros. Isso se chama ‘universalidade do ensinamento’. E eu psicografei essas mensagens sem nunca haver copiado ou me louvado em qualquer uma delas. À época, eu lia as mensagens do Chico Xavier como todo os brasileiros espíritas. Líamos com muito ardor, com muito interesse. Era natural, pois ele era o nosso líder. Se houve realmente qualquer manifestação de identidade, deve ter sido ou traição do inconsciente ou um fenômeno de corroboração”


Luciano dos Anjos discorda das próprias explicações de Divaldo. Consideremos cada uma delas, separadamente:

a) A Universalidade do Ensino

“Descarto, de pronto, a explicação, por insuficiente, da chamada universalidade do ensino, apoiada na concordância das mensagens espíritas, o que lhes daria, segundo o entendimento de Allan Kardec, foro de autenticidade. Poderia até servir para explicar as mensagens iguais que estamos examinando, mas renego a hipótese porque não concordo com esse critério de verdade, para mim inteiramente equivocado e que não foi proposto pelos espíritos. Não foi a multiplicidade de ditados mediúnicos concordantes que levou Kardec à melhor doutrina, ainda que ele assim pensasse. Maioria nunca foi critério de verdade. Se fosse, o catolicismo, por exemplo, seria a religião verdadeira. O Codificador chegou à melhor doutrina mediante a aplicação da sua razão, ao lado da melhor lógica, relativamente aos ditados mediúnicos. Foi o critério de Kardec que considerou o que era concordante ou não, e foi ainda ele quem selecionou o que lhe pareceu ser centro sério e médium sério. O critério, portanto, não foi nem deve ser o da concordância, mas o da razão.”

b) Traição do Inconsciente

“É plausível aceitar Divaldo Pereira Franco, Francisco Cândido Xavier, Yvonne Pereira e outros médiuns de gabarito produzindo mensagens de natureza anímica e não mediúnica? Parece que nesse caso, penso eu, desmoronaria todo o edifício da mediunidade gabaritada, da mediunidade dos missionários, da mediunidade daqueles que reencarnaram para nos ajudar a instruir, amar e evoluir. Animismo existe. Acontece com muitos médiuns. Mas com esses? (…) Ora, sejamos coerentes: não existe a hipótese de animismo em se tratando de Divaldo Pereira Franco. Se houvesse a ameaça de tal acontecer, ele mesmo sentiria de imediato – dada sua experiência, a sua missão, a sua freqüente ligação com espíritos iluminados – que naquele caso não havia ao seu lado nenhum espírito lhe ditando nada, que tudo estava sendo obra exclusivamente sua. Ou, com certeza, se lhe faltasse por absurdo essa percepção, Joanna de Ângelis – de imediato ou logo ao término da falsa psicografia – se incumbiria de dizer-lhe a verdade.

Ainda uma pequena questão. Vamos insistir em que o Divaldo houvesse lido antes a mensagem e se esqueceu desse ato, tal como admitido acima. Sabemos, por outro lado, que os espíritos se valem de informações e conhecimentos armazenados no cérebro do médium. Não poderia então o espírito ter simplesmente se apropriado assim de toda a história e a colocado no papel através das mãos do médium? Não. Os espíritos recolhem subsídios e não textos integrais, histórias completas com início, meio e fim. Afinal eles se dispõem a ditar o que lhes seja de verdadeira e honesta autoria para assinar como autores. Insisto: estou cogitando de médiuns sérios, missionários, em sintonia com espíritos sérios, às vezes também missionários.


Dito isso, vamos à análise das mensagens.:



Mensagens de Chico Xavier
Mensagens de Divaldo Franco
Comentários de Luciano dos Anjos
UM DIA 
Um dia, Sócrates deliberou sair de si mesmo, apresentando alguns aspectos da verdade, e imortalizou-se. 
Um dia, Colombo resolveu empreender a viagem ao Mundo Novo e desvelou o caminho para a América. 
A gloriosa missão de Jesus começou para os homens no dia da Manjedoura. 
O ministério dos Apóstolos foi definitivamente homologado pelos Poderes Divinos no dia de Pentecostes. 
Tudo no Universo começa num dia. 
O bem e o mal, a felicidade e o infortúnio, a alegria e a dor, invocados por nossa alma, guardam o exato momento de início. 
Quando plantamos, sabemos que a produção surgirá certo dia. Se encetamos uma jornada, não ignoramos que, em certo momento, ela terminará. 
Um dia criamos, um dia recolheremos. 
Não olvides, porém, que a semente não germinará sem cuidado, em tua quinta. 
Se deres teu dia à erva ingrata, ela se alastrará, sufocando-te o horto amigo. Se abandonares teus minutos aos vermes daninhos, multiplicar-se-ão eles, indefinidamente, impedindo a colheita. 
Ocupa-te com o dia, de olhos voltados para a eternidade. 
Das resoluções de uma hora podem sobrevir acontecimentos para mil anos. 
Tudo depende de tua atitude na intimidade do tempo. 
Judas era um discípulo fiel a Jesus, mas, um dia, acreditou mais no poder frágil da Terra que na administração do Céu, e traiu a si mesmo. 
Madalena era estranha mulher, possessa de sete demônios; um dia, no entanto, ofereceu-se à virtude e inscreveu seu nome na História, figurando no cânone das almas inesquecíveis. 
O amanhã será o que hoje projetamos. 
Alcançarás o que procuras. 
Serás o que desejas. 
Acorda para a realidade do momento e amontoa bênçãos pelos serviços que prestaste e pelo conhecimento que difundiste em tuas horas. 
O Tempo é o rio da vida cujas águas nos devolvem o que lhe atiramos. 
Enquanto dispões das horas de trabalho, dedica-te às boas obras. 
Se acreditas no bem e a ele atendes, cedo atingirás a messe da felicidade perfeita; mas se agora mofas do dia, entre a indiferença e o sarcasmo, guarda a certeza de que, a seu turno, o dia se rirá de ti. 
ISABEL DE CASTRO 
Livro: Falando à Terra –
pág. 106 – 1951
Editora: FEB
UM DIA 

VIANNA DE CARVALHO

Reformador – 03/1962
Mensagem sobre a importância de um único dia em nossas vidas. Só o título é igual, tal como devem existir numerosos outros de outros numerosos autores espirituais menos ou mais conhecidos. A única expressão repetida – “um dia” – aparece 5 vezes escrita pela Isabel e 15 vezes pelo Vianna. E apenas a referência a Colombo, descobrindo a América, se repete completa.
QUESTÃO DE ESCOLHA 
Procure um delinqüente e encontrará muitos malfeitores. É necessário, então, que você possua imenso cabedal de amor para renová-los, sem fazer-se criminoso também.  
*
Busque identificar uma falta e achará inúmeras. Chegando a essa situação, é imprescindível que você esteja bastante esclarecido para não acrescentar seus erros aos erros alheios.  
*
Tente situar um espinho e vários virão ao seu encontro. Em face de tal contingência, é necessário que você permaneça eminentemente equilibrado para não ferir-se.  
*
Fixe com demasiada atenção uma pedra da estrada e, em breve, o solo estará empedrado aos seus olhos. Depois disso, você necessitará de muita resistência para não sucumbir às asperezas da jornada.  
*
Aproxime-se do bem, procure-o com decisão e a bondade virá iluminar seu caminho. Somente aí você surgirá perfeitamente armado para vencer na guerra contra a mal. 
ANDRÉ LUIZ 
Livro: Agenda Cristã.
FEB. 1947.
PROBLEMA DE SINTONIA


