26 de setembro de 2013

ENTREVISTA PARA O FUTURO COM HERCULANO PIRES, 40 ANOS DEPOIS:

Entrevista exclusiva que J. Herculano Pires concedeu a Jorge Rizzini, em 14 de julho de 1972, e que foi mantida inédita por 40 anos.

Jorge Rizzini - Quem vos fala é Jorge Rizzini, e hoje é o dia 14 de julho do ano de 1972. E eu me encontro nesse momento na casa de Herculano Pires a fim de gravar, nesta fita, uma conversa assim, vamos dizer, que será julgada para a posteridade. Esta fita, não vamos divulgá-la na atualidade. É realmente o futuro; visa aos ouvintes do futuro. Isto é muito importante, porque é um depoimento que irá ficar na história do espiritismo, na história do movimento espírita de São Paulo e do Brasil. Informal, sem outro objetivo que não seja aquele de dar o parecer do Herculano Pires, o parecer atual de Herculano Pires, porém projetado no futuro. É uma visão, vamos dizer, à distância e vendo o futuro. De modo que nós vamos, primeiramente, fazer a seguinte pergunta ao Herculano, porque se trata de um homem que tem realmente uma visão muito ampla, uma visão aprofundada das culturas de vários países e de várias épocas. Vamos perguntar ao Herculano o seguinte: suponhamos que Herculano Pires estivesse no século passado, vivendo na França, e visse nas livrarias de Paris O livro dos espíritos, de Allan Kardec, que então teria sido lançado neste dia. Como Herculano veria essa obra? Qual a impressão que teria após a leitura dessa obra?
J. Herculano Pires - Jorge Rizzini, você me dá uma oportunidade de fazer aqui, já que você não pretende divulgar imediatamente isto – esta é uma fita que vai ficar para o futuro –, eu nunca pensei que tivesse oportunidade de falar para o futuro. Acho que é uma pretensão muito grande, mas em todo caso, como você está abrindo esta porta, eu vou falar para o futuro. Eu queria dizer a você que no século passado, e isto não é um sonho, uma ilusão, é uma convicção adquirida através de pesquisas que eu fiz – que nunca revelei a ninguém –, mas que eu fiz levado por uma revelação, uma revelação completamente inesperada através de um médium inteiramente ignorante no assunto, e que me abriu o caminho para uma possibilidade muito interessante. Vamos esclarecer isto. No século passado, eu estive na França realmente, mas não era francês; eu era português, eu morava em Portugal, tive uma encarnação em Portugal. Eu fui parar na França como exilado, e como exilado eu tomei conhecimento do espiritismo. Mas não aceitei o espiritismo, porque eu era católico, e era um tipo de católico muito interessante – muito comum, aliás, em Portugal naquela época –, um católico que discordava dos padres, brigava com o clero e não aceitava muito o catolicismo. O meu desejo era encontrar uma forma de fazer o cristianismo voltar ao seu estado primitivo, quer dizer, voltar à verdade pura do Cristo. Era este o meu desejo. Como naquela época eu era também jornalista, como sou hoje, isso ficou gravado em alguns jornais portugueses – e se pode constatar –, de modo que isso me facilitou muito a verificação da realidade.

Jorge Rizzini - Um pormenor, Herculano: você se lembraria do nome que então você tinha?
J. Herculano Pires - Eu não quero dizê-lo Rizzini, você me perdoa isso; mas eu não quero dizer. Eu sei que nessa ocasião...
Jorge Rizzini - Mas é uma fita para o futuro!
J. Herculano Pires - Sim, mas o futuro depois verá. Mas eu tive então a oportunidade de saber que estava se processando uma nova revelação, aquela coisa toda. Mas como católico, eu tinha ideia de que Portugal era um país profundamente católico e que qualquer infiltração de outra religião lá seria prejudicial, porque o povo não estava à altura – segundo eu pensava – de aceitar uma nova concepção de Deus. Então eu não adotei o espiritismo, continuei católico até o fim, mas um católico às avessas porque completamente em luta com o próprio clero. Então eu diria a você: eu não tenho certeza se eu vi algum livro espírita. Eu sei que tive conhecimento do espiritismo, mas se eu visse O livro dos espíritos em Paris nesse dia 14 de julho, naquela época, na Tomada da Bastilha, na data da Tomada da Bastilha, certamente não teria o impacto que hoje me provocaria essa visão. Porque não sabia ainda o que era o espiritismo, nem compreendia, nem tinha possibilidade de saber que o espiritismo realizava aquele meu sonho, o sonho da volta ao cristianismo primitivo. Só depois de passar para o mundo espiritual foi que eu tive contato pleno com a nova revelação. E interessante: foi no espaço em que eu me tornei espírita. Quando eu vim para a Terra, portanto, nascendo aqui no Brasil, dessa vez, e nascendo em Avaré, no estado de São Paulo, no dia 25 de setembro de 1914...

Jorge Rizzini - Um menino católico também...
J. Herculano Pires - Também de uma família católica, tendo educação católica, eu, entretanto, já trazia ideias espíritas bem acentuadas, que foram se revelando em mim independentemente de qualquer influência exterior, de maneira que, agora sim, se eu tivesse depois disso um encontro com O livro dos espíritos, numa livraria de Paris, para mim seria uma grande emoção, uma emoção extraordinária.
Allan Kardec 
Jorge Rizzini - E se você encontrasse, nesta hipótese, por uma das ruas do centro de Paris, de súbito, ao dobrar uma esquina, a figura de Allan Kardec?
J. Herculano Pires - Bom, se eu encontrasse agora, nesta época, quer dizer, depois que sou espírita, então para mim seria uma coisa extraordinária, porque Allan Kardec representa para mim a figura exponencial dos novos tempos na Terra. Assim como Jesus veio para implantar no mundo o reino de Deus, e realmente realizou esse trabalho maravilhoso de implantação do reino de Deus, ele o implantou no coração e na consciência dos homens, dos poucos homens que foram capazes de compreendê-lo até hoje, mas implantou na Terra. E esse reino de Deus vai se desenvolvendo lentamente através dos séculos e vai se realizando apesar dos homens, de maneira que Jesus representou essa figura extraordinária, e Kardec é o seu continuador. Kardec foi aquele que veio trabalhar na era decisiva da implantação do reino de Deus em maior amplitude, quando o reino de Deus vai se efetivar na Terra. Kardec é que trouxe – recebendo o amparo do Espírito da Verdade, a revelação que o Espírito da Verdade transmitiu – esta possibilidade extraordinária de abrir as perspectivas do mundo para uma era inteiramente nova, que está nascendo aos nossos olhos neste momento, neste século 20.

