26 de setembro de 2012

TITANIC ESPÍRITA ?

 

- Sabe, Ribeiro, estamos muito aflitos. Com exceção desta instituição que você dirige em sintonia com os ideais superiores e de mais umas duas ou trés aqui nesta cidade, não temos encontrado ambiente favorável entre os espíritas, para a multiplicação do chamamento - falou Jerônimo. 

- Entendo o que dizem, meus amigos. Nossa realidade espiritual não os empolga. Já observamos esse comportamento em muitos de nossos queridos irmãos. Todos nós somos provenientes de outros caminhos religiosos nas muitas vidas já vividas, quando viciamos a crença nos modelos da inoperância e da preguiça. Então, mesmo depois que aceitam o trabalho espírita nesta jornada, no fundo anseiam por um cargo, por um posto onde se assentem e permaneçam na mesmice, sem empenho profundo na transformação. 
Tais dirigentes espiritas se assemelham ao capitão de um navio que, naufragando, em vez de avisar os passageiros de que tudo vai afundar, mantém o cassino funcionando para tudo parecer normal, manda a orquestra tocar mais alto para esconder os ruídos do afundamento, não espalha salva vidas nem ordena que se baixem os botes salva vidas a fim de que não se levantem suspeitas da tragédia em andamento. Desse modo, não previnem os passageiros para a tormenta que os aguarda e contra a qual poderiam estar bem mais preparados. 
Os trabalhadores espíritas são como a tripulação desse navio que, não podendo afrontar o capitão, tem que obedecer às suas ordens. Quando muito poderiam comentar em sigilo a alguns íntimos sobre o naufrágio, com o compromisso que o capitão não venha a saber ou desconfiar de que suas regras estão sendo quebradas.
Por incrível que pareça, capitão e tripulação estão avisados de que o navio está indo para o fundo.

Fonte: "No final da Última Hora" de Lúcius/ André Luiz Ruiz, capítulo "Os Espíritas"


Penso que o mesmo acontece nas casas espíritas, onde os dirigentes colocam o seu personalismo e exclusivismo em primeiro plano em forma de sofismas baratos.
Pobre de quem os confrontar, pois serão considerados obsediados cegos e surdos, que não reconhecem a beleza dos cassinos e o trabalho que é em organizar as festas...

Mas mesmo assim, aparece um tolo que os alertam: A frente do navio precisa urgentemente de uma reforma...

Mas eles ignoram, só depois de muito admoestar, é que tomam providência. Só que o iceberg, já se faz presente... em forma de Transição Planetária!


Nesse momento terão que prestar contas dos rebanhos que o Consolador Prometidos, os confiou... 

E perceberão, que a assertiva do Mestre: "Nem todos os que dizem: Senhor, Senhor, entraram no Reino dos Céus...", é fundamental para os tirar do naufrágio... Mas só  aqueles que fizeram à vontade do Pai,é que serão salvos,os demais vão ter que navegar por mares turbulentos para aprenderem a colocar em prática o que só aprenderam na teoria.


Regih Silva.



25 de setembro de 2012

SER FELIZ...



As estradas que nos levam à felicidade fazem parte de um método gradual de crescimento íntimo cuja prática só pode ser exercitada pausadamente, pois a verdadeira fórmula da felicidade é a realização de um constante trabalho interior.
 

Ser feliz não é uma questão de circunstância, de estarmos sozinhos ou acompanhados pelos outros, porém de uma atitude comportamental em face das tarefas que viemos desempenhar na terra.
 

Nosso principal objetivo é progredir espiritualmente e,ao mesmo tempo, tomar consciência de que os momentos felizes ou infelizes de nossa vida são o resultado direto de atitudes distorcidas ou não, vivenciadas ao longo do nosso caminho.
 

No entanto, por acreditarmos que cabe unicamente a nós a responsabilidade pela felicidade dos outros, acabamos nos esquecendo de nós mesmos. Como consequência, não administramos, não dirigimos,e não conduzimos nossos próprios passos.
 