MARCO PRISCO
Verdade – 07/1961
Palavras diferentes mas com sentido semelhante, identificando-se nas duas mensagens alguns pontos em comum. Nada de escandaloso.
A PRECE DE CERINTO 
Senhor de infinita bondade. 
No santuário da oração, marco renovador do meu caminho, não Te peço por mim, Espírito endividado, para quem reservaste os tribunais de Tua Excelsa Justiça. 
A Tua compaixão é como se fora o orvalho da esperança em minha noite moral, e isto basta, ao revel pecador que tenho sido. 
Não Te peço, Senhor, pelos que choram. 
Clamo por Teu amor e benefício dos que fazem lágrimas. 
Não Te venho pedir pelos que padecem. 
Suplico-Te a benção para todos aqueles que provocam sofrimento. 
Não Te lembro os fracos da Terra. 
Recordo-Te quantos se julgam poderosos e vencedores. 
Não intercedo pelos que soluçam de fome. 
Rogo-Te amor para os que lhes furtam o pão. 
Senhor Todo-Bondoso!… 
Não Te trago os que sangram de angústia. 
Relaciono diante de Ti os que golpeiam e ferem. 
Não Te peço pelos que sofrem injustiças. 
Rogo-Te pelos empreiteiros do crime. 
Não Te apresento os desprotegidos da sorte. 
Sugiro Teu amparo aos que estendem a aflição e a miséria. 
Não Te imploro mercê para as almas traídas. 
Exorto-Te o socorro para os que tecem os fios envenenados da ingratidão. 
Pai compassivo!… 
Estende as mãos sobre os que vagueiam nas trevas… 
Anula o pensamento insensato. 
Cerra os lábios que induzem à tentação. 
Paralisa os braços que apedrejam. 
Detém os passos daqueles que distribuem a morte… 
Ajuda-nos a todos nós, filhos do erro, porque somente assim, ó Deus piedoso e justo, poderemos edificar o paraíso do bem com todos aqueles que já Te compreendem e obedecem, extinguindo o inferno daqueles  que, como nós, se atiram desprevenidos, aos insanos torvelinhos do mal… 
CERINTO
Do livro: Vozes do Grande Além – 1957
POR ELES



DJALMA MONTENEGRO DE FARIAS

A Flama Espírita – 17/03/1962
Nas duas mensagens a idéia está centralizada na prece pelos que causam o sofrimento e não pelos que sofrem, pelo agressor e não pela vítima. A literatura espírita está inundada de mensagens nesse mesmo diapasão recebidas por muitos médiuns.
RESPOSTAS INDIRETAS

EMMANUEL
 Reformador – 12/1959
RESPOSTAS INDIRETAS 
Rogavas, ainda ontem, saúde para o corpo alquebrado e constatavas a presença da enfermidade. 
Confiavas, ainda ontem, que o problema moral fôsse suavizado ante o auxílio que aguardavas do Céu, e o defrontas a martirizar o coração. 
Esperavas, ainda ontem, que os óbices desaparecessem do caminho, considerando a nobreza dos teus intentos, e encontras a dificuldade ampliada como a zombar do teu esfórço. 
Oravas, ainda ontem, buscando fôrças e robustez para o trabalho, e despertas com as mesmas fraquezas do dia anterior. 
Solicitavas, ainda ontem, auxílios eficazes para a continuação do labor socorrista, e surpreendes a ausência dos valôres necessários. Deixas-te abater pelo desânimo, acreditando-te esquecido dos favores divinos. 
Sucede, porém, que o Celeste Pai responde aos nossos apelos, não conforme os nossos desejos, mas consoante as nossas necessidades. A tenra plantinha roga altura; mas sem que robusteça o tronco candidata-se à destruição. 
A fonte modesta roga caminho para correr; sem a fôrça da corrente, porém, perde-se, consumida pelo solo. 
É necessário, pois, discernir para entender. Muitas vêzes o bem mais eficaz para o doente ainda é a enfermidade. 
O lavrador atende ao solo com os recursos que conta em si mesmo e na terra. A chuva e o sol são contribuições que a misericórdia celeste lhe dispensará correspondendo ao mérito da sua seara. Mas não se descoroçoa se o excesso da chuva e o calor do sol lhe destróem a sementeira. Refeito da dor retorna ao campo e prossegue resoluto. 
Procura, assim, entender também as respostas indiretas com que o Sublime Amigo nos atende. 
Nem sempre o que nos parece o melhor é realmente o melhor para nós. 
Persevera no trabalho nobre e honroso, atende aos deveres que te competem realizar; e, mesmo que as tuas mãos doloridas e calejadas roguem ungüento que não chega, prossegue esperando, firme e sobranceiro, recordando que o fruto nunca precede à florescência e que esta desponta nos dedos da planta que se dilacera para perpetuar a própria espécie.  
Deixa-te chegar, e, coroado com o suor, o sangue e as lágrimas do teu esfôrço, as flôres da esperança no Céu responderão às tuas ansiedades com os frutos da paz e da felicidade.
*
“Outra, finalmente, caiu em terra boa e produziu frutos, dando algumas sementes cem por uma, outras sessenta e outras trinta”. 
Mateus: capítulo 13º, versículo 8.
*
“O homem que cumpre o seu dever ama a Deus mais do que as criaturas e ama as criaturas mais do que a si mesmo. É a um tempo juiz e escravo em causa própria”. 
Capítulo 17º — Item 7, parágrafo 4. 
JOANNA DE ÂNGELIS 
Orientador – 02/1962
Apenas o título é o mesmo. Referem-se à forma indireta como recebemos a ajuda de Deus e dos espíritos. Afora isso, nada a ver uma mensagem com a outra, exceto quanto ao mesmo título. Contudo, nem a lei terrena considera plágio títulos de filmes, livros, artigos, etc. Em Emmanuel, a certa altura lemos: “Identifica as respostas indiretas do Alto aos teus pedidos e aspirações”. Na Joanna: “Procura, assim, entender também as respostas indiretas com que o Sublime Amigo nos atende.” São as duas colocações mais parecidas. Plágio? Ora, esse será provavelmente o arremate de qualquer texto que aborde aquele tema central.
POR AMOR À CRIANÇA 
Nós que tantas vezes rogamos o socorro da Providência Divina, oremos ao coração da Mulher, suplicando pelos filinhos das outras! Peçamos as seareiras do bem pelas crianças desamparadas, flores humanas atingidas pela ventania do infortúnio, nas promessas do alvorecer!…  
Pelas crianças que foram enjeitadas nos becos de ninguém;  
pelas que vagueiam sem direção, amedrontadas nas trevas noturnas;  
pelas que sugam os próprios dedos, contemplando, por vidraças faustosas, a comida que sobeja desperdiçada;  
pelas que nunca viram a luz da escola;  
pelas que dormem, estremunhadas, na goela escura do esgoto; 
pelas que foram relegadas aos abrigos de lama e se transformam em cobaias de vermes destruidores;  
pelas que a tuberculose espia, assanhada, através dos molambos com que se cobrem;  
pelas que se afligem no tormento da fome e mentalizam o furto do pão;  
pelas que jamais ouviram uma voz que as abençoasse e se acreditam amaldiçoadas pelo destino;  
pelas que foram perfilhadas por falsa ternura e são mantidas nas casas nobres quais pequenas alimárias constantemente batidas pelas varas da injúria; e por aquelas outras que caíram, desorientadas, nas armadilhas do crime e são entregues ao vício e à indiferença, entre os ferros e os castigos do cárcere!  
Mães da Terra, enquanto vos regozijais no amor de vossos filhos, descerrai os braços para os órfãos de mãe!…  
Lembremos o apelo inolvidável do Cristo: “deixai vir a mim os pequeninos”. E recordemos, sobretudo, que se o homem deve edificar as paredes imponentes do mundo porvindouro, só a mulher poderá convertê-lo em alegria da vida e carinho do lar. 
EMMANUEL 
Reformador – 10/1961
SÚPLICA DE NATAL 