Jorge Rizzini - Muito bem, Herculano. Então se passaram cento e tantos anos que Allan Kardec fez a codificação da doutrina espírita no planeta Terra. Pois bem, como você vê hoje, cento e tantos anos depois, a doutrina espírita em face da humanidade atual?
J. Herculano Pires - Vejo a doutrina espírita, nesse momento, como a única solução para os problemas que afligem a nossa humanidade. Realmente é ela que traz o remédio para todos os males do planeta. Por quê? Porque ela indica os caminhos em todos os sentidos, ela representa, neste momento na Terra, o alicerce de uma nova civilização: a civilização do futuro – para a qual talvez nós estejamos falando nesse momento.
Essa civilização do futuro será construída pelos lineamentos da doutrina espírita. A doutrina espírita é o planejamento geral dessa civilização, e ela está se erguendo nesse sentido, sobre esses alicerces – os alicerces da codificação –, incluindo-se também na codificação, é conveniente dizer, os doze volumes da Revista Espírita do tempo de Allan Kardec, redigidos por ele. Incluindo-se aí, nós temos então um vasto alicerce sobre o qual se desenvolverá a civilização do futuro. Isso nós estamos vendo agora, Rizzini, neste momento, porque nós estamos vendo que tanto no campo das ciências, quanto da filosofia, quanto no campo da religião, os lineamentos do espiritismo estão sendo cumpridos, estão sendo seguidos para a construção de um novo edifício.
Jorge Rizzini - Bem, Herculano, você acaba de abrir um parêntese aqui. Nós vamos formular, de acordo com o que você disse, três perguntas que são básicas para esses ouvintes. Primeira pergunta: como você vê, em face da evolução dos nossos dias, o aspecto científico do espiritismo? É a primeira pergunta. A doutrina espírita responde aos anseios, às interrogações da ciência moderna, nesse momento em que o homem está buscando novos mundos através da astronáutica?
J. Herculano Pires - Você tocou no ponto importante para se desenvolver o problema. Realmente, a simples pesquisa cósmica que se está fazendo neste momento já vem confirmar um dos pontos básicos do espiritismo. É o espiritismo no campo do pensamento moderno, aquela doutrina que afirmou e que vem afirmando há quase um século e meio, vem sustentando a existência real dos mundos habitados no espaço. Assim, o espiritismo precedeu de mais de um século o advento da astronáutica. Isto bastaria para mostrar que no campo das ciências, nós encontramos no espiritismo uma antecipação muito grande a todas as conquistas atuais, porque a astronáutica, ela não resulta apenas de uma tentativa isolada de penetração no cosmos; a astronáutica resulta de um conjunto de evoluções científicas, de processos de desenvolvimento em vários campos da ciência que permitiram então essa tentativa cósmica. Mas, considerando que a ciência que mais contribuiu para esse desenvolvimento foi a física, nós podemos examinar no campo da física o que se passa neste momento. Nós sabemos que depois da penetração, na estrutura da matéria através da física atômica e depois da física nuclear, nós agora já estamos além da matéria com a descoberta, pela física, da antimatéria. Ora, a descoberta da antimatéria representa inegavelmente um rompimento de toda estrutura puramente materialista da física do século 18 e do século 19. A física perde, por assim dizer, a sua qualidade de ciência da matéria, porque ela já passou a investigar o campo da antimatéria, reconhecendo que essa antimatéria, não obstante esteja presente junto à matéria, não obstante se entranhe, por assim dizer, na matéria, interpenetrando-a, esta antimatéria não é matéria. Por isso mesmo que lhe dá o nome de antimatéria. Ela representa um outro elemento. E, além disso, nós sabemos que esta conquista da física projetou-se, por exemplo, na astronomia, de uma maneira bastante significativa, porque os astrônomos, diante das conquistas progressivas da física no campo na antimatéria, passaram a admitir a existência de mundos de antimatéria. Esses mundos de antimatéria no cosmo podem ser considerados por nós, espíritas, como aqueles elementos que constituem o outro mundo, o mundo espiritual de que fala o espiritismo. Ora, descobrindo-se então a existência dos mundos espirituais no espaço, nós estamos em face de uma perspectiva inteiramente nova nas ciências e que vem confirmar princípios básicos do espiritismo. Mas, caminhando ainda no campo da astronomia, nós veremos que até certos enganos verificados nesse processo científico deram resultados favoráveis ao espiritismo.
Isaac AsimovEu quero lembrar aqui, por exemplo, uma teoria exposta no livro de Isaac Asimov sobre o universo, uma teoria que ele formulou para explicar a possibilidade da existência simultânea de mundos de matéria e de antimatéria no espaço. De acordo com o que pensavam os cientistas até há pouco tempo, até a questão de uns dois ou três anos atrás, de acordo com o que pensavam os cientistas, os mundos de antimatéria eram completamente isolados, distanciados dos mundos de matéria. Não poderia haver um encontro, um contato desses mundos, porque eles explodiriam. Isso em virtude do quê? Em virtude de pesquisas de laboratório, onde a criação, a produção de uma partícula que fosse, uma partícula mínima atômica de antimatéria, essa produção não tinha duração, porque ela mal se encontrava com a partícula contrária de matéria, da sua mesma natureza, mas oposta, e as duas explodiam e, dessa explosão, resultava a formação de raios gama.
Então os cientistas chegaram à conclusão de que como há fontes no espaço, grandes fontes distanciadas da Terra, de raios gama, que eram captados aqui, essas fontes deviam representar explosões de mundos materiais e antimateriais que se encontraram. Pois bem, esta teoria levou então os cientistas a procurarem uma hipótese para a explicação da possibilidade de mundos materiais e antimateriais permanecerem conjuntamente no espaço, sem explodir durante milhões e milhões de anos. E a conclusão foi a seguinte: a hipótese mais aventada e que mais conseguiu sustentação foi a que Isaac Asimov  expõe nesse livro, a hipótese de que no seu estado natural, grandes massas de antimatéria constituindo mundos, e de matéria também, ao se encontrarem, elas não provocavam explosão imediata porque, agindo uma sobre a outra, produziam um terceiro elemento, que seria uma espécie de intermediário entre a matéria e a antimatéria. A este elemento eles deram o nome de fluido. Um fluido ainda desconhecido, que separava os dois mundos e permitia que eles vivessem conjuntamente. A explicação de Asimov é muito curiosa, porque ele diz que quando uma gota d’água cai na chapa do fogão, a gota não se evapora imediatamente, porque ao tocar a chapa ela produz vapor; o vapor a levanta sobre a chapa, ela fica no ar, e então continua ainda a existir durante um certo tempo, graças ao vapor que separa a chapa do fogão da água. Esta é a explicação que ele deu para se ter a ideia da possibilidade da convivência dos dois mundos no espaço, de matéria e antimatéria. Pois bem, essa explicação coincide com a teoria espírita do perispírito, que permite a existência conjunta do espírito e da matéria, do corpo material.
O corpo perispiritual, que é considerado no espiritismo como semimaterial, segundo nós vemos no Livro dos espíritos – quer dizer, contendo elementos de matéria e elementos espirituais –, este corpo serve de intermediário entre o espírito e a matéria. Pois bem, a teoria física para explicação da convivência de mundos de antimatéria e mundos de matéria no espaço vem reproduzir simplesmente no plano cósmico a teoria espírita existente para o microcosmo, que é o nosso corpo. Acho que este passo da ciência é de grande importância. Mas sabemos que posteriormente, dois ou três anos depois, os cientistas soviéticos materialistas descobriram, nas suas pesquisas de laboratório, que a antimatéria existe aqui mesmo na Terra, e ligada mesmo ao átomo; o antiátomo e o átomo estão interpenetrados.
Esta outra descoberta traz uma posição também muito favorável ao espiritismo, porque vem confirmar a interpenetração de espírito e matéria, que é sustentada como fundamento da doutrina espírita.
Jorge Rizzini - E você acredita, Herculano Pires, que a ciência materialista dos nossos dias, que já fez essas descobertas formidáveis, que confirmam pelo menos em parte o que a doutrina espírita vem apregoando há mais de um século, você acredita que essa ciência materialista, em particular a parapsicologia, essa ciência irá comprovar todos os fenômenos que Allan Kardec, há mais de cem anos, comprovou e deu em miúdos, em trocados, no seu livro O livro dos médiuns?

