21. Vendo João, Pedro perguntou a Jesus: Senhor, e este? Que será dele?
22. Respondeu-lhe Jesus: Que te importa se eu quero que ele fique até que eu venha?
Segue-me tu
23. Correu por isso o boato entre os irmãos de que João não morreria.
25. Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever.
Este é o final do Evangelho de João Evangelista, em que o "apóstolo querido" (como ele se autodenominava) travava a última conversa com o Cristo perfeitamente materializado às margens do lago de Genesaré. Pedro, assistindo aquele colóquio reservado entre Jesus e João, fica enciumado e vai ter com Jesus, mas é advertido pelo mesmo:
"Que te importa se eu quero que ele fique até que eu venha? Segue-me tu."
Então Jesus está claramente revelando a Pedro o teor da conversa reservada que ele estava tendo com João Evangelista. Isto é: Ele Jesus estava voltando aos Páramos da Espiritualidade Maior para dar sequência às suas atribuições divinas. Mas estava ordenando a João Evangelista que ele permanecesse na Terra, até que ele mesmo, Jesus, voltasse. E tanto é assim que o evangelista escreve:
"Correu por isso o boato entre os irmãos de que João não morreria."
Ora, nós sabemos que João viveu até os 100 anos de idade e que não seria possível viver, além disto. Então na compreensão espírita nós poderemos perfeitamente deduzir que a partir daquele instante os caminhos espirituais da Terra estariam sob a coordenação maior do apóstolo querido, ou seja, João Evangelista. E que a partir daquele tempo ele viria a reencarnar na Terra, sucessivas vezes, para dar cumprimento à ordem de Jesus.
Então na compreensão espírita nós poderemos perfeitamente deduzir que a partir daquele instante os caminhos espirituais da Terra estariam sob a coordenação maior do apóstolo querido, ou seja, João Evangelista. E que a partir daquele tempo ele viria a reencarnar na Terra, sucessivas vezes, para dar cumprimento à ordem de Jesus. E ele mesmo deixa a dica que estaria ele no futuro vinculado à escrituração de livros:
"Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever."
Terminando assim o seu Evangelho.
Explicação dada para mim ( Regih Silva) por Geraldo Lemos Neto.
Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 6, O CRISTO CONSOLADOR, na mensagem inserida item de número 6:
Em verdade vos digo: os que carregam seus fardos e assistem os seus irmãos são bem amados meus. Instruí-vos na preciosa doutrina que dissipa o erro das revoltas e vos mostra o sublime objetivo da provação humana. Assim como o vento varre a poeira, que também o sopro dos Espíritos dissipe os vossos despeitos contra os ricos do mundo, que são, não raro, muito miseráveis, porquanto se acham sujeitos a provas mais perigosas do que as vossas. Estou convosco e meu apóstolo vos instrui. Bebei na fonte viva do amor e preparai-vos, cativos da vida, a lançar-vos um dia, livres e alegres, no seio daquele que vos criou fracos para vos tornar perfectíveis e que quer modeleis vós mesmos a vossa maleável argila, a fim de serdes os artífices da vossa imortalidade.
O Espírito de Verdade. (Paris, 1861.)
No Livro “A Caminho da Luz”, Emmanuel no capitulo de título: Francisco de Assis, assim se expressa:
Por isso, um dos maiores apóstolos de Jesus desceu à carne com o nome de Francisco de Assis. Seu grande e luminoso espírito resplandeceu próximo de Roma, nas regiões da Úmbria desolada. Sua atividade reformista verificou- se sem os atritos próprios da palavra, porque o seu sacerdócio foi o exemplo na pobreza e na mais absoluta humildade. A Igreja, todavia, não entendeu que a lição lhe dizia respeito e, ainda uma vez, não aceitou as dádivas de Jesus.