Tomamos como jugo deveres que não são nossos e assumimos compromissos que pertencem ao livre-arbítrio dos outros. O nosso erro começa quando zelamos pelas outras pessoas e as protegemos, deixando de segurar as rédeas de nossas decisões e de nossos caminhos.
 

Construímos castelos no ar, sonhamos e sonhamos irrealidades, convertemos em mito a verdade e, por entre ilusões românticas, investimos toda a nossa felicidade em relacionamentos cheios de expectativas coloridas, condenando-nos sempre a decepções crônicas.
 

Ninguém pode nos fazer felizes ou infelizes, somente nós mesmos é que regemos o nosso destino. Assim sendo, sucessos ou fracassos são subprodutos de nossas atitudes construtivas ou destrutivas.
 

A destinação do ser humano é ser feliz, pois todos fomos criados para desfrutar a felicidade como efetivo patrimônio e direito natural.
 

O ser psicológico está fadado a uma realização de plena alegria, mas por enquanto a completa satisfação é de poucos, ou seja, somente daqueles que já descobriram que não é necessário compreender como os outros percebem a vida, mas sim como nós a percebemos, conscientizando-nos de que cada criatura tem uma maneira única de ser feliz. Para sentir as primeiras ondas do gosto de viver, basta aceitar que cada ser humano tem um ponto de vista que é válido, conforme sua idade espiritual.
 

Para ser feliz, basta entender que a felicidade dos outros é também a nossa felicidade, porque todos somos filhos de Deus, estamos todos sob a PROTEÇÃO DIVINA e formamos um único rebanho, do qual, conforme as afirmações evangélicas, nenhuma ovelha se perderá.
 

É sempre fácil demais culparmos um cônjuge, um amigo ou uma situação pela insatisfação de nossa alma, porque pensamos que, se os outros se comportassem de acordo com nossos planos e objetivos, tudo seria invariavelmente perfeito. 

Esquecemos, porém, que o controle absoluto sobre as criaturas não nos é vantajoso e nem mesmo possível. 

A felicidade dispensa rótulos, e nosso mundo seria mais repleto de momentos agradáveis se olhássemos as pessoas sem limitações preconceituosas, se a nossa forma de pensar ocorresse de modo independente e se avaliássemos cada indivíduo como uma pessoa singular e distinta.
 

Nossa felicidade baseia-se numa adaptação satisfatória à nossa vida social, familiar, psíquica e espiritual, bem como numa capacidade de ajustamento às diversas situações vivenciais. 

Felicidade não é simplesmente a realização de todos os nossos desejos; é antes a noção de que podemos nos satisfazer com nossas reais possibilidades.
 

Em face de todas essas conjunturas e de outras tantas que não se fizeram objeto de nossas presentes reflexões, consideramos que o trabalho interior que produz felicidade não é, obviamente, meta de uma curta etapa, mas um longo processo que levará muitas existências, através da Eternidade, nas muitas moradas da casa do Pai.

Fonte:Renovando Atitudes, Francisco do Espírito Santo Neto
pelo espírito Hammed.

20 de setembro de 2012

FRANCISCO DE PAULA CÂNDIDO OU PURAMENTE O “CÂNDIDO XAVIER” DE TODOS OS POVOS.