Joseph Banks RhineJ. Herculano Pires - Nem há dúvida a respeito. Nem há dúvida pelo seguinte: porque você falou da parapsicologia. Bom, nós estamos falando da física. A física é, como disse o professor Rhine – que é um dos fundadores da parapsicologia moderna –, a física foi até agora a ditadora das ciências. Todas as ciências seguiram os métodos físicos de pesquisa e basearam-se sempre nos conceitos físicos para a sua formulação de hipóteses e as suas concepções. Pois bem. Apesar disso, a física, como nós vimos, já rompeu os limites físicos da sua estrutura, ela penetrou no campo do espírito. Quanto à parapsicologia, ela não é propriamente uma ciência que possa ser incluída no campo materialista. Aliás, foi uma das declarações mais importantes dos seus fundadores, tanto o professor William Mcdougall, inglês, quanto o professor Joseph Banks Rhine, norte-americano, a declaração de que a parapsicologia era a ciência que dava o primeiro passo no rompimento do arcabouço materialista da nossa concepção científica do universo. Realmente era, porque quando ela provou, em 1940, depois de dez anos de pesquisa intensiva de laboratório, quando a parapsicologia provou a existência da telepatia e da clarividência, sendo em primeiro lugar a clarividência, ela já demonstrou aquilo que o professor Ernesto Bozzano dizia: demonstrou que existe no homem um conteúdo que não é físico, não é material. William McDougallEntão a parapsicologia deu um passo realmente anterior ao passo da física no rompimento do arcabouço materialista da nossa concepção do universo. Mas, na parapsicologia atual, nós já vemos que praticamente a escala de fenômenos paranormais, ou de fenômenos mediúnicos, registrados no Livro dos médiuns, desde a simples transmissão de pensamento até a clarividência, a precognição – ou visão do futuro –, a retrocognição e assim por diante, subindo essa escala, nós vamos passando pelos fenômenos teta, que são os fenômenos de manifestações do espírito, e vamos chegar até mesmo a este último fenômeno que está sendo investigado atualmente que é o da memória extracerebral, ou seja, chegamos ao campo da reencarnação.
Então vemos que a parapsicologia cobriu praticamente, a partir dos fenômenos mais simples, mais rudimentares, como a telepatia e a clarividência, cobriu todo o campo fenomênico do espiritismo. Quanto à materialização, que você lembrou, ela também está incluída, não só pelas pesquisas já feitas pela metapsíquica e que a parapsicologia atual aceita – mas pretende renovar no campo de pesquisas –, mas também pelas pesquisas feitas na parapsicologia sobre os fenômenos psicocinéticos, ou seja, de ação da mente sobre a matéria: os fenômenos chamados psi-kapa. De maneira que no campo geral da fenomenologia espírita, a parapsicologia como ciência de tipo comum, ligada às ciências normais, sem nenhuma tentativa assim de colocação do problema em termos espíritas, ela já endossou praticamente toda a verdade espírita.

Jorge Rizzini - Perfeito. Vamos então à segunda pergunta, Herculano. E a sua resposta é dirigida aos ouvintes do futuro. Esta fita pretende ser guardada, ser doada ao Museu Espírita da Guanabara. Ela, portanto, pertence ao homem do futuro. Como você vê o espiritismo hoje, em 1972, em face da filosofia?
J. Herculano Pires - Esta pergunta é bastante interessante, Rizzini, porque realmente a filosofia espírita é uma filosofia de renovação, como nós já tivemos a ocasião de ver no início da conversa. É uma filosofia que pretende renovar inteiramente a nossa concepção do mundo, da vida e do homem, e que está – não apenas pretende –, porque ela está realmente na prática promovendo essa transformação.
Nós sabemos que no nosso século, o século 20 em que estamos, a filosofia característica desse século, considerada por todos os que conhecem o assunto, é a chamada filosofia da existência, a filosofia existencial ou, como alguns chamam, o existencialismo. Pois bem, no campo da filosofia da existência, nós temos várias divisões: temos o seu nascimento, por exemplo, no meio puramente protestante, com Søren Kierkegaard. Mas temos também o seu desenvolvimento no campo católico, com Gabriel Marcel, na França, e temos o desenvolvimento também na Alemanha, no campo protestante dessa filosofia, com grandes pastores e grandes pensadores. E temos, como sabemos, na França, ainda, o grande desenvolvimento dessa filosofia no campo, não digo materialista, mas pelo menos no campo do ceticismo e ligada praticamente ao ateísmo, que é a corrente que tem à sua frente Jean Paul Sartre. O existencialismo sartriano é a filosofia da negação, a filosofia do nada. Mas quando nós investigamos o problema do existencialismo em relação com o espiritismo, nós vemos que o espiritismo se antecipou mais de cem anos ao aparecimento, ao desenvolvimento desta filosofia em nosso tempo. Não digo propriamente o aparecimento, porque Kierkegaard é praticamente um contemporâneo de Kardec.
Søren KierkegaardMas Kierkegaard não fundou uma filosofia; ele apenas deu as notas fundamentais que seriam desenvolvidas posteriormente e que tomariam então, em nosso século, o aspecto de filosofia da existência. Portanto, o problema foi colocado, mas não desenvolvido. Ora, nós verificamos o seguinte: a filosofia da existência tem por finalidade examinar o problema do ser através da existência. A existência nos oferece a possibilidade de uma investigação do ser, não apenas no campo do pensamento abstrato, através da cogitação filosófica, mas diretamente no estudo do homem. O homem é o ser que está concretizado na Terra, manifestado na Terra. Esse homem manifestado na Terra, ele nos oferece uma possibilidade de abordagem para o estudo filosófico do ser, de maneira, podemos dizer, quase concreta. Pois bem, essa tentativa da filosofia da existência, que inverte os termos da filosofia clássica, em vez de partir do exame dos problemas puramente espirituais para a indagação filosófica, parte da existência viva do homem na Terra – essa posição é precisamente a posição espírita. Quando Kardec afirmou que nós temos de investigar a natureza do homem através da mediunidade – porque a mediunidade oferece um novo campo para a descoberta dessa verdadeira natureza humana –, ele já se colocava na mesma posição de Kierkegaard, com uma diferença: que Kierkegaard partia, como teólogo, de uma posição abstrata, ao passo que Kardec partia, como cientista, de uma posição concreta. Ele submetia a criatura humana a todas as experiências necessárias para investigar a realidade essencial do homem. E foi através dessa investigação que ele descobriu não só o espírito humano encarnado, mas também a possibilidade das comunicações e manifestações dos espíritos desencarnados. Isto é de importância muito grande. A filosofia da existência implica ainda no exame da importância da existência do homem na Terra, e do seu destino, o seu destino após o terminar a existência. Podemos lembrar, por exemplo, que Martin Heidegger, na Alemanha, que foi praticamente um dos mestres de Sartre, Martin Heidegger na sua filosofia do ser – ele que se nega a se chamar existencialista, mas que se inclui na filosofia da existência, porque a sua posição é tipicamente existencial –, ele na sua filosofia do ser afirma o seguinte: que o homem, ou melhor, o ser se completa na morte... [inaudível] E de experiências de vital importância para ele, e ele completa realmente um ciclo da sua evolução, partindo então para uma experiência no espaço, da qual voltará em nova existência na Terra. Como vemos, a filosofia, no campo da filosofia, o espiritismo está também confirmado pela mais recente corrente de filosofias atuais, sem contar as confirmações anteriores, que vêm desde Platão, desde os gregos, através de todo espiritualismo na filosofia clássica.