Ainda no Livro “A Caminho da Luz”, Emmanuel no capitulo de título: Allan Kardec, assim se expressa:
A ação de Bonaparte, invadindo as searas alheias com o seu movimento de transformação e conquistas, fugindo à finalidade de missionário da reorganização do povo francês, compeliu o mundo espiritual a tomar enérgicas providências contra o seu despotismo e vaidade orgulhosa. Aproximavam se os tempos em que Jesus deveria enviar ao mundo o Consolador, de acordo com as suas auspiciosas promessas. Apelos ardentes são dirigidos ao Divino Mestre, pelos gênios tutelares dos povos terrestres. Assembleias numerosas se reúnem e confraternizam nos espaços, nas esferas mais próximas da Terra.
Um dos mais lúcidos discípulos do Cristo baixa ao planeta, compenetrado de sua missão consoladora, e, dois meses antes de Napoleão Bonaparte sagrar--se imperador, obrigando o papa Pio VII a coroá-lo na igreja de Notre Dame, em Paris, nascia Allan Kardec, aos 3 de outubro de 1804, com a sagrada missão de abrir caminho ao Espiritismo, a grande voz do Consolador prometido ao mundo pela misericórdia de Jesus Cristo.
No Livro: Crônicas de Além-Túmulo, o Espírito de Humberto de Campos, assim se expressa no capitulo 15, com a mensagem “A Ordem do Mestre”:
Avizinhando-se o Natal, havia também no Céu um rebuliço de alegrias suaves. Os Anjos acendiam estrelas nos cômoros de neblinas douradas e vibravam no ar as harmonias misteriosas que encheram um dia de encantadora suavidade a noite de Belém. Os pastores do paraíso cantavam e, enquanto as harpas divinas tangiam suas cordas sob o esforço caricioso dos zéfiros da imensidade, o Senhor chamou o Discípulo Bem-Amado ao seu trono de jasmins matizados de estrelas.
O vidente de Patmos não trazia o estigma da decrepitude como nos seus últimos dias entre as Espórades. Na sua fisionomia pairava aquela mesma candura adolescente que o caracterizava no princípio do seu apostolado.
- João – disse-lhe o Mestre – lembras-te do meu aparecimento na Terra?
- Recordo-me, Senhor. Foi no ano 749 da era romana, apesar da arbitrariedade de frei Dionísios, que colocou erradamente o vosso natalício em 754, calculando no século VI da era cristã.
- Não, meu João – retornou docemente o Senhor – não é a questão cronológica que me interessa em te arguindo sobre o passado. É que nessas suaves comemorações vem até mim o murmúrio doce das lembranças!...
- Ah! sim, Mestre Amado – retrucou pressuroso o Discípulo – compreendo-vos. Falais da significação moral do acontecimento. Oh!...se me lembro... a manjedoira, a estrela guiando os poderosos ao estábulo humilde, os cânticos harmoniosos dos pastores, a alegria ressoante dos inocentes, afigurando-se-nos que os animais vos compreendiam mais que os homens, aos quais ofertáveis a lição da humildade com o tesouro da fé e da esperança.
Naquela noite divina, todas as potências angélicas do paraíso se inclinaram sobre a Terra cheia de gemidos e de amargura para exaltar a mansidão e a piedade do Cordeiro. Uma promessa de paz desabrochava para todas as coisas com o vosso aparecimento sobre o mundo. Estabelecera-se um noivado meigo entre a Terra e o Céu e recordo-me do júbilo com que Vossa Mãe vos recebeu nos seus braços feitos de amor e de misericórdia. Dir-se-ia, Mestre, que as estrelas de ouro do paraíso fabricaram, naquela noite de aromas e de radiosidades indefiníveis um mel divino no coração piedoso de Maria!...
-Sim, meu João, e, por falar nos meus deveres, como seguem no mundo as coisas atinentes à minha doutrina?
- Vão mal, meu Senhor. Desde o concílio ecumênico de Nicéia, efetuado para combater o cisma de Ario em 325, as vossas verdades são deturpadas. Ao arianismo seguiu-se o movimento dos inconoclastas em 787 e tanto contrariaram os homens o Vosso ensinamento de pureza e de simplicidade, que eles próprios nunca mais se entenderam na interpretação dos textos evangélicos.