ANÁLIA FRANCO

Avulso de Ponta Grossa – 12/1961
Emmanuel se dirige às mães; Anália, a Jesus. Nada concerne uma com a outra, salvo o apelo pelas crianças em várias situações. Tais situações serão sempre catalogadas por qualquer autor que enfoque as carências da infância, pois essas carências são invariavelmente as mesmas crianças enjeitadas, crianças que nunca viram uma escola, crianças doentes. Repito, isso é inevitável quando se enfocam as necessidades das crianças. Veja-se, de cada qual, os dois trechos mais semelhantes (?): “pelas que jamais ouviram uma voz que as abençoasse e se acreditam amaldiçoadas pelo destino” (Emmanuel); “por aqueles cujos ouvidos, impossibilitados de registrarem os sons, se transformaram em labirintos onde as vozes se perdem em trevas silenciosas” (Anália). Plágio? Só nos labirintos e nas vozes dos atarantados.
O SANTUÁRIO SUBLIME 
Noutro tempo, as nações admiravam como maravilhas o Colosso de Rodes, os Jardins Suspensos da Babilônia, o Túmulo de Mausolo, e, hoje, não há quem fuja ao assombro, diante das obras surpreendentes da engenharia moderna, quais sejam a Catedral de Milão, a Torre Eiffel ou os arranha-céus de Nova Iorque. 
Raros estudiosos, no entanto, se recordam dos prodígios do corpo humano, realização paciente da Sabedoria Divina, nos milênios, templo da alma, em temporário aprendizado na Terra. 
Por mais se nos agigante a inteligência, até agora não conseguimos explicar, em toda a sua harmoniosa complexidade, o milagre do cérebro, com o coeficiente de bilhões de células; o aparelho elétrico do sistema nervoso, com os gânglios à maneira de interruptores e células sensíveis por receptores em circuito especializado, com os neurônios sensitivos, motores e intermediários, que ajudam a graduar as impressões necessárias ao progresso da mente encarnada, dando passagem à corrente nervosa, com a velocidade aproximada de setenta metros por segundo; a câmara ocular, onde as imagens viajam, da retina para os recônditos do cérebro, em cuja intimidade se incorporam às telas da memória, como patrimônio inalienável do espírito; o parque da audição, com os seus complicados recursos para o registro dos sons e para fixação deles nos recessos da alma, que seleciona ruídos e palavras, definindo-os e catalogando-os na situação e no conceito que lhes são próprios; o centro da fala; a sede miraculosa do gosto, nas papilas da língua, com um potencial de corpúsculos gustativos que ultrapassa o número de 2.000; as admiráveis revelações do esqueleto ósseo; as fibras musculares; o aparelho digestivo; o tubo intestinal; o motor do coração; a fábrica de sucos do fígado; o vaso de fermentos do pâncreas; o caprichoso sistema sangüíneo, com os seus milhões de vidas microscópicas e com as suas artérias vigorosas, que suportam a pressão de várias atmosferas; o avançado laboratório dos pulmões; o precioso serviço de seleção dos rins; a epiderme com os seus segredos dificilmente abordáveis; os órgãos veneráveis da atividade genésica e os fulcros elétricos e magnéticos das glândulas no sistema endocrínico. 
No corpo humano, temos na Terra o mais sublime dos santuários e uma das super maravilhas da Obra Divina… 
Da cabeça aos pés, sentimos a glória do Supremo Idealizador que, pouco a pouco, no curso incessante dos milênios, organizou para o espírito em crescimento o domicílio de carne em que alma se manifesta.Maravilhosa cidade estruturada com vidas microscópicas quase imensuráveis, por meio dela a mente se desenvolve e purifica, ensaiando-se nas lutas naturais e nos serviços regulares do mundo, para altos encargos nos círculos superiores. 
A bênção de um corpo, ainda que mutilado ou disforme, na Terra, é como preciosa oportunidade de aperfeiçoamento espiritual, o maior de todos os dons que o nosso Planeta pode oferecer. 
Até agora, de modo geral, o homem não tem sabido colaborar na preservação e na sublimação do castelo físico. Enquanto jovem, estraga-lhe as possibilidades, de fora para dentro, desperdiçando-as impensadamente, e, tão logo se vê prejudicado por si mesmo ou prematuramente envelhecido, confia-se à rebelião, destruindo-o de dentro para fora, a golpes mentais de revolta injustificável e desespero inútil. 
Dia surge, porém, no qual o homem reconhece a grandeza do templo vivo em que se demora no mundo e suplica o retorno a ele, como trabalhador faminto de renovação, que necessita de adequado instrumento à conquista do abençoado salário do progresso moral para a suspirada ascensão às Esferas Divinas. 
EMMANUEL 
Livro: Roteiro, – pág 17 – 1952
Editora: FEB
TESOURO 
Alguns trechos da página “Tesouro” (Marco Prisco), apresentada por Divaldo Pereira Franco, em 2-1-60, constante da página 122, de “Reformador”, de junho de 1961.
1.             Delicado aparelho elétrico vibra em teu sistema nervosos, num circuito especializado para que o cérebro atenda às exigências da vida organizada”.
2.             “No teu corpo, tudo manifesta a sabedoria divina que elaborou uma forma perfeita para a residência temporária do espírito no processo evolutivo”.
3.             “Um corpo, mesmo limitado, enfermiço ou anormalizado, é o maior tesouro que Deus oferece a um Espírito devedor”. 
MARCO PRISCO 
Reformador – 06/1961
SEM COMENTÁRIOS
NA SEARA DO BEM 
EMMANUEL 
Avulso de São Paulo – 1957
NA SEARA DO AMOR 
Não gastes o tempo no exame de erros alheios, porque o criminoso responderá pelo tempo usado negativamente. 
Não apontes os espinhos da estrada, demorando-te à distância deles. 
Não argumentes com malfeitores, convencido da própria segurança. Não duvides do poder da oração. 
Não arregimentes adversários para a paz da consciência, porque o ódio é incêndio destruidor.  
Não esperes pela fortuna para o enriquecimento do bem, porque a moeda insignificante aplicada na beneficiência é mais valiosa do que qualquer fortuna morta em cofres invioláveis.  
Não reclames, para a satisfação pessoal, os excessos que podem atender a múltiplas necessidades dos outros.  
Não ajudes sem a contribuição estimulante da alegria.  
Não uses o conhecimento da verdade para exibição vulgar ou para afligir os companheiros.  
Não menosprezes o tesouro dos minutos. A Eternidade é feita de segundos.  
Não reivindiques afetos ou aplausos para a vaidade, mesmo que todos exaltem a excelência do teu labor.  
Não ministres programas ásperos e rígidos sem que possas selar as palavras com a ação bem desenvolvida.  
Não desrespeites o suor alheio, granjeado na luta e na dor.  
Não reclames referências especiais.  
Não exibas, mesmo discretamente, os teus feitos, porque qualquer bom pregão perde o valor quando nasce no interessado.

Não exijas a presença dos amigos onde não te levaram os pés.  
Não dês entrada ao mal na residência da tua alma.  
Não abras os ouvidos ao vozerio da maledicência.  
Não valorizes o mal a ponto de duvidar da vitória final e certa 
A Flama Espírita 04/11/1961
SEM COMENTÁRIOS
SEXO E AMOR 
Ignorar o sexo em nossa edificação espiritual seria ignorar-nos. 
Urge, no entanto, situá-lo a serviço do amor, sem que o amor se lhe subordine. 
Imaginemo-los ambos, na esfera da personalidade, como o rio e o dique na largueza da terra. 
O rio fecunda. 
O dique controla. 
O rio espalha forças. 
O dique policia-lhes a expansão. 
No rio, encontramos a Natureza. 
No dique, aprendemos a disciplina. 
Se a corrente ameaça a estabilidade de construções dignas, comparece o dique para canalizá-la proveitosamente, noutro nível. Contudo, se a corrente supera o dique, aparece a destruição, toda vez que a massa líquida se dilate em volume. 
Igualmente, o sexo é a energia criativa, mas o amor necessita estar junto dele, a funcionar por leme seguro.  
Se a simpatia sexual prenuncia a dissolução de obras morais respeitáveis, é imprescindível que o amor lhe norteie os recursos para manifestações mais altas, porquanto, sempre que a atração genésica é mais poderosa que o amor, surgem as crises de longo curso, retardando o progresso e o aperfeiçoamento da alma, quando não lhe embargam os passos na loucura ou na frustração, na enfermidade ou no crime. 
Tanto quanto o dique precisa erguer-se em defensiva constante, no governo das águas, deve guardar-se o amor em permanente vigilância, na frenação do impulso emotivo. 
Fiscaliza, assim, teus próprios desejos. 
Todo pensamento acalentado tende a expressar-se em ação. 
Quase sempre, os que chegam ao além-túmulo sexualmente depravados, depois de longas perturbações renascem no mundo, tolerando moléstias insidiosas, quando não se corporificam em desesperadora condição inversiva, amargando pesadas provas como conseqüências dos excessos delituosos a que se renderam. 
À maneira de doentes difíceis, no leito de contenção, padecem inibições obscuras ou envergam sinais morfológicos em desacordo com as tendências masculinas ou femininas em que ainda estagiam, no elevado tentame de obstar a própria queda em novos desmandos sentimentais. 
Ama, pois, e ama sempre, porque o amor é a essência da própria vida, mas não cogites de ser amado. 
Ama por filhos do coração aqueles de quem, por enquanto, não podes partilhar a convivência mais íntima, aprendendo o puro amor fraterno que Jesus nos legou. 
Mas, se a inquietação sexual te vergasta as horas, não te decidas a aceitar o conselho de irresponsabilidade que te inclina a partir levianamente “ao encontro de um homem” ou “ao encontro de uma mulher”, muitas vezes em perigoso agravo de teus problemas. 
Antes de tudo, procura Deus, na oração, segundo a fé que cultivas, e Deus que criou o sexo em nós, para engrandecimento da criação, na carne e no espírito, ensinar-nos-á como dirigi-lo. 
EMMANUEL 
Livro: Religião dos Espíritos, 1960 
ANTE O SEXO E AMOR 
Alguns trechos da página “Ante o Sexo e o Amor” (Joana de Angelis), apresentada por Divaldo P. Franco, em 1-8 –61, inserta à página 265, de “Reformador” de dezembro de 1961. 
1.             “Se te encontras em tormentos íntimos, açoitado pelo látego dos desejos infrenes, recorda o amor no seu roteiro disciplinante e corrige o desequilíbrio, imolando-o ao dever”.