Jorge Rizzini - Perfeito, Herculano Pires. E vamos então à terceira pergunta básica, para os ouvintes do futuro. Como você enxerga, qual a visão que você tem do espiritismo, do ponto de vista religioso, em face do mundo moderno e em face das religiões atuais, em geral?
J. Herculano Pires - Nesse campo também nós assistimos aquilo que podemos dizer uma verdadeira corrida do pensamento contemporâneo em direção aos princípios espíritas. Poderíamos lembrar, por exemplo, inicialmente, no campo do catolicismo, o catolicismo romano, que tem sido o mais renitente, o mais teimoso em permanecer no passado. Nós vemos que a Igreja Católica Apostólica Romana apresenta-se fragmentada e profundamente abalada em nosso tempo. E fragmentada não apenas na sua estrutura religiosa, social e política, mas também fragmentada no tocante ao seu pensamento, à sua solidez teológica, que desapareceu ao impacto do mundo moderno. Então nós vemos as renovações que se passam no catolicismo, todas elas na direção da verdade espírita. Poderíamos falar exteriormente, no tocante ao culto, à liturgia, às transformações, seguindo essa tese famosa, que se tornou famosa em nosso tempo, do esvaziamento da Igreja, no sentido de esvaziar a Igreja de todos os acessórios que lhe foram dados através dos séculos, para que ela possa voltar ao cristianismo primitivo. A eliminação das imagens, dos altares excessivos, de todos os enfeites que existem na Igreja, a eliminação do ritualismo, de tudo isso que está realmente desaparecendo. Isso tudo está mostrando que, do ponto de vista exterior, as religiões – isto não se passa apenas no catolicismo, como sabemos, mas nas demais religiões –, estão caminhando para aquela simplicidade primitiva do cristianismo que o espiritismo sustenta, defende e prega. Mas no campo teológico, que é o mais importante porque é o substancial, é o campo do pensamento dirigindo as igrejas, nós encontramos essa revolução extraordinária que está aí.
Pierre Teilhard de ChardinPor exemplo, a teologia do padre Teilhard de Chardin no catolicismo. O padre Teilhard de Chardin foi quase fulminado pelos anátemas dos seus contemporâneos. No entanto, agora, a Igreja está caminhando rapidamente para a aceitação de todas as teses do padre Chardin. E quais são essas teses? Basta dizer que o padre Chardin nos parece, quando nós lemos o seu livro fundamental, O fenômeno humano, ou qualquer outro dos seus livros, nos parece um decalque, ou simplesmente uma cópia carbono, modificada um pouco para se adaptar ao pensamento católico, dos livros de Léon Denis, que foi o continuador de Allan Kardec, o discípulo dele.
Jorge Rizzini - Aproveitando essa deixa, vamos abrir um parêntese: você acredita então, Herculano Pires, que a doutrina espírita, avançando como está, avançando dia a dia por toda a superfície da Terra, acredita que o espiritismo, pelo seu desenvolvimento no sentido da amplitude do movimento espírita de todos os países, acredita que o espiritismo irá dominar totalmente, as religiões irão desaparecendo aos poucos, em face das conversões do povo, das massas?
J. Herculano Pires - Rizzini, eu não encaro precisamente assim. Eu acredito que a função do espiritismo, como, aliás, queria Kardec desde o princípio, ele não pretendeu, segundo ele declara positivamente, inclusive no livro O que é o espiritismo, ele não pretendeu de maneira alguma fazer uma nova religião, entre tantas religiões existentes na Terra. Ele queria, como codificador do espiritismo, dar uma contribuição para a modificação das religiões, para a modificação da concepção humana a respeito da vida na Terra.
Essa contribuição é que era importante, era a que ele dava grande importância. Mas nós sabemos que o Espírito da Verdade, em suas comunicações com Kardec, e outros espíritos pertencentes à sua falange, deram grande importância ao problema religioso. Por quê? Porque o problema religioso é fundamental. O homem que não estiver integrado numa concepção religiosa profunda, ele não tem as possibilidades da evolução necessária, não se abrem diante dele as perspectivas do futuro como devem se abrir. É necessário que haja religião. Eu entendo que o espiritismo não irá dominar a Terra, como uma forma religiosa. Entendo que ele fará o que o cristianismo fez, com relação à transformação do mundo antigo, o mundo clássico greco-romano. Nós sabemos que o cristianismo modificou esse mundo em todos os seus aspectos; modificou no campo da política, modificou no campo jurídico, no campo filosófico, no campo das estruturas sociais, enfim, em todos os sentidos ele modificou, de acordo com os seus lineamentos, os lineamentos cristãos. Estes lineamentos não eram perfeitos, a modificação não foi total. Mas o espiritismo está realizando o completamento dessa obra; o espiritismo está transformando tudo através da influência dos seus princípios fundamentais, porque esses princípios correspondem à realidade, correspondem à verdade.