- Mas não te recordas, João, que a minha doutrina era sempre acessível a todos os entendimentos? Deixei aos homens a lição do caminho, da verdade e da vida sem lhes haver escrito uma só palavra.
- Tudo isso é verdade, Senhor, mas logo que regressastes aos vossos impérios resplandecentes, reconhecemos a necessidade de legar à posteridade os vossos ensinamentos. Os evangelhos constituem a vossa biografia na Terra; contudo, os homens não dispensam, em suas atividades, o véu da matéria e do símbolo. A todas as coisas puras da espiritualidade adicionam a extravagância de suas concepções. Nem nós e nem os evangelhos poderíamos escapar. Em diversas basílicas de Rávena e de Roma, Mateus é representado por um jovem, Marcos por um leão, Lucas por um touro e eu, Senhor, estou ali sob o símbolo estranho de uma águia.
- E os meus representante, João, que fazem eles?
- Mestre, envergonho-me de o dizer. Andam quase todos mergulhados nos interesses da vida material.
Em sua maioria, aproveitam-se das oportunidades para explorar o vosso nome e, quando se voltam para o campo religioso, é quase que apenas para se condenarem uns aos outros, esquecendo-se de que lhes ensinastes a se amarem como irmãos.
- As discussões e os símbolos, meu querido – disse-lhe suavemente o Mestre – não me impressionam tanto. Tiveste, como eu, necessidade destes últimos, para as predicações e, sobre a luta das idéias, não te lembras quanta autoridade fui obrigado a despender, mesmo depois da minha volta da Terra, para que Pedro e Paulo não se tornassem inimigos? Se entre meus apóstolos prevaleciam semelhantes desuniões, como poderíamos eliminá-las do ambiente dos homens, que não me viram, sempre inquietos nas suas indagações? ... O que me contrista é o apego dos meus missionários aos prazeres fugitivos do mundo!
- É verdade, Senhor.
- Qual o núcleo de minha doutrina que detém no momento maior força de expressão?
- É o departamento dos bispos romanos, que se recolheram dentro de uma organização admirável pela sua disciplina, mas altamente perniciosa pelos seus desvios da verdade. O Vaticano, Senhor, que não conheceis, é um amontoado suntuoso das riquezas das traças e dos vermes da Terra. Dos seus palácios confortáveis e maravilhosos irradia-se todo um movimento de escravização das consciências. Enquanto vós não tínheis uma pedra onde repousar a cabeça, dolorida os vossos representantes dormem a sua sesta sobre almofadas de veludo e de ouro; enquanto trazíeis os vossos pés macerados nas pedras do caminho escabroso, quem se inculca como vosso embaixador traz a vossa imagem nas sandálias matizadas de pérolas e de brilhantes. E junto de semelhantes superfluidades e absurdos, surpreendemos os pobres chorando de cansaço e de fome; ao lado do luxo nababesco das basílicas suntuosas, erigidas no mundo como um insulto à glória da vossa humildade e do vosso amor, choram as crianças desamparadas, os mesmos pequeninos a quem estendíeis os vossos braços compassivos e misericordiosos. Enquanto sobram as lágrimas e os soluços entre os infortunados, nos templos, onde se cultua a vossa memória, transbordam moedas em mãos cheias, parecendo, com amarga ironia, que o dinheiro é uma defecação do demônio no chão acolhedor da vossa casa.
- Então, meu Discípulo, não poderemos alimentar nenhuma esperança?
- Infelizmente, Senhor, é preciso que nos desenganemos. Por um estranho contraste, há mais ateus benquistos no Céu do que aqueles religiosos que falavam em vosso nome na Terra.
- Entretanto – sussurraram os lábios divinos docemente – consagro o mesmo amor à humanidade sofredora. Não obstante a negativa dos filósofos, as ousadias da ciência, o apodo dos ingratos, a minha piedade é inalterável... Que sugeres meu João, para solucionar tão amargo problema? - Já não dissestes, um dia, Mestre, que cada qual tomasse a sua cruz e vos seguisse?