2.             “Os que atravessaram os portais do além-túmulo, vencidos pela lascívia e pelos desvios de função genésica, permanecem doentes em longas e desvairadas perturbações, para renascerem fustigados pela emoção atormentada, transformados em parias sociais. Encontrá-los-ás no caminho das criaturas, envergando roupagens masculinas ou femininas, retidos em invólucros teratogênicos, quais presidiários em cárceres estreitos e disciplinantes, em longos processos de reeducação”.

3.             “Ama, portanto, embora não recebas a retribuição”.
“Desenvolve a fraternidade no coração, deixando-a espraiar-se como bênção lenificadora, consoante nos amou Jesus-Cristo, corrigindo a inclinação da mente em relação àqueles com quem não podes privar da intimidade, libertando o espírito e enriquecendo os sentimentos”. 
4.             “Procura, antes de novos débitos, o amantíssimo coração de nosso Pai, através da oração confiante, entregando-te a Ele, para que a sua inefável bondade, que nos criou e dirige, nos de o indispensável vigor de conduzir o nosso sexo em direção do sublime que nos proporcionará a legítima felicidade” 

“Reformador” 12/1961
SEM COMENTÁRIOS
LEI DO MÉRITO 
Se presumes que Deus cria seres privilegiados para incensar-lhe a grandeza, pensa na justiça, antes da adoração. 
Para isso, basta lembrar as circunstâncias constrangedoras em que desencarnaram quase todos os grandes vultos das ciências, das religiões e das artes, que marcaram as idéias do mundo, nas linhas da emoção e da inteligência. 
Dante, exilado. 
Leonardo da Vinci, semiparalítico. 
Colombo, em desvalimento. 
Fernão de Magalhães, trucidado. 
Galileu, escarnecido. 
Behring, faminto. 
Lutero, perseguido. 
Calvino, endividado. 
Vicente de Paulo, paupérrimo. 
Spinoza, inteligente. 
Milton, privado da visão. 
Lavoisier, guilhotinado. 
Beethoven, surdo. 
Mozart, em penúria extrema. 
Braille, tuberculoso. 
Lincoln, assassinado. 
Joule, inválido. 
Curie, esmagado sob as rodas de um carro. 
Lilienthal, num desastre de aviação. 
Pavlov, cego. 
Gandhi, varado a tiros. 
 Gabriela Mistral, cancerosa. 
E os gênios da altura de Hugo e Pasteur, Edison e Einstein, partiram da Terra menos dolorosamente, é forçoso reconhecer que passaram, entre os homens, também sofrendo e lutando, junto à bigorna do trabalho constante. 
Cada consciência é filha das próprias obras. 
Cada conquista é serviço de cada um. 
Deus não tem prerrogativas ou exceções. 
 Toda glória tem preço. 
É a lei do mérito de que ninguém escapa. 
EMMANUEL 
Reformador – 12/1961
SOFRIMENTOS

A Flama Espírita – 24/03/1962
SEM COMENTÁRIOS
NO RETOQUE DA PALAVRA 
Seja onde for, não afirme: -Detesto esse lugar!
Cada criatura vive na terra dos seus credores. 
Ouvindo a frase infeliz, não grite: -É um desaforo!
Invigilância alheia pede a nossa vigilância maior. 
Atravessando a madureza, não se lamente: -Já estou cansado!
Sintoma de exaustão, vontade enferma. 
Sentindo a mocidade, não assevere: -Preciso gozar a vida!
Romagem terrestre não é excursão turística. 
Á frente do amigo individado não ameace: -Hoje ou nunca!
Agora alguém se compromete, amanhã seremos nós. 
Ao companheiro menos categorizado, não ordene: -Faça isso!
Indelicadeza no trabalho, ditadura ridícula. 
Perante o doente não exclame: -Pobre coitado!
Compaixão desatenta, crueldade indireta. 
Ao vizinho faltoso nunca diga: Dispenso-lhe a amizade!
Todos somos interdependentes. 
Sob o clima da provação, não se queixe: -Não suporto mais!
O fardo do espírito gravita na órbita de suas forças. 
No cumprimento do dever não clame: -Estou sozinho!
Ninguém vive desamparado. 
Colhido pelo desapontamento, não reclame: -  Que azar!
A Lei Divina não chancela improvisos.  
Á face do ideal não se lastime: -Ninguém me ajuda!
No espiritismo temos responsabilidade pessoal com o Cristo 
ANDRÉ LUIZ
Reformador – 1959
CULTIVE A PRUDÊNCIA 
“Que cada um, portanto, empregue todos os esforços a combatê-lo (o egoísmo) em si, certo de que esse monstro devorador de todas as inteligências, esse filho do orgulho é o causador de todas as misérias do mundo terreno.” Cap.XI:11. 
Não diga: “Desta água não beberei!”
O amanhã é incerto. 
Não afirme: “Tudo fiz e nada consegui!”
Tente novamente; há sempre um recurso que não foi usado. 
Não informe: “Não posso mais, desistirei!”
Você ignora os próprios recursos; sempre há possibilidades latentes, aguardando movimentação. 
Não ateste: “Eu vi; exijo severa punição para o infrator!”
Você pode ter visto, mas o fato não aconteceu como você viu; há antecedentes que você ignora e fatores que você não pode penetrar. 
Não imponha“Eu quero!”
Nem tudo quanto você quer pode ser como você quer e, mesmo que seja possível, nem sempre deve ser como você deseja. 
Não fale: “Ingrato! Abandonou-me.”
Ninguém está esquecido do amor de nosso Pai; sua aparente solidão é ensejo evolutivo para a sua alma. 
Dilate seu amor entre todos, cultivando a paciência.
Recorde-se do Senhor Jesus: 
Era rei, fez-se vassalo.
Magistrado celeste, deixou-se julgar injustamente. 
Mestre excelente, consultou várias vezes os escritos antigos.
Médico divino, utilizou-se de saliva e barro para limpar a treva dos olhos do cego de Jericó. 
Amigo fiel, foi abandonado pelos companheiros.
E, morrendo por amor a todas as criaturas, ainda as chama e as espera, oferecendo-lhes o Espiritismo que o desvela e atualiza, como atestado incorruptível de sua infinita bondade, ensejando libertação e felicidade.

Não diga, pois: “Não posso mais!”
Jesus é o caminho… E seguindo, valorosamente, você atingirá, ao fim de todas as lutas, o porto feliz de gloriosa distinção. 
MARCO PRISCO
04/1962
Livro: Glossário Espírita-Cristão.
Editora: LEAL
SEM COMENTÁRIOS
SINAIS DE ALARME
Há dez sinais vermelhos no caminho da experiência, indicando queda provável na obsessão:
- quando acreditamos que a nossa dor é maior;
- quando imaginamos maldades nas atitudes dos companheiros;
- quando comentamos o lado menos feliz dessa ou daquela pessoa;
- quando reclamamos apreço e reconhecimento;
- quando supomos que o nosso trabalho está sendo excessivo;
- quando passamos o dia a exigir esforço alheio, sem prestar o mais leve serviço;
- quando pretendemos fugir de nós mesmos, por meio do álcool ou do entorpecente;
- quando julgamos que o dever é apenas dos outros.Toda vez que um desses sinais venha a surgir no trânsito de nossas idéias, a lei divina está presente, recomendando-nos a prudência de amparar-nos no socorro da prece ou da luz do discernimento.
SCHEILLA 
“Reformador” 04/1961
SINAIS DE PERIGO