Jorge Rizzini - Mas o espiritismo, dominando, penetrando em toda a humanidade, reformando, trazendo à humanidade uma nova cultura, uma nova visão de Deus, uma nova visão do destino, uma nova visão cósmica, as religiões irão subsistir?
J. Herculano Pires - Acredito que as religiões podem subsistir. Não todas, é claro, porque há religiões ainda tão retrogradas, tão atrasadas mesmo no seu desenvolvimento, que não podem atingir o futuro, a não ser que se reformulem totalmente. Mas nós sabemos que uma característica do ser, ou seja, da criatura, seja ela humana ou divina, uma característica é a sua individualidade. Cada criatura humana é uma posição na corrente do tempo, assim como um barqueiro na corrente de um rio tem a sua posição própria e o outro tem outra. Cada consciência humana tem, portanto, a sua própria posição diante da vida, do mundo e dos problemas humanos. Então, nós sabemos que os homens nunca poderiam ser totalmente aglomerados numa posição única. E essas diferenças individuais produzem também as diferenças de agrupamentos. Assim como, apesar do domínio do cristianismo durante os dois mil anos decorridos – apesar do domínio do cristianismo, nós vimos que ele se fragmentou em numerosas posições, determinadas pelas seitas religiosas –, também acredito que a modificação produzida pelo espiritismo não será igualitária do homem, não irá estabelecer uma igualdade absoluta, mas irá criar a possibilidade de uma sintonia, no tocante aos problemas fundamentais. Isto sim. Isto caracterizará a era espírita que, para nós, está surgindo agora no século 20. Essa era espírita está marcando já os pontos fundamentais, para os quais estão convergindo todas as correntes do conhecimento, como nós vimos no campo da ciência, da filosofia e da religião. É nesse sentido que eu acredito que haja uma igualdade, não total, não massiva, por assim dizer, mas uma igualdade num plano abstrato do pensamento, numa concentração de todos os espíritas para os pontos fundamentais da doutrina espírita. Jorge Rizzini

Jorge Rizzini - Todavia, Herculano, ainda abordando esse aspecto, que é muito importante: com a evolução da técnica, com a evolução da sociedade, da humanidade em geral, escolas, faculdades, universidades, a humanidade alfabetizada, porque está marchando para isso, o problema da fome sendo resolvido no futuro com a técnica, com a ciência, e todos os povos tendo conhecimento da doutrina espírita, espalhando-se centros por todo o nosso orbe, você não acredita que esta humanidade lúcida, culta, consciente da sua posição em face do universo, você não crê que não haverá então, em nosso planeta, condição para as religiões vigentes?
J. Herculano Pires - Acho, Rizzini, que realmente a transformação será tão grande, que nós não podemos prever certos aspectos. E é até uma temeridade nós querermos falar deste assunto para o futuro. Mas em todo o caso, nós estamos dando a medida do nosso alcance no presente.
Jorge Rizzini - Mas eu estou me referindo ao futuro sem marcar data, lembre-se disso.
J. Herculano Pires - Sim, não há dúvida. Mas de qualquer forma, o futuro sempre virá trazendo coisas em que nós nem sequer pensamos hoje. Mas eu acredito que realmente não haverá necessidade de insistirmos no domínio, por exemplo, do pensamento espírita, no sentido como nós o conhecemos hoje, para todo mundo. O importante é que o espiritismo sirva de fermento, aquele fermento de que fala Jesus no Evangelho, o fermento que modifica, que leveda a massa do mundo e a transforma. É esta a grande função do espiritismo. E ele não tem mesmo pretensões a um domínio religioso, porque ele acha – e os seus postulados são bem claros nesse sentido – que deve haver sempre, como base fundamental para a evolução das criaturas, o princípio da liberdade, sem o qual não haverá também o princípio da responsabilidade. Ora, a liberdade de cada indivíduo e a liberdade de grupos de indivíduo é que possibilitará, dentro mesmo da concepção espírita da vida, que irá dominar o planeta – a concepção espírita sim, esta irá dominar totalmente o planeta –, haverá a possibilidade de formações, de agrupamentos, de ponto de vista religioso, que possam divergir de outros agrupamentos. Acho que poderá haver realmente diversidade de religiões, mas sempre dentro de uma norma geral, que será a norma espírita.