- Mas prometi ao mundo um Consolador em tempo oportuno!...
E os olhos claros e límpidos, postos na visão piedosa do amor de seu Pai Celestial, Jesus exclamou:
- Se os vivos nos traíram, meu Discípulo Bem-Amado, se traficam com o objeto sagrado da vossa casa, profligando a fraternidade e o amor, mandarei que os mortos falem na Terra em meu nome. Deste Natal em diante, meu João, descerrarás mais um fragmento dos véus misteriosos que cobrem a noite triste dos túmulos para que a verdade ressurja das mansões silenciosas da Morte. Os que já voltaram pelos caminhos ermos da sepultura retornarão à Terra para difundirem a minha mensagem, levando aos que sofrem, coma esperança posta no Céu as claridades benditas do meu amor!...
E desde essa hora memorável, há mais de cinquenta anos, o Espiritismo veio, com as suas lições prestigiosas, felicitar e amparar na Terra a todas as criaturas.
No Livro Cartas e Crônicas o
Espírito de Humberto de Campos, assim se expressa no capitulo 28, com a
mensagem “Kardec e Napoleão”:
Logo após o 18 Brumário (9 de Novembro de 1799), quando Napoleão se fizera o Primeiro Cônsul da República Francesa, reuniu-se, na noite de 31 de Dezembro de 1799, no coração da latinidade, nas Esferas Superiores, grande assembléia de Espíritos sábios e benevolentes, para marcarem a entrada significativa do novo século.
Antigas personalidades de Roma imperial, pontífices e guerreiros das Gálias, figuras notáveis da Espanha, ali se congregavam à espera do expressivo acontecimento.
Legiões dos Césares, com os seus estandartes, falanges de batalhadores do mundo gaulês e grupos de pioneiros da evolução hispânica, associados a múltiplos representantes das Américas, guardavam linhas simbólicas de posição de destaque.
Mas não somente os latinos se faziam representados no grande conclave. Gregos ilustres, lembrando as confabulações da Acrópole gloriosa, israelitas famosos, recordando o Templo de Jerusalém, deputações eslavas e germânicas, grandes vultos da Inglaterra, sábios chineses, filósofos hindus, teólogos budistas, sacrificadores das divindades olímpicas, renomados sacerdotes da Igreja Romana e continuadores de Maomet ali se mostravam, como em vasta convocação de forças da ciência e da cultura da Humanidade.
No concerto das brilhantes delegações que aí formavam, com toda a sua fulguração representativa, surgiam Espíritos de velhos batalhadores do progresso que voltariam à liça carnal ou que a seguiriam, de perto, para o combate à ignorância e à miséria, na laboriosa preparação da nova era da fraternidade e da luz.
No deslumbrante espetáculo da Espiritualidade Superior, com a refulgência de suas almas, achavam-se Sócrates, Platão, Aristóteles, Apolônio de Tiana, Orígenes, Hipócrates, Agostinho, Fénelon, Giordano Bruno, Tomás de Aquino, S. Luís de França, Vicente de Paulo, Joana D´Arc, Teresa d´Ávila, Catarina de Siena, Bossuet, Spinoza, Erasmo, Milton, Cristóvão Colombo, Gutenberg, Galileu, Pascal, Swedenborg e Dante Alighieri para mencionar apenas alguns heróis e paladinos da renovação terrestre e, em plano menos brilhante, encontravam-se, no recinto maravilhoso, trabalhadores de ordem inferior, incluindo muitos dos ilustres guilhotinados da Revolução, quais Luís XVI, Maria Antonieta, Robespierre, Danton, Madame Roland, André Chenier, Bailly, Camile Desmoulins, e grandes vultos como Voltaire e Rousseau.