Temos acompanhado a votação do “Maior brasileiro de todos os tempos”. Observamos que há extraordinário entusiasmo da plateia do SBT. Percebemos isso, principalmente quando foi anunciada a vitória do Chico Xavier sobre Airton Senna, sendo, por esse motivo, eleito para a grande final do certame. Assim como o século XIX, em termos de Espiritismo, foi o “Século de Allan Kardec”, o século XX e XXI serão conhecidos, no Brasil, como os “Séculos de Chico Xavier”.  Há um intenso acatamento por Chico Xavier na Pátria do Evangelho e, em particular, em Minas Gerais, que o elegeu, em promoção da Rede Globo-Minas, em 2000, “O mineiro do século”, com mais de 700.000 votos, derrotando Santos Dumont, Pelé, Betinho, Carlos Drummond de Andrade, Juscelino Kubitschek, Carlos Chagas, Guimarães Rosa e outros. Há alguns anos ocorreu outro sufrágio para eleger o “Maior brasileiro da história” , realizada pela revista Época na internet, e na ocasião o médium de Pedro Leopoldo obteve 36% do total dos votos, sendo eleito o Maior brasileiro da história.
Transcorridos 102 anos do nascimento do maior médium da história e seu nome permanece estimado. É até natural que tenhamos uma renovação do interesse pelo tema “Chico Xavier”: desde filmes a livros e matérias de revistas conhecidas, além é claro dos costumeiros ataques. Chico sempre inspirou os crédulos e algumas vezes incomodou os agentes contrários ao Espiritismo. Curiosamente o filme As vidas de Chico Xavier foi baseado numa pesquisa do jornalista – e descrente – Marcel Souto Maior sobre a vida de Chico. Foi uma biografia escrita por um céptico que gerou um filme dirigido por um ateu (Daniel Filho), tendo o papel de protagonista incidido sobre um ator que além de ateu sempre foi comunista (Nelson Xavier). Detalhe: Todos se disseram “mudados” pela história de Chico (1).
A figura de Chico Xavier, como pessoa, ainda é insuficientemente conhecida. Newton Boechat dizia “Chico Xavier é indimensionável.  Sobre ele nada adiantam os critérios humanos que sempre refletem os seus biógrafos, nunca o biografado.(2)  Para Cesar Perri, diretor da Federação Espírita Brasileira, “a portentosa obra mediúnica de Chico Xavier constituir-se-á em matéria para metabolização em longo prazo, por parte da família espírita e da Humanidade. Há claras propostas traçadas para um novo homem e para a construção de uma nova sociedade.” (3)
Chico Xavier nunca pensou em si, e sim, no próximo, mormente os carentes. Seus mais de 400 livros somam aproximadamente 45 milhões de cópias vendidas, segundo Perri. “Somente o livro ‘Nosso Lar’ tem 2,5 milhões de edições comercializadas em 15 idiomas”.(4) São livros publicados em diversos idiomas, cerca de 600 autores e centenas de mensagens esparsas, cujos direitos autorais (se cobrasse)lhe granjeariam a fabulosa fortuna de aproximadamente 200 milhões de reais, que ele caridosamente doou e distribuiu para centenas de instituições filantrópicas.  Chico nunca ficou com um centavo do dinheiro arrecadado com as vendas. Viveu inteiramente a vida em residência humilde, sustentado por sua aposentadoria, e atendendo pessoas de segunda a sábado sem jamais cobrar nada de alguém.
Não há, na história humana, um único caso de potencial mediúnico que se compare a Chico na psicografia. Ele nunca foi psicopata ou epilético. Não há um único registro médico de alguma doença mental!Mas, em nome da pseudociência críticos de plantão apresentaram 4 explicações para o fenômeno “Chico Xavier”: psicose, epilepsia, criptomnésia e telepatia. Esqueceu-se, no entanto, de pedir aos “cientistas” para reproduzir em outras pessoas o fenômeno mediúnico e escrever obras do nível de “Evolução em Dois Mundos”, “Mecanismos da Mediunidade”, “A Caminho da Luz”, “O Consolador” com conteúdos cientificamente irrepreensíveis, e romances do gênero “Há Dois Mil Anos”, “Ave Cristo!”, “Renúncia”, “Paulo e Estevão”, incomparáveis em beleza e em profundidade.
O que seria a tal criptomnésia, por exemplo, é um tipo de distúrbio de memória que faz com que as pessoas se esqueçam de que conhecem uma determinada informação. Segundo essa teoria, Chico psicografava “sem saber” do próprio inconsciente, e resgatava as informações que já havia “lido em algum lugar” durante a vida. Porém, imaginemos que junto a sua biblioteca composta de poucos livros e algumas revistas que ocasionalmente leu durante a vida, expliquem como tais informações se alojaram no seu inconsciente sem que ele conhecesse, nada mais risível... E sobre as poesias? E quanto aos volumes científicos? E quanto às explicações a propósito de economia e outros temas completamente fora de sua competência que deu certa ocasião aos inquisidores da Revista Cruzeiro que tentaram humilhá-lo?