A Flama Espírita
26/05/1962
SEM COMENTÁRIOS
TRABALHA SERVINDO
A cada momento, o Criador concede a todas as criaturas a benção do trabalho, como serviço edificante, para que aprendam a criar o bem que lhes cria luminoso caminho para a glória na Criação.
Não permitas, portanto, que o repouso excessivo te anule a divina oportunidade. 
Assim como o relaxamento é ferrugem na enxada, a benefício do joio que te prejudica a seara, o tempo vazio é flagelo na alma, em favor das energias perniciosas que devastam a vida. 
Não há corrosivo da ociosidade que possa resistir aos antídotos da ação. 
Não acredites, desse modo, no poder absoluto das circunstâncias adversas, a se mostrarem, constantes, nos eventos da marcha. 
Se a injúria te persegue, trabalha servindo, e o sarcasmo far-se-á reconhecimento. 
Se a calúnia te apedreja, trabalha servindo, e a ofensa converter-se-á em louvor. 
Se a mágoa te alanceia, trabalha servindo, e a dor erguer-se-á por utilidade. 
Se o obstáculo te aborrece, trabalha servindo, e o embaraço surgirá por lição. 
No trabalho em que possas fazer o melhor para os outros, encontrarás a quitação do passado, as realizações do presente e os créditos do futuro.  E é ainda por ele que conquistarás o respeito dos que te cercam, a riqueza da experiência, a láurea da cultura, o tesouro da simpatia, a solução para o tédio e o socorro a toda dificuldade. 
Importa anotar, porém, que há trabalho nas faixas superiores e inferiores do mundo. 
Movimento que aprisiona e atividade que liberta, atração para o abismo e impulso para o Céu… 
O egoísmo trabalha para si mesmo. 
A vaidade trabalha para a ilusão. 
A usura trabalha para o azinhavre. 
O vício trabalha para o lodo. 
A indisciplina trabalha para a desordem. 
O pessimismo trabalha para o desânimo. 
A rebeldiatrabalha para a violência. 
A cólera trabalha para a loucura. 
A crueldade trabalha para a queda. 
O crime trabalha para a morte. 
Todas essasmonstruosidades do campo moral representam fruto amargo e venenoso de audiências da alma com a inteligência das trevas, no palácio deserto das horas perdidas. 
Todavia, o trabalho dos que trabalham servindo chama-se humildade e benevolência, esperança e otimismo, perdão e desinteresse, bondade e tolerância, caridade e amor, e, somente através dele, o espírito caminha, na senda de ascensão, em harmonia com as leis de Deus. 
EMMANUEL 
A Flama Espírita – 18/07/1969 -
AMA AJUDANDO
A todo instante, o Celeste Pai favorece os homens com as abençoadas dádivas da oportunidade de amar, como o melhor meio de criar o clima de auxilio entre todos, para a glória de fraternidade legitima na terra.
Não deixes, assim, que a indiferença pelos problemas alheios te cerceie a misericordiosa concessão. 
Na mesma razão que a negligência é enfermidade da alma a beneficio da preguiça que aniquila a atividade espiritual, a indiferença é flagelo cruel a favor da inutilidade perniciosa que destrói a vida. 
Não há veneno de ingratidão que resista aos anseios do perdão. 
Desse modo, não acredites nas vozes que se erguem revoltadas, batidas pela tormenta do desespero, preconizando vindítas e ódios. 
Se a má vontade te sitia, ama ajudando e converterás a frieza dos corações em sementeira de esperança. 
Se a ofensa te perturba, ama ajudando e transformarás o caluniador em amigo na retaguarda. 
Se a cólera te segue, ama ajudando e modificarás o clima de ódio em primavera de alegria. 
Se o desejo de posse te atormenta, ama ajudando e retificarás as inclinações inferiores, libertando-te da angustia. 
Se o remorso caminha contigo, ama ajudando e repara o erro cometido, enquanto é tempo, acendendo luz na consciência. 
Se a maldade te injuria, ama ajudando e a suspeita morrerá sem comprovação. 
Se o ultraje te ofende, ama ajudando e a dor se vestirá de luz no teu coração. 
Oferece as tuas horas ao amor infatigável e embora seja necessário rechaçar as víboras da animalidade nos seus redutos, permanece imperturbável sem desfalecimento e prosseguindo sem receio. Pelo amor desculparás a ignorância e pelo auxílio que movimentares em favor de todos, far-te-ás respeitado pelos que te cercam, porquanto, através do serviço constante aumentarás o patrimônio do saber e a experiência dilatar-te-á a visão, oferecendo soluções para os problemas que atormentam as almas. 
Convém registrar, porém, que o amor está igualmente nas Esferas Superiores do mundo, organizando a vida. Força dinâmica poderosa é movimento que liberta, atração que felicita e vibração que vitaliza. No entanto, nem todos o recebem na mesma intensidade…
O avaro ama o dinheiro aumentando a própria tortura. 
O ególatra ama a si mesmo caminhando em solidão. 
O vândalo ama a anarquia cavando abismo sob os pés. 
O rebelde ama o crime vitalizando a desdita em volta de si. 
O dissoluto ama os prazeres aumentando o rio da lama no qual se afoga lentamente. 
colérico ama a desforra que lhe avinagra a existência. 
O viciado ama o gozo desequilibrante bebendo a cicuta que o vitimará. 
O medroso ama a treva onde se esconde aguardando a loucura. 
Todos essesdesventurados das aflições da alma refletem a sintonia com as inteligências vingadoras do Além-Túmulo, perdidos na concha sinistra do personalismo destruidor.  
Apesar disso, o amor daqueles que te ajudam amando pode ser denominado de compaixão e misericórdia, esquecimento do mal e perdão, piedade e socorro, fazendo-se senda luminosa de Caridade e caminho do Senhor que venceu o mundo servindo e continua amoroso aguardando por nós. 
JOANA DE ANGELIS 
(Página recebida pelo médium Divaldo P. Franco, no dia 5-3-60, em Salvador, Bahia.)