Depois da palavra rápida de alguns orientadores eminentes, invisíveis clarins soaram na direção do plano carnal e, em breves instantes, do seio da noite, que velava o corpo ciclópico do mundo europeu, emergiu, sob a custódia de esclarecidos mensageiros, reduzido cortejo de sombras, que pareciam estranhas e vacilantes, confrontadas com as feéricas irradiações do palácio festivo.
Era um grupo de almas, ainda encarnadas, que, constrangidas pela Organização Celeste, remontavam à vida espiritual, para a reafirmação de compromissos.
À frente, vinha Napoleão, que centralizou o interesse de todos os circunstantes. Era bem o grande corso, com os seus trajes habituais e com o seu chapéu
característico.
À frente, vinha Napoleão, que centralizou o interesse de todos os circunstantes. Era bem o grande corso, com os seus trajes habituais e com o seu chapéu
característico.
Recebido por diversas figuras de Roma antiga, que se apressavam em oferecer-lhe apoio e auxílio, o vencedor de Rivoli ocupou radiosa poltrona que, de antemão, lhe fora preparada.
Entre aqueles que o seguiam, na singular excursão, encontravam-se respeitáveis autoridades reencarnadas no Planeta, como Bethoven, Ampere, Fúlton, Faraday, Goethe, João Dalton, Pestalozzi, Pio VII, além de muitos outros campeões da prosperidade e da independência do mundo.
Acanhados no veículo espiritual que os prendia à carne terrestre, quase todos os recém-vindos banhavam-se em lágrimas de alegria e emoção.
O primeiro Cônsul da França, porém, trazia os olhos enxutos, não obstante a extrema palidez que lhe cobria a face. Recebendo o louvor de várias legiões, limitava-se a responder com acenos discretos, quando os clarins ressoaram, de modo diverso, como se pusessem a voar para os cimos, no rumo do imenso infinito...
Imediatamente uma estrada de luz, à maneira de ponte levadiça, projetou-se do Céu, ligando-se ao castelo prodigioso, dando passagem a inúmeras estrelas resplendentes.
Em alcançando o solo delicado, contudo, esses astros se transformavam em seres humanos, nimbados de claridade celestial.
Dentre todos, no entanto, um deles avultava em superioridade e beleza. Tiara rutilante brilhava-lhe na cabeça, como que a aureolar-lhe de bênçãos o olhar magnânimo, cheio de atração e doçura. Na destra, guardava um cetro dourado, a recamar-se de sublimes cintilações...
Musicistas invisíveis, através dos zéfiros que passavam apressados, prorromperam num cântico de hosanas, sem palavras articuladas.
A multidão mostrou profunda reverência, ajoelhando-se muitos dos sábios e guerreiros, artistas e pensadores, enquanto todos os pendões dos vexilários arriavam, silenciosos, em sinal de respeito.
Foi então que o grande corso se pôs em lágrimas e, levantando-se, avançou com dificuldade, na direção do mensageiro que trazia o báculo de ouro, postando-se, genuflexo, diante dele.
O celeste emissário, sorrindo com maturidade, ergueu-o, de pronto, e procurava abraçá-lo, quando o Céu pareceu abrir-se diante de todos, e uma voz enérgica e doce, forte como a ventania e veludosa como a ignorada melodia da fonte, exclamou para Napoleão, que parecia eletrizado de pavor e júbilo, ao mesmo tempo:
- Irmão e amigo, ouve a Verdade, que te fala em meu espírito!
Eis-te à frente do apóstolo da fé, que, sob a égide do Cristo, descerrará para a Terra atormentada um novo ciclo de conhecimento...
César ontem, e hoje orientador, rende o culto da tua veneração, ante o pontífice da luz! Renova, perante o Evangelho, o compromisso de auxiliar-lhe a obra renascente!...