Jorge Rizzini - Bom, de qualquer maneira, é a implantação da doutrina espírita, não nos seus detalhes, mas no seu conjunto na Terra. Seria?
Humberto MariottiJ. Herculano Pires - Sim, o espiritismo, como nós analisamos ao falar da ciência, filosofia e religião, o espiritismo está, como aquilo que escreveu Humberto Mariotti, o nosso companheiro da Argentina: o espiritismo está como uma estrela de amor no horizonte do mundo, esperando que todas as correntes do conhecimento cheguem até ela. A ciência está chegando, a filosofia está chegando, a religião está chegando, a estética está chegando, a técnica está chegando, a descoberta, por exemplo, agora recentemente pelos russos – pelos russos no seu pensamento materialista de Estado, sustentado pelo Estado –, a descoberta que eles fizeram do perispírito é um passo gigantesco no campo da técnica, mostrando que a técnica também está evoluindo para a pesquisa além da matéria e no campo espiritual.
Jorge Rizzini - E sem esquecer, Herculano, a contribuição dos próprios espíritos, através do fenômeno mediúnico.
J. Herculano Pires - Sim, é claro. É como dizia Sir Oliver Lodge: nós estamos trabalhando dos dois lados de uma montanha, furando um túnel, dizia ele. Do lado de lá está o mundo espiritual, do lado de cá o mundo material. Nós cavoucamos o túnel através da montanha, do lado de cá, mas os espíritos estão cavoucando do lado de lá. E vamos nos encontrar no meio do túnel.
Jorge Rizzini Bem, Herculano, hoje, dia 14 de julho do ano de 1972 – até vamos dar a hora: exatamente às duas horas da madrugada –, vou pedir a você que dê a sua mensagem aos ouvintes, ao povo do futuro, sem data marcada, porque essa fita será apresentada através dos séculos. Nós, Herculano, lutamos muito, estamos em 1972, nós lutamos vinte, trinta anos consecutivos na defesa da doutrina espírita, em polêmicas, na defesa do Cristo, na defesa de Kardec, na defesa dos nossos princípios, na rádio, na televisão, nos jornais. Então eu peço a você, que traz este lastro, esse currículo maravilhoso na defesa da doutrina, que dê a sua mensagem de estímulo aos espíritas do futuro.
J. Herculano Pires - Eu acho, Rizzini, que a minha mensagem não poderá ser de estímulo a eles. Acredito que essa gente do futuro será tão superior a nós, terá tantas possibilidades maiores diante dela, que essa gente do futuro dispensaria qualquer palavra de estímulo de nossa parte. Eu quero apenas saldar, nesses elementos do futuro, nesses homens maravilhosos de amanhã, nessas criaturas que irão povoar não só o nosso país, o Brasil, de Norte a Sul, de Leste a Oeste, mas que irão povoar todos os países do mundo, quero saldar neles a aurora do novo mundo que está raiando na Terra. E quem sabe, Rizzini, se nós teremos a esperança de estar também presente nessa humanidade nova. Se nós fizermos jus a essa situação, quem sabe se estaremos participando daqueles que irão realmente efetivar na Terra a construção do reino de Deus, iniciada pelo Cristo há dois mil anos. É bem possível que isso aconteça. Então, eu, deixando gravadas aqui essas minhas palavras, despretensiosamente – porque o problema delas serem reproduzidas no futuro não é nosso, é um problema que depende apenas dos organismos que forem guardar essa fita –; deixando essas palavras aqui, eu quero dizer a essa gente de amanhã que nós trabalhamos para que o amanhã se realizasse, nós lutamos aqui no Brasil, como lutaram outros na Europa, lutaram outros na América do norte, lutaram outros na América do sul, lutaram outros na Ásia, na África, por toda parte. Lutamos para que o espiritismo pudesse ser estabelecido na Terra como fundamento da nova civilização, do mundo do futuro. Assim, nós temos de certa maneira um orgulho antecipado, uma satisfação, um encantamento prévio por aquilo que essa gente do futuro estará realizando. Porque nós todos fizemos o nosso esforço, e demos tudo o quanto pudemos para transformar o mundo bárbaro em que vivemos hoje, o mundo do século 20, que é ainda um mundo bárbaro, um mundo de violências, um mundo de guerras, um mundo de provas duríssimas, de tristes e amargos sofrimentos; transformar este mundo bárbaro naquele mundo de maravilhosa civilização, de elevação espiritual, de fraternidade humana, anunciado pelo Cristo no seu Evangelho. Nós procuramos fazer o possível, nas nossas imperfeições, com as nossas deficiências e dificuldades, nós batalhamos sem cessar para isso e continuaremos a batalhar.
Prise de la Bastille, por Jean-Pierre HouëlÉ assim que envio daqui, nessa noite de 14 de julho de 1972, em São Paulo, Brasil, no momento em que nós lembramos as lutas da Revolução Francesa, as lutas para a implantação no mundo do regime político mais suave, melhor; quando os pioneiros do momento em que nós estamos, no presente, também lutaram e sofreram como nós; lembrando a epopeia da queda da Bastilha e lembrando também que, na Revolução Francesa, nos ideólogos dessa Revolução, nas transformações que ela produziu no mundo, nós podemos encontrar muitas raízes, por assim dizer, do pensamento espírita, que se desenvolveram através do tempo – problema esse que eu procurei colocar no meu livro O espírito e o tempo, mostrando a Revolução Francesa como um episódio alegórico da história do mundo, um episódio em que o mito e a história se misturam de tal forma que muitas vezes se confundem. Lembrando tudo isso, nós queremos dirigir também a nossa saudação neste momento à França de amanhã, à França que viu Kardec nascer, à França que viu o espiritismo nascer em seu seio, na cidade de Paris – que era então o cérebro do mundo –, à França que teve Léon Denis – aquele que Conan Doyle dizia ser um lutador contínuo através do espaço e do tempo –, de Gabriel Delanne, de Alexandre Delanne e de todos os demais, Flammarion, o grande Flammarion, que anteviu a era cósmica com tanta visão, tanta grandeza de visão. À França de todos esses gênios e de todos os gênios que realmente lutaram para que o mundo se transformasse, nós queremos enviar daqui a nossa saudação à França de amanhã, à França do futuro, na esperança de que ela – que neste momento, no século 20, está ainda numa situação bastante inferior em face do desenvolvimento do espiritismo –, que ela tenha readquirido no futuro o seu elã espiritual, e através disso tenha realmente feito jus à sua condição de berço do espiritismo ao mundo, de berço da doutrina que trouxe a nova civilização. Esperamos muito da França, e temos a certeza de que, se Deus quiser, brilhará sobre a França, no futuro, o triunfo do espiritismo.

Jorge Rizzini - E aqui, ouvintes do futuro, fica o depoimento de José Herculano Pires. Que você possa tirar dessas palavras, saídas da inteligência e do coração de Herculano Pires, o melhor proveito. Que essas palavras sejam para você um estímulo, para que continue a praticar e a divulgar, a propagar a doutrina espírita, que é a redenção da humanidade, dessa humanidade que vai marchando gradativamente a caminho de Deus, que é o criador do universo, o criador da vida e o nosso verdadeiro pai. Que Deus nos abençoe hoje e sempre.
  
Fonte: http://www.herculanopires.org.br/entrevistaparaofuturo

Biografo do Chico Xavier, agora é também biografo de Allan Kardec


Nessa biografia, Marcel Souto Maior investiga a vida do codificador da doutrina espírita, Allan 

Kardec. O que transformou o cético em referência fundamental de uma religião? 

O que o convenceu a acreditar que os mortos estavam vivos e se comunicavam através de médiuns? 

O que o fez enfrentar adversários ferrenhos da Igreja e da imprensa para levar ao maior número de leitores sua fé na sobrevivência do espírito? 

Foi em busca de respostas para estas perguntas que o autor, biógrafo de Chico Xavier, saiu a campo. 

O resultado de sua pesquisa é um retrato surpreendente do homem que virou símbolo de uma doutrina para milhões de seguidores e ajudou a transformar o Brasil no maior país espírita do mundo.

Lançamento previsto para: 21/10/2013

23 de setembro de 2013

Fé Inabalável




"Allan Kardec afirmou: Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade.
 

Acreditar em Deus, na imortalidade do Espírito, na excelência dos postulados da reencarnação e permitir-se abater quando convidado a demonstração da capacidade de resistência, é lamentável queda na leviandade ou clara demonstração de que a fé não é real...
 

Permitir-se depressão porque aconteceram fenômenos desagradáveis e até mesmo desestruturadores do comportamento, significa não somente debilidade emocional que apenas tem fortaleza quando não há luta, mas também total falta de confiança em Deus.
 

Quando a fé é raciocinada, estribada nas reflexões profundas em torno dos significados existenciais, tem capacidade para enfrentar os problemas e solucioná-los sem amargura nem conflito, para atender as situações penosas com tranquilidade, porque identifica em todas essas situações as oportunidades de crescimento interior para o encontro com a VERDADE.
 

O conhecimento do Espiritismo liberta a consciência da culpa, o indivíduo de qualquer temor, facultando-lhe uma existência risonha com esperança e realizações edificantes pelos atos. Não apenas enseja as perspectivas ditosas do porvir, mas sobretudo ajuda a trabalhar o momento em que se vive, preparando aquele que virá".


Joanna de Ângelis

Renato Pietro encanta o Teatro Guararapes com seus encontros...