As duas mensagens são bem semelhantes, com frases e parágrafos quase sempre dentro dentro das mesmas idéias e imagens. Emmanuel enfoca a benção do trabalho; Joanna de Angelis enfoca a benção de amar. Com isso, mudam os termos correlatos. Óbvio que não é absolutamente mera cópia, como está capciosamente afirmado no opúsculo; apenas a estrutura das duas mensagens é a mesma. Desde que o tema trabalho foi substituído pelo tema amar, as exortações se repetem ajustadas à substituição feita. Seguem-se as imagens literárias. Joanna de Angelis se estende por alguns pontos diferentes e, ao final, os vícios relacionados por Emmanuel em dez substantivos são por ela apresentados em oito adjetivos substantivados, mas nem sempre sendo os mesmos nas mensagens comparadas, senão apenas três deles: egoísmo e ególatra, vício e viciado, cólera e colérico. 
Então, que aconteceu? 
Abandonada – por absurda – a chance de má-fé (tolerem-me a insistência nessa premissa), atentemos para a explicação que concerne com a reconhecida honestidade do médium. As duas mensagens podem ter tido origem em plano mais alto, acima daquele em que se acham os dois maravilhosos mentores Emmanuel e Joanna de Angelis. Foi-lhes passada para retransmissão e os dois cumpriram seu papel com naturalidade, cada qual empregando estilo próprio, mas inevitavelmente mantendo idêntica a forma, o conteúdo, a estrutura. Um professor lê determinado texto para dois discípulos, pede até que façam algumas anotações e, em seguida, cada qual escreva o que ouviram para leitura de terceiros. Se os discípulos são bons de memória e de trato redacional, teremos duas produções parecidas no conteúdo e na forma, com o emprego de palavras iguais ou sinônimas. Plágio? Em hipótese alguma. 
(…) 
Avento porém outra adequada explicação partida da premissa consensual de que Emmanuel e Joanna de Angelis têm missão bastante semelhante. Ora, que razões impediriam que ambos houvessem acertado entre eles o ditado daquela mensagem? Joanna de Angelis pode ter pedido a Emmanuel a autorização para apresentar a mesma idéia copiando e aproximando palavras. Ou vice-versa, independente da data em que foram ditadas. Mais: Emmanuel pode ter simplesmente oferecido: “Eis a mensagem; faça algumas modificações e dite pelo Divaldo.” Também vice-versa. (…) Por que as pequenas alterações? Simplesmente para alcançar dois públicos diferentes, quais o meu público e o seu, leitor, e naquele caso mediúnico, alcançar o público dos leitores de Chico e Divaldo. Se as mensagens fossem cópia exata uma da outra, a reação talvez viesse a suscitar dúvidas, o que, de resto, acabou acontecendo, a despeito de contarem diferenças. E os motivos de tais alterações? Não deu certo a estratégia? Sim, é verdade, mas isso às vezes acontece. Maior exemplo é o Nosso Lar, do André Luiz, que evidentemente teve todo um planejamento especial no lado de lá antes de ser ditado e a reação foi negativa da parte de muitos espíritas. Paciência. O Alto sabe que isso pode ocorrer e sabe mais ainda absorver as reações negativas e… esperar. Do planejamento sempre faz parte a hipótese da reação negativa; mas também a estratégia seguinte de esperar. 
Finalmente, posso apresentar uma última e mais complexa explicação, adequada tanto às mensagens de J. e de Antero (caso não fossem o mesmo espírito, no que não creio), como às de Emmanuel e Joanna de Ângelis. (…) A questão nº 240 de O Livro dos Espíritos com sua resposta e a nota em seguida de Allan Kardec já abriam nossas mentes a nova compreensão, desde 1857: 
A duração, os Espíritos a compreendem como nós? – Não e daí vem que nem sempre nos compreendeis, quando se trata de determinar datas ou épocas. 
AK: Os Espíritos vivem fora do tempo como o compreendemos. A duração, para eles, deixa, por assim dizer, de existir. Os séculos, para nós tão longos, não passam, aos olhos deles, de instantes que se movem na eternidade, do mesmo modo que os relevos do solo se apagam e desaparecem para quem se eleva no espaço. 
(…) Ora, nesse contexto, os eventos não se situam nem decorrem, mas simplesmente existem num continuum hiperdimensional que extrapola ao entendimento da nossa limitada razão. Todos os universos materiais e espirituais se interpenetram e interagem, tais (exemplo aproximado) as ondas que vibram em freqüências diferentes e se perpassam sem exclusão e sem interferência.  (…) Partindo dessas lucubrações desaparece na origem a cronologia dos ditados mediúnicos em discussão. Não se poderá mais falar na recepção de um deles primeiro e de outro depois. Analisadas ontologicamente na sua essencialidade fenomênica, as duas mensagens – ou melhor, as quatro – estariam “fundidas” e seriam a mesma coisa em resultados aparentemente desiguais diante da nossa observação (ou participação antrópica).
CARTA A MEU FILHO 
Meu filho, dito esta carta para que você saiba que estou vivo.  
Quando você me estendeu a taça envenenada que me liquidou a existência, não pensávamos nisso. 
Nem você, nem eu.  
A idéia da morte vagueava longe de mim, porque esperava de suas mãosapenas o remédio anestesiante para a minha enxaqueca.  
Entendi tudo, porém, quando você, transtornado, cerrou subitamente a porta e exclamou com frieza:  
-Morre, velho!  
As convulsões que me tomavam de improviso, traumatizavam-me a cabeça …  
Era como se afiada navalha me cortasse as vísceras num braseiro de dor.  
Pude ainda, no entanto, reunir minhas forças em suprema ansiedade e contemplar você, diante de meus olhos.  
Suas palavras ressoavam-me aos ouvidos: – “morre, velho!”  
Era tudo o que você, alterado e irreconhecível, tinha agora a dizer.  
Entretanto, o amor em minhalma era o mesmo. Tornei à noite recuadaquando o afaguei pela primeira vez 
Sua mãezinha dormia, extenuada …  
Pequenino e tenro de encontro ao meu peito, senti em você meu próprio coração a vagir nos braços …  
E as recordações desfilaram, sucessivas.  
Você, qual passarinho contente a abrigar-se em meu colo, o álbum de fotografias em que sua imagem apresentava desenvolvimento gradativo em todas as posições, as festas de aniversário e os bolos coloridos enfeitados de velas que seus lábios miúdos apagavam sempre numa explosão de alegria… Rememorei nossa velha casa, a princípio humilde e pobre, que o meu suor convertera em larga habitação, rica e farta…  
Agoniado, recordei incidentes, desde muito esquecidos, nos quais me observava expulsando crianças ternas e maltrapilhas do grande jardim de inverno para que nosso lar fosse apenas seu…  
Reencontrei-me, trabalhando, qual suarento animal, para que as facilidades do mundo nos atendessem as ilusões e os caprichos …  
Em todos os quadros a se me reavivarem na lembrança, era você o grande soberano de nosso pequeno mundo…  
O passado continuou a desdobrar-se, dentro de mim.  
Revisei nossa luta para que os livros lhe modificassem a mente, o baldado esforço para que a mocidade se lhe erigisse em alicerce nobre ao futuro…  
De volta às antigas preocupações que me assaltavam, anotei-lhe, de novo, as extravagâncias contínuas, os aperitivos, os bailes, os prazeres, as companhias desaconselháveis, a rebeldia constante e o carro de luxo com que o presenteei num momento infeliz…  
Filho do meu coração, tudo isso revi…  
Dera-lhe todo o dinheiro que conseguira ajuntar, mas você desejava o resto.  
Nas vascas da morte, vi-o, ainda, mãos ansiosas, arrebatando-me o chaveiro para surripiar as últimas jóias de sua mãe…  
Vi perfeitamente quando você empalmou o dinheiro, que se mantinha fora de nossa conta bancária, e, porque não podia odiá-lo, orei – talvez com fervor e sinceridade pela primeira vez – rogando a Deus nos abençoasse e compreendendo, tardiamente, que a verdadeira felicidade de nossos filhos reside, antes de tudo, no trabalho e na educação com que lhes venhamos a honrar a vida.  
Não dito esta carta para acusá-lo.  
Nem de leve me passou pelo pensamento o propósito de anunciar-lhe o nome.  
Você continua sangue de meu sangue, coração de meu coração.  
Muitas vezes, ouvi dizer que há filhos criminosos, mas entendo hoje que, na maioria das circunstâncias, há, junto deles, pais delinqüentes por acreditarem muito mais na força do cofre que na riqueza do espírito, afogando-os, desde cedo, na sombra da preguiça e no vício da ingratidão. 
Não venho falar, assim, unicamente a você, porque seu erro é o meu erro igualmente. Falo também a outros pais, companheiros meus de esperança, para que se precatem contra o demônio do ouro desnecessário, porque todo ouro desnecessário, quando não busca o conselho da caridade, é tentação à loucura.  
Há quem diga que somente as mães sabem amar e, realmente, o regaço materno é uma bênção do paraíso. Entretanto, meu filho, os pais também amam e, por amar imensamente a você, dirijo-lhe a presente mensagem, afirmando-lhe estar em prece para que a nossa falta encontre socorro e tolerância nos tribunais da Divina Justiça, aos quais rogo me concedam, algum dia, afelicidadede tê-lonovamente ao meu lado, por retrato vivo de meu carinho… Então nós dois juntos, de passo acertado no trabalho e no bem, aprenderemos, enfim, como servir ao mundo, servindo a Deus. 
J. 
A Flama Espírita – 02/05/1929
CARTA DO ALÉM 
Meu filho, perdoa-me voltar à tua consciência. Continuo vivo e sei que na tua memória estão impressos, a golpe de remorso implacável, os últimos dias do nosso encontro, e, como tu, também eu não me olvido da nossa despedida. 
Lembro-me bem: a dispnéia ultrajava-me o corpo vencido, quando te pedi a medicação calmante. Teu olhar, porém, meu filho, quando me trazia o copo, disse me tudo. Quis recuar; não pude. A tua ansiedadeparecia pedir-me que sorvesse o conteúdo do vasilhame em que tuas mãos nervosas pingaram a dose fatal de arsênico. Essa ansiedade, que não tenho conseguido esquecer, imprimiu na minha alma emoções desordenadas e, no momento em que o veneno escorria pelo meu tubo digestivo e o suor vertia em bagas pelo teu rosto, eu me revi moço, como se a aproximação da morte tivesse vencido o tempo e eu recuasse aos primeiros dias do lar. Via-me a reter-te nos meus braçosvigorosos, após a partida da tua mãepara o mundo espiritual, procurando ninar-te o sono leve. Lembrei-me das noites que passei debruçado sobre o teu leito de criança, procurando acarinhar-te, esquecido de mim mesmo. Via-te crescer, enquanto eu desenvolvia uma grande atividade para reunir as moedas que iriam fazer a nossa felicidade no futuro, quando estivesse estuante de mocidade e eu envelhecido. Recordei a educação primorosa que te dava, enquanto as minhas mãos se calejavam no trabalho! Freqüentavas a Faculdade de medicina e, nesse justo momento das lembranças, minha mente turbilhonou-se sob a força incoercível da morte. Ainda pude concluir, antes do delíquio, que o filho que eu ninara com as minhas mãos assassinava-me para se apossar do cofre forte da nossa casa, onde eu guardava as moedas e as cédulas que sempre foram tuas. 
Não morri, meu filho. Não me conseguiste matar. Rompeste somente as roupas velhas e cansadas que me pesavam, que me vergastavam, porque, verdadeiramente, eu morrera muito antes, quando tua mãe partiu e não mais pude ser feliz… Já naquele tempo procurei transfundir a minha vida na tua vida; o amor que a morte me roubara, transferi-o para ti, em forma de confiança e alegria, de esperança e júbilo. 
Porque te precipitaste, meu filho? 
Depois que os tecidos se desfizeram e me descobri vivo, pus-me a examinar a própria situação e lembrei-me da história da serpente que picara o peito que a amamentava. Fizeste o mesmo. Assassinaste-me… 
Acompanhei-te, a princípio, tomado por um ódio que me requeimava mais do que o arsênico no estômago. Ódio que me fazia enlouquecer, enquanto tuas mãos mergulhavam no dinheiro do meu suor, vendendo as propriedades para gastares no lupanar, seduzido por infeliz mulher que, por sua vez, era escrava de outra mulher desencarnada que te odiava e te odeiaainda, e a quem, em vida pregressa, destruíste o lar como agora me destruíste o corpo. 
Oh! Meu filho! Não suporto continuar com esta lembrança, revendo-me nas tuas mãos, impotente para reagir e ouvindo a tua voz nervosa a repetir: “beba meu pai, você vai dormir”. 
Não, meu filho. Não dormi, pois o pesadelo continua… 
Vejo-te agora, sucumbindo lentamente, dominado pela adversária do passado e utilizo-me deste Correio, por falta de outro, para que minha voz chegue aos ouvidos do teu coração.
Desperta, meu filho, antes que seja tarde demais. 
Já te perdoei a mão com que me puniste em nome da Justiça Indefectível… Também eu carregava crimes atrozes de que, num estado de loucura, apressaste o resgate, ignorando que a Lei Divina, oportunamente, se encarregaria de me justiçar. 
Libertei-me, mas te enrodilhaste numa trama e não podemos prever quando o futuro te libertará. 
Desperta, meu filho! Desperte e vive! 
De que vale a cultura numa consciência culposa? Ainda não se passaram duas dezenas de anos, em que a Humanidade presenciou o soçobro das suas mais nobres aquisições, na guerra das civilizações super-alfabetizadas, dirigidas pela ambição que se fez monstro de guerra, transformando homens em abutres, anulando o patrimônio do saber, dizimando cidades, incendiando vilas, assassinado mulheres, crianças e velhinhos indefesos dos povoados humildes, na ânsia sanguinária da anarquia. 
A cultura não representa tudo. Não adianta o saber num caráter ultrajado. Abre os braços à Fé, volta a Jesus, enquanto é tempo. 
Eu sei que minha voz chegará aos teus ouvidos. 
Pelo amor de Deus, arrepende-te. Mas não te arrependas na aparência, e, sim rompendo esse silencio que te levará à loucura, recuperando o tempo perdido e empregando os últimos dias da vida na retificação da tua invigilância. 
Filho do meu coração, revejo-te nas minhas mãos, ainda pequenino, quando eu chorava a tua mãe ausente e, diante das minhas lagrimas a caírem no teu rosto de anjo, indagava, infantil: “estás chorando, papai?”. Sim meu filho, continuo chorando. Estou chorando por ti. Volta, pois. Volta, volta ao bem que eu quase não te soube ensinar. Volta a Jesus, e começa tudo de novo, outra vez, para a nossa felicidade. 
O teu 
ANTERO 
(Página recebida psicofônicamente pelo médium Divaldo P. Franco, na sessão da noite de 19-6-1961, em Salvador, Bahia.) 
Reformador – 05/1962
São iguais? Sim, isso é a mais pura evidência. Só um leitor que sofra de total desatenção não constatará que a história é a mesma, dentro de igual seqüenciamento e de igual estrutura narrativa. Porém não vai além disso. Quase nunca as palavras são as mesmas e Antero se explica mais, desenvolve mais, detalha mais. Acrescenta até o tipo de veneno com que o filho ingrato assassina o pai: arsênico. Substitui “remédio anestesiante” para a enxaqueca por “medicação calmante” para a dispnéia. (Na verdade, o pai poderia estar sentindo as duas coisas.) E por fim verifica-se que às vezes são outras as situações narradas.