Anotou Marcel Souto Maior que quando os jornalistas da Revista Cruzeiro realizaram a célebre reportagem tentando ridicularizá-lo e desacreditá-lo, Chico reclamou para Emmanuel e este respondeu: “Rejubile-se, lembre que  Jesus Cristo foi para cruz e você foi para o “Cruzeiro”.(5)
Lembram-se do espetáculo cultural que demonstrou durante o programa Pinga-Fogo da TV Tupi, realizado em 27 de julho de 1971?  Chico provou seu descomunal conhecimento e incomensurável  desenvoltura poética.  À época, os antagonistas insinuaram que Chico Xavier foi um fracasso no “Pinga-Fogo”, todavia, conforme o “IBOPE” da época, 40 milhões brasileiros assistiram ao programa. Considerando-se que a população na época era de 90 milhões de habitantes, estamos diante de um fenômeno único na tevê aberta do País. Foi a maior audiência em percentagem da TV brasileira, maior até do que a final da copa de 70. Chico sofreu uma devassa de indagações, mas, convenceu e agradou de tal maneira o público, que a TV Tupi deliberou produzir novo “Pinga-Fogo” em 12 de dezembro de 1971.
Para desgosto dos detratores, consignamos que os maiores poetas e eruditos brasileiros defenderam Chico Xavier.  Em 1932, Humberto de Campos, presidente da Academia Brasileira de Letras, indumentado de espantosa audácia ética, deu entrevista ao “Diário Carioca” acastelando o médium, exaltando os temas e os estilos dos espíritos comunicantes, fiéis aos que tinham em vida terrena. Sobre esta hipótese no mínimo tão fantástica quanto à hipótese dos espíritos existirem, Monteiro Lobato declarou: “Se Chico Xavier produziu tudo aquilo por conta própria, merece quantas cadeiras quiser na Academia Brasileira de Letras”. Agripino Grieco, um dos mais receados e reverenciados críticos literários do País, confessadamente católico, testemunhou, espantado, Chico psicografar escritos de Augusto dos Anjos e Humberto de Campos, deixando evadir-se no seu arrebatamento e admiração perante estilos sóbrios e irrepreensíveis.
Asseguramos, sem fanatismo nenhuma, que inexistirá quem possa substituí-lo com a mesma índole de coragem, humildade, amor e elevação espiritual. Percebemos que aguardaremos uma eternidade (coloca tempo nisso!), até que Deus expeça a reencarnação de outro ser humano (ou sobre-humano?) da mesma natureza moral de Francisco de Paula Cândido (nome civil), ou seja, Francisco Cândido Xavier (pseudônimo literário), o “Cândido Xavier” de todos os povos.
Uma situação que muito nos entristece presentemente são as bombásticas “revelações” dos que conviveram com ele e estão alegando que Chico disse lhes isso ou aquilo (assuntos forasteiríssimos tais como previsões com datações de catástrofes, extraterrestres, abduções, “suas” reencarnações anteriores etc...). Em verdade uma coisa é ouvir dizer que o Chico disse (!); outra é ouvir o Chico dizer. Uma coisa é ler narrações a respeito dele; outra é vê-lo expressar-se naquela simplíssima modalidade, como ele o fez.  Ele foi, no culminante da compreensão humana, aquele amor que se deu, firmemente, e que, agora, por íntimo regozijo de si mesmo empunhará das esferas luminosas o bastão dos destinos da Terceira Revelação na Terra.
Recordamos que no dia 30 de Junho de 2002, a televisão noticiou em apenas 15 segundos o seu falecimento para exibir horas a fio a repercussão da conquista do penta campeonato pela seleção brasileira de futebol. No dia seguinte as pessoas chegaram ao trabalho e conversaram, não sobre o Chico Xavier, mas sobre a Copa conquistada.
Em verdade, Chico deixou a existência no mundo discretamente, sem ostentação, sem algazarra.  Sua vida foi simples demais para se compreender assim com facilidade. O que é simples é profundo e difícil.  E por ser difícil é que muitos, sem compreenderem, tentaram lhe fazer justiça. Gritaram tardiamente o quanto foi digno. Tentaram contrabalançar a discreta notícia de sua “morte” com preleções e inscrições abrasadas, exaltando a sua excelsitude. Contudo, Chico Xavier nunca precisou dessas homenagens, porquanto, naquela manhã, foi recepcionado e abraçado pelo Governador da Terra nas paragens luminosas das Esferas Sublimes do firmamento.