No último domingo (21/09) oportunamente assisti com a minha caríssima amiga do coração Sheila, a peça do Renato Pietro, “Encontros impossíveis”, que aconteceu aqui em Olinda no Teatro Guararapes. O teatro estava lotado. O clima do ambiente espiritualmente e materialmente era agradabilíssimo. Não poderia ser pra menos, pois 50% da renda foram destinadas para a reabertura do Grupo Sempre Viva, instituição filantrópica que trabalha com mulheres de rua vítimas de HIV/Aids. Fundado em 1997, desde 2002 o espaço está locado no bairro de Dois Unidos e abriga mulheres vítimas da doença. A peça conta a história de um jornalista de meia-idade que, desiludido com a vida, de repente se vê entrevistando grandes personalidades já falecidas. O espetáculo mescla espiritualidade e tecnologia e convida o público se questionar sobre as escolhas da vida. A peça é um convite a reflexão, emoção e ao riso. O personagem Adão, contracena, através de projeções de imagens, (infelizmente alguns pesaram que se tratava de Hologramas), com nomes como Freud, Carmen Miranda, Marilyn Monroe, Gandhi, Madre Teresa de Calcutá, Chico Xavier e outros personagens.  Devo confessar que as interações com o Freud, Gandhi e Chico Xavier, são sensacionais. Renato Prieto divide o palco também com o ator Victor Meirelles. Infelizmente a peça não tem patrocínios, no que o Renato, falou que alguns empresários devam estar guardando dinheiro para a próxima encarnação. No final, em clima de bom humor (característica ímpar do ator), o Pietro falou que aqueles que adquirissem o seu “Cd de Preces” na saída, ganhariam mais 10 anos na matéria, como não somos bestas, compramos.   Recomendamos a peça para todos. Se inscrevam no site do Renato, para ficar por dentro das próximas cidades, onde ela futuramente vá estrear: Site Renato Pietro

18 de setembro de 2013

A PRERROGATIVA DA ESCOLHA DAS PROVAS E SUAS LIMITAÇÕES


A escolha das provas, como manifestação do livre-arbítrio, entretanto, não tem caráter absoluto, uma vez que Deus [...] pode impor certa existência a um Espírito, quando este, pela sua inferioridade ou má-vontade, não se mostra apto a compreender o que lhe seria mais útil, e quando vê que tal existência servirá para a purificação e o progresso do Espírito, ao mesmo tempo que lhe sirva de expiação. 5
 
Assim, pode-se dizer que as [...] leis inflexíveis da Natureza, ou, antes, os efeitos resultantes do passado, decidem a sua reencarnação. O Espírito inferior, ignorante dessas leis, pouco cuidadoso de seu futuro, sofre maquinalmente a sua sorte [...]. O Espírito adiantado inspira-se nos exemplos que o cercam na vida luídica, recolhe os avisos de seus guias espirituais, pesa as condições boas ou más de sua reaparição neste mundo, prevê os obstáculos, as dificuldades da jornada, traça o seu programa e toma fortes resoluções com o propósito de executá-las. Só volta à carne quando está seguro do apoio dos invisíveis, que o devem auxiliar em sua nova tarefa. 12
 
Por outro lado, quando, em sua origem, o Espírito é ainda inexperiente para escolher adequadamente as provas da sua existência, Deus lhe supre a inexperiência, traçando-lhe o caminho que deve seguir [...]. Deixa-o, porém, pouco a pouco, à medida que o seu livre-arbítrio se desenvolve, senhor de proceder à escolha e só então é que muitas vezes lhe acontece extraviar-se, tomando o mau caminho, por desatender os conselhos dos bons Espíritos.

Ainda a propósito da questão da escolha das provas, são bastante elucidativos os comentários do instrutor Druso, trazidos por André Luiz no seguinte relato:


Há trinta anos, desfrutei o convívio de dois benfeitores, a cuja abnegação muito devo neste pouso de luz. Ascânio e Lucas, Assistentes respeitados na Esfera Superior, integravam-nos a equipe de mentores valorosos e amigos... Quando os conheci em pessoa, já haviam despendido vários lustros no amparo aos irmãos transviados e sofredores. Cultos e enobrecidos, eram companheiros infatigáveis em nossas melhores realizações. Acontece, porém, que depois de largos decênios de luta, nos prélios da fraternidade santicante, suspirando pelo ingresso nas esferas mais elevadas, para que se lhes expandissem os ideais de santidade e beleza, não demonstravam a necessária condição especica para o voo anelado. Totalmente absortos no entusiasmo de ensinar o caminho do bem aos semelhantes, não cogitavam de qualquer mergulho no pretérito, por isso que, muitas vezes, quando nos fascinamos pelo esplendor dos cimos, nem sempre nos sobra disposição para qualquer vistoria aos nevoeiros do vale... Dessa forma, passaram a desejar ardentemente a ascensão, sentindo-se algo desencantados pela ausência de apoio das autoridades que lhes não reconheciam o mérito imprescindível. Dilatava-se o impasse, quando um deles solicitou o pronunciamento da Direção Geral a que nos achamos submissos.

O requerimento encontrou curso normal até que, em determinada fase, ambos foram chamados a exame devido. A posição imprópria que lhes era característica foi carinhosamente analisada por técnicos do Plano Superior, que lhes reconduziram a memória a períodos mais recuados no tempo. Diversas fichas de observação foram extraídas do campo mnemônico, à maneira das radioscopias dos atuais serviços médicos no mundo e, através delas, importantes conclusões surgiram à tona... Em verdade, Ascânio e Lucas possuíam créditos extensos, adquiridos em quase cinco séculos sucessivos de aprendizado digno, somando as cinco existências últimas nos círculos da carne e as estações de serviço espiritual, nas vizinhanças da arena física; no entanto, quando a gradativa auscultação lhes alcançou as atividades do século XV, algo surgiu que lhes impôs dolorosa meditação... Arrebatadas ao arquivo da memória e a doer-lhes profundamente no espírito, depois da operação magnética a que nos referimos, reapareceram nas fichas mencionadas as cenas de ominoso delito por ambos cometido, em 1429, logo após a libertação de Orleães, quando formavam no exército de Joana d´Arc... Famintos de influência junto aos irmãos de armas, não hesitaram em assassinar dois companheiros, precipitando-os do alto de uma fortaleza no território de Gâtinais, sobre fossos imundos, embriagando-se nas honrarias que lhes valeram, mais tarde, torturantes remorsos além do sepulcro. Chegados a esse ponto da inquietante investigação, pela respeitabilidade de que se revestiam, foram inquiridos pelos poderes competentes se desejavam ou não prosseguir na sondagem singular, ao que responderam negativamente, preferindo liquidar a dívida, antes de novas imersões nos depósitos da subconsciência. Desse modo, em vez de continuarem insistindo na elevação a níveis mais altos, suplicaram, ao revés, o retorno ao campo dos homens, no qual acabam de pagar o débito a que aludimos. – Como? – indagou Hilário, intrigado. – Já que podiam escolher o gênero de provação, em vista dos recursos morais amealhados no mundo íntimo – informou o orientador –, optaram por tarefas no campo da aeronáutica, a cuja evolução ofereceram as suas vidas. Há dois meses regressaram às nossas linhas de ação, depois de haverem sofrido a mesma queda mortal que infligiram aos companheiros de luta no século XV. – E o nosso caro instrutor visitou-os nos preparativos da reencarnação agora terminada? – inquiri com respeito. – Sim, por várias vezes os avistei, antes da partida. Associavam-se a grande comunidade de Espíritos amigos, em departamento específico de reencarnação, no qual centenas de entidades, com dívidas mais ou menos semelhantes às deles, também se preparavam para o retorno à carne, abraçando, assim, trabalho redentor em resgates coletivos. – E todos podiam selecionar o gênero de luta em que saldariam as suas contas? – perguntei, ainda, com natural interesse. – Nem todos – disse Druso, convicto. – Aqueles que possuíam grandes créditos morais, qual acontecia aos benfeitores a que me reporto, dispunham desse direito. Assim é que a muitos vi, habilitando-se para sofrer a morte violenta, em favor do progresso da aeronáutica e da engenharia, da navegação marítima e dos transportes terrestres, da ciência médica e da indústria em geral, verificando, no entanto, que a maioria, por força dos débitos contraídos e consoante os ditames da própria consciência, não alcançava semelhante prerrogativa, cabendo-lhe aceitar sem discutir amargas provas, na infância, na mocidade ou na velhice, através de acidentes diversos, desde a mutilação primária até a morte, de modo a redimir-se de faltas graves
.
13
 