Levanto uma questão preliminar: quem é J., quem é Antero? Pelo texto, espíritos bondosos e evangelicamente conformados diante do filho parricida. E que mais? Ninguém sabe. Porém, quanto ao Chico e ao Divaldo? Nesse caso sabemos de tudo. Conhecemos de ambos, sobejamente, a renúncia, a dedicação, a bondade, o desprendimento, o conhecimento doutrinário, o despojamento, o amor familiar, a fé, enfim, a condição de espíritas missionários, ainda que não fossem infalíveis e que pudessem errar como qualquer outra criatura. Infalível só Jesus. Mas o testemunho que deram desde o início de suas vidas foi sempre digno da nossa confiança e da nossa gratidão. Portanto, temos de avaliar o que aconteceu do lado do plano espiritual, porque do lado daqui dos encarnados os dois médiuns jamais justificariam qualquer atitude indigna que pudesse levar ao descrédito a mediunidade, em geral e deles próprios. 
Pois bem; eu disse que as histórias são iguais, mas nem me passa pela cabeça a hipótese de plágio. Antes de tudo porque penso, sinceramente, que essa história não aconteceu de verdade, seguindo aliás um velho e surrado leitmotiv do filho ambicioso que assassina o pai para roubar-lhe os haveres. Entendo que é uma parábola para efeito apenas de ensinamento, como as que saíram da boca de Jesus. No caso, seria uma história estereotipada, sem nenhuma criatividade, pobre de estilo e, nesse mesmo raciocínio, mera tradição do mundo espiritual, como a que declara Humberto de Campos haver lido ou ouvido ao ditar Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, segundo esclarecimento de Emmanuel , no Prefácio: “Os dados que ele fornece nestas páginas foram recolhidos nas tradições do mundo espiritual.” Tudo bem, concedo que mesmo como parábola ou como tradição do mudo espiritual o texto seria transmitido a cada médium com redação própria de cada espírito e, portanto, mais diferenciado. Modus in rebus. Sempre que contarmos para nossos filhos e netos a história de Chapeuzinho Vermelho ou dos Três Porquinhos, repetidas de geração para geração, vamos inevitavelmente usar quase as mesmas palavras do nosso vizinho que mora do lado ou de alguém que viva no extremo oposto do país. Admitamos, no entanto, que isso não fosse assim tão natural (não?) e que, sendo a narrativa a mesma, estaremos sem dúvida diante de um plágio. Mas… plágio de quem? O espírito, embora agindo de boa-fé, é nosso ilustre desconhecido; o médium todos nós conhecemos e desde antes do acontecido já lhe havíamos lido as mensagens psicografadas e sabíamos da sua capacidade mediúnica e do seu caráter limpo. Concluindo, afirmo sem vacilação: se fosse plágio, não seria do médium, seria do espírito. E teria plagiado evidentemente na melhor das intenções.  
(…) 
Não tenho a mais mínima dúvida (…) de que os autores J. e Antero são o mesmo espírito. E pode ser que nem o Chico, (…) nem o Divaldo soubessem disso. Só por tal os textos são iguais.  
(…) 
Portanto, se verdadeira a história (pode ser ficção em qualquer circunstância), o pai envenenado foi o espírito J. Antero, que pode ser nome verdadeiro ou inventado, mas sempre uma única individualidade.



CARTA DE HERCULANO PIRES ACUSANDO O DIVALDO


Nesta carta Herculano Pires não só acusa Divaldo Franco de impostor, mas também previne contra o médium Hercílio Maes, o espírito Ramatis, Roustaing e a própria FEB!
(Carta endereçada ao jornalista Agnelo Morato)


Você sabe que o Chico mudou-se de Pedro Leopoldo para Uberaba, arrancado ao seio da família e à cidadezinha do seu coração por força das manobras das Trevas através do seu pobre sobrinho. Lembra-se? E não se lembra que o tópico mais importante da carta do Chico ao Jô é aquele em que ele (Chico) afirma que são essas mesmas Trevas (a mesma falange) que está agora se servindo do Divaldo? Para que fim? Para que fim?!

Muito antes do “estouro” com o Chico eu já havia sido advertido espiritualmente a respeito do médium baiano. Durante meses evitei encontrar-me com ele, pois é sempre desagradável constatar uma situação mediúnica nessas condições. Quando

me encontrei, tudo se confirmou. Não tenho, pois, nenhuma prevenção pessoal, nada particular contra ele. O que tenho é zelo, é prudência, é necessidade de por-me em guarda e evitar que os outros se entreguem de olhos fechados às manobras que infelizmente se desenvolvem através da palavra ilusória desse rapaz. Espero em Deus que ele (agora roustainguista confesso e novo ídolo da FEB) ainda encontre o seu momento de despertar, antes que esta encarnação se finde.