Jorge Hessen
(1)    Essa “mudança” é narrada no livro de Marcel Souto Maior sobre os bastidores da filmagem de Chico Xavier, O Filme. Não quer dizer, nem de longe, que tenham se convertido ao Espiritismo... Mas o exemplo moral de Chico é capaz de afetar – no bom sentido – até os maiores opositores da doutrina, contanto é claro que se disponham a estudá-lo.
(2)    Boechat, Newton.Artigo Chico Xavier: a Liderança Insubstituível, publicado no Jornal A Nova Era - Setembro de 1980
(3)    Carvalho, Antonio Cesar Perri de. Admiração por Chico Xavier , artigo publicado no Dirigente Espírita número 66,  de julho/agosto de 2001
(4)    Disponível em acessado em 12/09/2012
(5)    Maior, Marcel Souto.  AsVidas de Chico Xavier, São Paulo: Editora: Planeta do Brasil, 2003


Fonte:Rede Amigo Espírita

18 de setembro de 2012

"Transição Planetária" por Eduardo Henrique de Barros

Tantos deuses







Que é Deus? A pergunta objetiva é profunda, em significado, e complexa no exercício de respondê-la.
Em uma síntese exemplar, os Espíritos nos ensinaram que Deus é a Inteligência Suprema e a causa de todas as coisas.
E como entender Deus? Se defini-lO é um exercício complexo, entendê-lO é um exercício individual, fruto da reflexão e compreensão da própria vida.
Houve tempos em que a Humanidade não acreditava em um único Deus, mas em vários deuses, confundindo as obras da natureza com a própria Divindade.
Eram os tempos em que se imaginava que a erupção do vulcão era a manifestação de um deus raivoso, a chuva e os trovões eram outros deuses exibindo sua força ou, ainda, que os rios apresentavam na sua grandiosidade, as facetas de outro deus.
Em épocas passadas, acreditava-se em deuses humanizados de tal forma que apresentavam nas suas vaidades, vinganças e tramas, um reflexo do próprio homem.
Foi com Moisés que adquirimos o conhecimento do Deus único, contribuindo para o amadurecimento da percepção da Divindade.
E, desde então, foram vários os filósofos, religiosos, teólogos que deram sua contribuição e reflexão para melhor entendermos Deus.
Assim, alguns imaginamos Deus quase na forma humana, como um velho de longas barbas, a vigiar todos de cima, em uma visão ainda mitológica e humanizada.
Outros não o chamamos Deus, mas Força Maior, Energia Cósmica, na tentativa de abstraí-lO das concepções históricas consideradas limitantes.
Outros até O negamos, pois o que encontramos no mundo como proposta explicativa ou esclarecedora, não nos basta. E, como não fazemos nossas próprias reflexões, preferimos negar a buscar melhor entendê-lO.
Há também os que nos apropriamos de Deus, confundindo-O com a própria religião, como se Ele derivasse dela, quando é exatamente o contrário.
Então, imaginamos que Deus se limita ao que nossa religião prescreve, desconsiderando outras formas de ver a Divindade, como se ainda concebêssemos a ideia de vários deuses.
Para Jesus, Deus é Pai. E foi Ele que, nos Seus ensinamentos, nos explicou que Deus, como Pai, sempre provê nossas necessidades.
Para João, o Evangelista, Deus é amor. Pois que tudo que dEle provém é cuidado, justiça e bondade. Nada melhor que sintetizá-lO dessa forma.
Para conversar com Ele, alguns necessitamos de grandes templos, outros buscamos a natureza, enquanto tantos precisamos apenas de um canto tranquilo e silencioso.
Para se relacionar com Ele, alguns nos utilizamos de rituais, cerimônias específicas, outros cantamos, muitos usamos velas ou outros simbolismos.
E tantos mais, apenas nos servimos do coração.
De qualquer forma, não importa como O chamemos, como O definamos ou como com Ele nos relacionemos.
Importante mesmo é que estejamos sempre em Sua companhia, a fim de preencher nossas vidas e lhes conferir sentido.
*   *   *
Que, em nosso caminhar, possamos perceber Sua presença indelével, nas pequenas como nas grandes coisas, em momentos felizes e nos de dificuldade, pois que, como Pai, será sempre a Sua Providência que nos irá oferecer os caminhos e os recursos para a construção de nossa felicidade.