Levando-se em conta tudo o que foi exposto, pode-se concluir que a prerrogativa de o Espírito escolher as provas da existência carnal está sempre em consonância com as suas condições de fazer uma escolha correta, com vistas aos próprios interesses espirituais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


5. KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 91 

ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Questão 262-a, p. 198.
 

12. DENIS, Léon. Depois da morte. Tradução de João Lourenço de Souza. 
26 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. XLI, p. 247.
 

13. XAVIER, Francisco Cândido. Ação e reação. Pelo Espírito André Luiz. 
28 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 18, p. 247-249.

15 de setembro de 2013

6º Encontro Nacional dos Amigos de Chico Xavier e sua Obra em outubro no Teatro Guararapes:


6º Encontro Nacional dos Amigos de Chico Xavier e sua Obra, que será realizado em outubro/2013, no Teatro Guararapes - Centro de Convenções de Pernambuco.
A ficha de inscrição já se encontra disponível no site do Seara de Deus:

www.searadedeus.org.br

Todos estão convidados!

A inscrição é necessária, porém gratuita!

Pedimos também a doação de 01 ou 02 quilos de alimentos não perecíveis para serem levados ao sertão de Pernambuco, em socorro às criaturas irmãs atingidas pela longa estiagem deste ano.

Faça sua inscrição e aguarde um e-mail da organização do evento confirmando a mesma, nele seguirá seu número de inscrição.

Imprima o e-mail e leve com você no dia do evento.

13 de setembro de 2013

PERDOAI



Façamos uma reflexão em torno dos objetivos essenciais da nossa existência na Terra, perguntando de maneira profunda e significativa: que queres que eu faça, Senhor?

Quando Ele apareceu às portas de Damasco ao inimigo, a sua pergunta foi caracterizada pela ternura: Saulo, Saulo, porque me persegues? 

Quantas vezes estaremos repetindo essa mesma pergunta porque a dor agasalhou-se em nosso coração, porque o sofrimento tomou conta do país da nossa alma.

Saulo, no entanto, teve a sabedoria de contra-interrogar ao Senhor. Era o servo que encontrava seu amo, o escravo que encontrava o seu senhor. 

Que queres que eu faça? 

Ele respondeu:  vá a Damasco e ali te dirão o que deves fazer. 

Damasco, filhos da alma, é a província da nossa consciência. Sigamos em direção da nossa consciência e descubramos o que nos é lícito fazer, diante dos desafios que se encontram à nossa frente.  Jesus veio para que tivéssemos vida e vida em abundância. E nos ofereceu em holocausto a Sua vida. Não temas aquele que permanece no mal. Não vos pode fazer mal algum, se não aceitardes o desafio do seu atrevimento. Com Jesus aprendei a permanecer no bem. A dor que a todos nos assalta é nada mais do que um acidente de percurso induzindo-nos ao amadurecimento espiritual. Sem qualquer masoquismo, bendigamos a dor libertadora que demonstra a fragilidade do corpo no qual estais e a debilidade das forças morais que a todos nos caracteriza.

Somos da Divina Luz gerados. Permitamos que o Deus interno expanda-se e consiga vencer todas as trevas. Ide e amai! Parti daqui com a alma referta de esperança e perdoai! Mesmo àquele que parece não ser credor do perdão, perdoai, porque a vós fará bem.

A Justiça Divina, a seu modo e termo, realizará a retificação do infrator. Mas a vós, a nós, cabe perdoar sempre e incessantemente. Os espíritos espíritas que aqui se encontram em nome da brasilidade espiritual, enternecidos, distribuem energias saudáveis por sobre todos vós  que nos ouvistes onde quer que estejais e que acompanhais este momento de clausura de mais uma etapa que oferece iluminação para as consciências saírem daqui modificadas pelo Espírito do Cristo, vós que tendes a honra e a glória de conhecer Jesus. E quando alguma noite vos parecer excessivamente tempestuosa, buscai a Estrela de primeira grandeza que é Jesus e segui o seu rumo, para que no término

Ele passe a viver em vós. Muita paz, filhos da alma! São os votos do servidor humílimo e paternal de sempre, 

Bezerra. 

Muita paz.

Fonte:Mensagem do Espírito Bezerra de Menezes através do médium Divaldo Pereira Franco, no encerramento da 60ª Semana Espírita de Vitória da Conquista, em 08 de setembro de 2013, no Centro de Convenções Divaldo Franco.

veja o vídeo com a mensagem:

http://www.youtube.com/watch?v=5SoNWSQHqGA

9 de setembro de 2013

Como ocorre a morte?

Este é um curta metragem espírita baseado no livro Obreiros da Vida Eterna, de André Luiz, editora FEB, que narra o processo de desencarnação do personagem Dimas, confiram:



8 de setembro de 2013

Em breve no Recife a peça “Encontros Impossíveis” com Renato Prieto:

Renato Prieto, que viveu André Luis, o protagonista do filme espírita “Nosso Lar”, deve desembarcar em breve no Recife em cartaz com a peça  “Encontros Impossíveis”. No palco do Teatro Guararapes, ele vai protagonizar um veterano jornalista que  começa a repensar as escolhas que fez na vida ao receber visitas de personalidades que gostaria de ter entrevistado. O personagem Adão contracena com nomes como Freud, Carmen Miranda, Marilyn Monroe, Gandhi, Madre Teresa de Calcutá, Chico Xavier e outros personagens.  O espetáculo está agendado para os dias 20 e 21 de setembro tendo toda a renda revestida para a ONG Sempre Viva, que cuida de mulheres e crianças portadores do vírus HIV, e infelizmente teve que fechar as portas por falta de recursos financeiros. Renato Prieto, sabendo disso está vindo à nossa capital especialmente com o intuito de ajuda-los. Peço aos amigos espíritas de Pernambuco para irem prestigiar essa peça que é um verdadeiro espetáculo de espiritismo e tecnologia. 

Ingressos vendidos na Barca Espírita, Livraria Renascer, Casas dos Humildes e FEP pelo valor de R$:30,00.