Do pouco que lhe revelei acima você deve notar que nada sobrou do médium que se possa aproveitar: conduta negativa como orador, com fingimento e comercialização da palavra, abrindo perigoso precedente em nosso movimento ingênuo e desprevenido; conduta mediúnica perigosa, reduzindo a psicografia a pastiche e plágio – e reduzindo a mediunidade a campo de fraudes e interferências (caso Nancy); conduta condenável no terreno da caridade, transformando-a em disfarce para a sustentação das posições anteriores, meio de defesa para a sua carreira sombria no meio espírita.

Você acha, Agnelo, que Emmanuel advertiria o Chico sem motivo? Que o Chico se recusaria a receber o Divaldo e escreveria uma carta como aquela ao Jô por despeito ou ciúme mediúnico? Você acredita que o Chico esteja obsedado e que o Divaldo seja uma vítima inocente? Que todas as trapaças do Divaldo sejam bênçãos do Céu para o nosso movimento? Que seja nossa obrigação acobertar e bater palmas a companheiros que têm esse procedimento, relatado acima apenas em parte?

Ainda hei de lhe contar um dia, pessoalmente, a trama que tive de ajudar alguns amigos a desfazer – uma trama maquiavélica, de tipo medieval, para pôr um “fim feliz” ao caso Chico-Divaldo, deixando o Chico na condição de ciumento e o outro na condição de vítima inocente.

Temos de ser, meu caro, mansos como as pombas, mas prudentes como as serpentes. Quem o disse foi o Cristo, que deve entender do assunto. E Kardec adverte, em “O Livro dos Espíritos”, Kardec e os Espíritos, que é obrigação dos homens de bem desmascarar os falsos profetas. Obrigação, veja bem, obrigação! Por isso não recuo diante (embora não me considere tão “de bem” assim…) diante dos casos de Divaldo, Hercílio Maes e Ramatis, Roustaing e FEB. Não será com a minha conivência que o joio sufocará o trigo da seara. Isso tem me custado caro, muito caro: mas Deus me tem ajudado a suportar o ônus.

Sua carta é muito engraçada em certo sentido. Para defender o Divaldo você critica a minha posição em referência a três médiuns. Um é o Urbano, de quem você diz “o discutido Urbano”. Confesso que isso me surpreende. Soube, ainda em vida do Urbano, de um caso entre ele e o Russo, aí em Franca, que aliás me pareceu sem sentido. Fora disso, o que sempre vi foram demonstrações de confiança na mediunidade de Urbano, mesmo de parte daqueles que condenavam seu temperamento às vezes violento – pois a mediunidade é uma coisa e o temperamento é outra. Minha experiência de muitos anos com Urbano foi das mais felizes. Ainda não encontrei outro médium de tanta sensibilidade e que tantas provas me desse da sua legitimidade. E você deve saber que essa foi também a opinião do Schutel, do Leão Pita, do Baptista Pereira, do Odilon Negrão, do Wandick de Freitas, do Parigot de Sousa e tantos outros. Nunca o Urbano serviu de instrumento para mistificações conscientes ou para desvirtuamentos doutrinários. Tenho por ele o respeito que merecem os verdadeiros médiuns.

No caso Arigó, você diz que eu o defendi mesmo depois da sua queda. E como não fazê-lo? Ainda há pouco enviei a Matão uma entrevista, pedida pelo Jô, em que explico algo do assunto. Arigó, realmente, nos últimos tempos, deixou-se levar pelos interesses materiais, empolgou-se pelas possibilidades que se abriam diante dele, mas esteve longe de praticar os atos indígnos que lhe atribuíram os adversários.

Esteve em grande perigo, mas a culpa foi mais dos espíritas do que dele. Era um homem rude, semialfabetizado, vivendo num burgo medieval dominado pelo clero. As instituições espíritas em geral só se interessaram pelos resultados positivos do seu trabalho, mas não lhe deram apoio. As Federações fizeram como Pilatos: lavaram as mãos na bacia de César. Em Marília, num congresso de jovens, a FEB proibiu que fosse votada uma moção a favor dele (que estava preso em Lafaiete), mas autorizou a votação de uma moção em favor da construção da sua sede em Brasília… Isso, sim, é que é dois pesos e duas medidas. Até que Arigó resistiu muito, demorou bastante a entrar em deterioração, e só não acabou no desastre completo porque o Fritz já havia dito que, na hora perigosa, o levaria para lá.

A morte de Arigó o salvou na hora “h”, no dia “d”. Cabe-nos agora aproveitar o saldo positivo que ele deixou e que é imenso. Por sinal que os seus erros eram pessoais, individuais. Nunca Arigó tentou levar os seus erros pessoais ao meio espírita como prática e exemplo. Errou por falta de visão, por envolvimento do meio, por falta de apoio moral. Nunca tivemos, porém, no campo da intervenção cirúrgica espiritual mediunidade maior. E não seríamos nós, agora que ele se foi, que o seu caso já se encerrou, não seríamos nós que iríamos desmoralizá-lo. A mediunidade é uma coisa e o médium é outra. Mas para os jejunos no assunto as duas coisas se misturam. Acusar Arigó depois de morto, por deslizes que não chegaram a comprometer a sua mediunidade, seria dar armas aos adversários e às Trevas. Além disso, na enxurrada de mentiras e calúnias lançadas contra ele há muita incompreensão espírita. O que nos interessa em Arigó é a espantosa mediunidade que enriqueceu o patrimônio das realidades espíritas na Terra. Você queria que eu o acusasse?

No caso do Rizzini não há também intenção malévola alguma. Rizzini é médium e bom médium. Conheço-o há tempos e já tive boas experiências com ele. Se você acha que a sua atual produção psicográfica deixa a desejar, isso não me parece motivo suficiente para que eu o ataque ou desencoraje. Rizzini está se iniciando nesse campo novo e já produziu muita coisa boa, quase excelente. Não é um fingido

nem um trapaceiro, mas um espírita corajoso e que deu mostras de sua fidelidade à doutrina nas horas difíceis, quando muita gente boa se encolheu, se fechou em copas. Ele é sincero, franco, leal – e às vezes até agressivo, mas dessa agressividade que caracteriza os espíritos corajosos. Não há a menor possibilidade de compará-lo ao perigo que Divaldo representa em nosso movimento. Entre Rizzini e Divaldo há o abismo da impostura.

Perdoe-e, caro Agnelo, se acaso usei de algumas frases ou expressões que poderão impressioná-lo. Escrevo-lhe de coração aberto, de irmão para irmão, tratando de assuntos que exigem clareza, posições definidas. A hora é de transição, de confusões, e devemos manter nossa posição com segurança. Não me seria possível calar nem desconversar diante da sua “provocação”. Aqui vai a resposta, caboclo velho, o tiro de trabuco desfechado na testa, como convém quando o tocaieiro escondido na moita ameaça a caravana desprevenida.

Não me queira mal. Nem me interprete mal. Divaldo me interessa como criatura humana, como nosso irmão, pelo qual devemos orar, pedir a Deus que o livre de maior envolvimento das trevas. Estou pronto para recebê-lo para o cafezinho, principalmente na sua companhia, mas sem que você ou ele alimente a vã esperança de me arredar da posição assumida. Como você viu acima, meus motivos são fortes demais, são de rocha.

Perdoe-me se magoei a sua sensibilidade, principalmente nesse campo tão melindroso da afetividade. Com a qual Divaldo e outros da mesma linha costumam jogar com habilidade. Não trapaceio com o coração, com o sentimento. Louvo o seu interesse fraterno pelo Divaldo – ele necessita disso, e muito. Mas entendo que o Chico também precisa da nossa fidelidade, do nosso amor, da nossa gratidão. Ele não tomaria a atitude que tomou no caso por simples leviandade. Chico é uma personalidade espiritual formada no cadinho da dor, do sacrifício. Os seus guias espirituais são bastante conhecidos de nós todos. Que direito temos nós de rejeitar a sua advertência num caso como esse? Então ele só nos serviria quando fala em coisas que nos agradam?

Recomende-me ao Novelino, a d. Aparecida, aos seus familiares e aos amigos francanos. E não se esqueça, meu caro, de que estou escrevendo francamente para um francano…

Um grande e sincero abraço do:

HERCULANO




Fonte: Obras Psicografadas e Arquivos Pessoais.