Redação do Momento Espírita.

15 de setembro de 2012

UMA VISÃO ESPÍRITA DA HOMOSSEXUALIDADE SEM O DISSIMULADO PURISMO CRISTÃO



    As múltiplas experiências humanas pela reencarnação e os repetidos contatos com ambos os sexos proporcionam ao espírito as tendências sexuais na feminilidade ou masculinidade e este reencarna com ambas as polaridades e se junge, às vezes, contrariado aos impositivos da anatomia genital e ao da educação sexual que acolhe em seu ambiente cultural. Consoante essas experiências tenderá para qualquer das duas opções e o fará nem sempre de acordo com sua aspiração interior, que poderá ser inversa ao que determina o meio socio-cultural.


Emmanuel ensina na obra "Vida e Sexo" que o "Espírito passa por fileira imensa de reencarnações, ora em posição de feminilidade, ora em condições de masculinidade, o que sedimenta o fenômeno da bissexualidade, mais ou menos pronunciado, em quase todas as criaturas." (1) Além disso, há vários fatores educacionais que poderiam contribuir para despertar no indivíduo as tendências sepultadas nas profundezas de seu inconsciente espiritual. E, ainda que desempenhe papéis de acordo com a sua anatomia genital, e que seu psiquismo se constitua de acordo com sua opção sexual, poderá ocorrer que se desperte com desejos de ter experiências com pessoas do mesmo sexo. Tal ocorrência poderá lhe tumultuar a consciência caracterizando, por aquele motivo, um transtorno psíquico-emocional.

A convivência do espírito com o sexo oposto ao que adotou em cada encarnação, bem como aquelas em que exerceu sua opção sexual, irão plasmar em seu psiquismo as tendências típicas de cada polaridade. Explica Emmanuel: "A homossexualidade, também hoje chamada transexualidade, em alguns círculos de ciência, definindo-se, no conjunto de suas características, por tendência da criatura para a comunhão afetiva com uma outra criatura do mesmo sexo, não encontra explicação fundamental nos estudos psicológicos que tratam do assunto em bases materialistas, mas é perfeitamente compreensível, à luz da reencarnação."(2)

Na questão 202 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec indaga aos Espíritos: "Quando errante, que prefere o Espírito: encarnar no corpo de um homem, ou no de uma mulher?" "Isso pouco lhe importa", responderam os Benfeitores, "o que o guia na escolha são as provas por que haja de passar" (3), esclareceram os Espíritos.

A genética tem tentado encontrar genes que explicariam a homossexualidade como sendo desvio de comportamento sexual. A psiquiatria tenta encontrar enzimas cerebrais que poderiam influenciar no comportamento sexual. Alguns sexólogos, explicam que é uma preferência sexual. Mas a sede real do sexo não se acha no veículo físico, porém na estrutura complexa do espírito. É por esse prisma que devemos encarar as questões relacionadas ao sexo. "A coletividade humana aprenderá, gradativamente, a compreender que os conceitos de normalidade e de anormalidade deixam a desejar quando se trate simplesmente de sinais morfológicos". (4)

Não podemos confundir homossexualismo com desvio de caráter, até porque os deslizes sexuais de qualquer tendência têm procedências diversas. Suas raízes genésicas podem vir de profundidades íntimas insondáveis. "A própria filogênese(5) do sexo, que começa aparentemente no reino mineral, passando pelo vegetal e ao animal, para depois chegar ao homem, apresenta enorme variação de formas, inclusive a autogênese[geração espontânea] dos vírus e das células e a bissexualidade dos hermafroditas"(6), para alguns pesquisadores justifica o aparecimento de desvios sexuais congênitos.

Com a liberação sexual e a ascensão do feminino na sociedade contemporânea, a tolerância ao homossexualismo aumentou, permitindo que uma grande quantidade de pessoas que viviam no anonimato se expressasse naturalmente. Chico Xavier explica, de forma clara, o seguinte: "Não vejo pessoalmente qualquer motivo para criticas destrutivas e sarcasmos incompreensíveis para com nossos irmãos e irmãs portadores de tendências homossexuais, a nosso ver, claramente iguais às tendências heterossexuais que assinalam a maioria das criaturas humanas. Em minhas noções de dignidade do espírito, não consigo entender porque razão esse ou aquele preconceito social impediria certo numero de pessoas de trabalhar e de serem úteis à vida comunitária, unicamente pelo fato de haverem trazido do berço características psicológicas e fisiológicas diferentes da maioria. (...)Nunca vi mães e pais, conscientes da elevada missão que a Divina Providencia lhes delega, desprezarem um filho porque haja nascido cego ou mutilado. Seria humana e justa nossa conduta em padrões de menosprezo e desconsideração, perante nossos irmãos que nascem com dificuldades psicológicas?" (7)

A Doutrina Espírita é libertadora por excelência. Ela não tem o caráter tacanho de impor seus postulados às criaturas, tornando-as infelizes e deprimidas. A energia sexual pede equilíbrio no uso e não abuso ou repressão. A Doutrina Espírita não condena a homossexualidade, contrariamente, recomenda-nos o respeito e fraterna compreensão para com os que têm preferências homoafetivas. Muitas vezes, pode até ser alguém tangido pelo apelo permissivo que explode das águas tóxicas do exacerbado erotismo, somado aos diversos incentivadores pseudocientíficos da depravação, que podem estar desestruturando seu sincero projeto de edificação moral, através de uma conduta sexual equilibrada.(8) Por isso mesmo, não pode ser discriminado, nem rejeitado, pois, como admoesta Jesus, "aquele dentre vós que não tiver pecados, que atire a primeira pedra" ... (9)

Como já vimos com Emmanuel no início desta exposição, não há masculinidade plena, nem plena feminilidade na Terra. Tanto a mulher tem algo de viril, quanto o homem de feminil. Antigamente, a educação muito rígida e repressiva contribuía para enquadrar o indivíduo ambisséxuo, em seu sexo natural.

Assumir a homossexualidade não significa mergulhar em um universo de atitudes extremadas e desafiadoras perante seu grupo de relacionamento familiar ou profissional, "mas fazer um profundo exercício de auto-aceitação, asserenar-se por dentro, a fim de poder reconhecer perante si mesmo e todo seu círculo de amigos e parentes que vives uma situação conflitante. O verdadeiro desafio é a construção interna para superar os desejos. E não estamos aqui referindo-nos exclusivamente a desejo sexual e sim a toda espécie de desejos que comandam a vida das criaturas." (10)

Emmanuel enfatiza que: "O mundo vê, na atualidade, em todos os países, extensas comunidades de irmãos em experiência dessa espécie [homossexual], somando milhões de homens e mulheres, solicitando atenção e respeito, em pé de igualdade devidos às criaturas heterossexuais."(11) O homossexualismo não deve, pois, ser classificado como uma psicopatia ou comportamento merecedor de discriminação ou medidas repressivas. O homossexual, especialmente o "transexual", merece toda a nossa compreensão e ajuda, para que ele possa vencer sua luta de adaptação ao novo sexo adquirido com o renascimento.

Outra questão extremamente controvertida, para muitos cristãos, é a possibilidade da união estável [casamento] entre duas pessoas do mesmo sexo. Ante a miopia preconceituosa do falso purismo religioso da esmagadora maioria de cristãos supostamente "puros", isso é uma blasfêmia. Isto torna o tema bastante complexo, e não ousaríamos opinar com a palavra definitiva. [estamos abertos a discussões] Porém, após refletir bastante sobre o assunto e, sobretudo, tendo como alicerce as opiniões de Chico Xavier, entendemos que a união estável [casamento] entre homossexuais é perfeitamente normal. Sim!

Só conseguiremos entender melhor a questão homossexual depois que estivermos livres dos (pré)conceitos que nos acompanham há muitos milênios. Arriscaríamos afirmar que a legalização do casamento entre duas pessoas do mesmo sexo é um avanço da sociedade, que estará apenas regulamentando o que de fato já existe.

Seria lícito a duas pessoas do mesmo sexo viverem sob o mesmo teto, como marido e mulher? A propósito, vasculhando fontes sobre esta mesma indagação encontramos em Folha Espírita a resposta de Emmanuel : "A esta indagação o Codificador da Doutrina Espírita formulou a Questão 695, em O Livro dos Espíritos, com as seguintes palavras: ’O casamento, quer dizer, a união permanente de dois seres, é contrário a lei natural?’ Os orientadores dos fundamentos da Doutrina Espírita responderam com a seguinte afirmação: ’É um progresso na marcha da humanidade.’ Os amigos encarnados no plano físico com a tarefa de sustentar e zelar pelo Cristianismo Redivivo, na Doutrina Espírita, estão aptos ao estudo e conclusão do texto em exame." (12)(grifamos)

Tanto o homossexual como o heterossexual devem buscar a sua reforma interior, não cedendo aos arrastamentos provocados pelos impulsos instintivos e sensuais. Lembremos, o que é ilícito ao hétero, também o é ao homossexual. Ambos precisam "distinguir no sexo a sede de energias superiores que o Criador concede à criatura para equilibrar-lhe as atividades, sentindo-se no dever de resguardá-las contra os desvios suscetíveis de corrompê-las. O sexo é uma fonte de bênçãos renovadoras do corpo e da alma"(13)

Mister, portanto, reconhecer que ao serem identificados os pendores homossexuais das pessoas nessa dimensão de prova ou de expiação, é imperioso se lhes oferte o amparo educativo pertinente, nas mesmas condições que se administra instrução à maioria heterossexual da sociedade.

Acreditamos, por fim, que estas idéias poderão levar, a quantos as lerem, a meditar, em definitivo, sobre o assunto , lembrando que o homossexualismo transcende em si mesmo à simples questão da permuta sexual.

Jorge Hessen

FONTES:

(1) Xavier, Francisco Cândido. Vida e Sexo, Ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001.

(2) Xavier, Francisco Cândido. Vida e Sexo, Ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001.

(3) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. Feb, 2000, perg. 202

(4) Xavier, Francisco Cândido. Vida e Sexo, Ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001.

(5) Filogenia (história evolucionária das espécies) opõe-se à ontogenia (desenvolvimento do indivíduo desde a fecundação até a maturidade para a reprodução.)

(6) Disponível em acessado em 21/04/06

(7) Publicada no Jornal Folha Espírita do mês de Março de 1984

(8) A recomendação do Espiritismo para o respeito e a compreensão para com os irmãos que transitam em condições sexuais inversivas (homossexualismo) ocorre em função do sentimento de fraternidade ou caridade que deve presidir o relacionamento humano, mas igualmente pelo fato de que nenhum de nós tem autoridade suficiente para condenar quem quer que seja, pois todos temos dificuldades morais e/ou materiais graves que precisam de educação.

(9) João, cap. VIII, vv. 3 a 11

(10) Disponível em acessado em 21/04/2006

(11) Xavier, Francisco Cândido. Vida e Sexo, Ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001.

(12) Publicada no Jornal Folha Espírita do mês de Julho de 1984.

(13) Xavier, Francisco Cândido. Conduta Espírita, Ditado pelo Espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001.