Aqui se congregam conosco lidadores de todas as épocas. Patriotas de Roma e das Gálias, generais e soldados que te acompanharam nos conflitos da Farsália, de Tapso e de Munde, remanescentes das batalhas de Gergóvia e de Alésia aqui te surpreendem com simpatia e expectação... Antigamente, no trono absoluto, pretendias-te descendente dos deuses para dominar a Terra e aniquilar os inimigos... Agora, porém, o Supremo Senhor concedeu-te por berço uma ilha perdida no mar, para que te não esqueças da pequenez humana e determinou voltasses ao coração do povo que outrora humilhaste e escarneceste, a fim de que lhe garantas a missão gigantesca, junto da Humanidade, no século que vamos iniciar.
Colocado pela Sabedoria Celeste na condição de timoneiro de ordem, no mar de sangue da Revolução, não olvides o mandato para o qual foste escolhido.
Não acredites que as vitórias das quais foste investido para o Consulado devam ser atribuídas exclusivamente ao teu gênio militar e político. A Vontade do Senhor expressa-se nas circunstâncias da vida. Unge-te de coragem para governar sem ambição e reger sem ódio. Recorre à oração e à humildade para que te não arrojes aos precipícios da tirania e de violência!...
Indicado para consolidar a paz e a segurança, necessárias ao êxito do abnegado apóstolo que descortinará a era nova, serás visitado pelas monstruosas tentações do poder.
Não te fascines pela vaidade que buscará coroar-te a fronte... Lembra-te de que o sofrimento do povo francês, perseguido pelos flagelos da guerra civil, é o preço da liberdade humana que deves defender, até o sacrifício.
Não te macules com a escravidão dos povos fracos e oprimidos e nem enlameies os teus compromissos com o exclusivismo e com a vingança!...
Recorda que, obedecendo a injunções do pretérito, renasceste para garantir o ministério espiritual do discípulo de Jesus que regressa à experiência terrestre, e vale-te da oportunidade para santificar os excelsos princípios da bondade e do perdão, do serviço e da fraternidade do Cordeiro de Deus, que nos ouve em seu glorificado sólio de sabedoria e de amor!
Se honrares as tuas promessas, terminarás a missão com o reconhecimento da posteridade e escalarás horizontes mais altos da vida, mas, se as tuas responsabilidades forem menosprezadas, sombrias aflições amontoar-se-ão sobre as tuas horas, que passarão a ser gemidos escuros em extenso deserto...
Dentro do novo século, começaremos a preparação do terceiro milênio do Cristianismo na Terra.
Novas concepções de liberdade surgirão para os homens, a Ciência erguer-se-á a indefiníveis culminâncias, as nações cultas abandonarão para sempre o cativeiro e o tráfico de criaturas livres e a religião desatará os grilhões do pensamento que, até hoje, encarceram as melhores aspirações da alma no inferno sem perdão!...
Confiamos, pois, ao teu espírito valoroso a governança política dos novos eventos e que o Senhor te abençoe!...
Cânticos de alegria e esperança anunciaram nos céus a chegada do século XIX e, enquanto o Espírito da Verdade, seguido por várias coortes resplandecentes, voltava para o Alto, a inolvidável assembléia se dissolvia...
O apóstolo que seria Allan Kardec, sustentando Napoleão nos braços, conchegou-o de encontro ao peito e acompanhou-o, bondosamente, até religá-lo ao corpo de carne, no próprio leito.
Em 3 de Outubro de 1804, o mensageiro da renovação renascia num abençoado lar de Lião, mas o Primeiro Cônsul da República Francesa, assim que se viu livre da influência benéfica e protetora do Espírito Allan Kardec e de seus cooperadores, que retomavam, pouco a pouco, a integração com a carne, confiantes e otimistas, engalanou-se com a púrpura do mando e, embriagado de poder, proclamou-se Imperador, em 18 de Maio de 1804, ordenando a Pio VII viesse coroá-lo em Paris.
Napoleão, contudo, convertendo celestes concessões em aventuras sanguinolentas, foi apressadamente sitiado, por determinação do Alto, na solidão curativa de Santa Helena, onde esperou a morte, enquanto Allan Kardec, apagando a própria grandeza, na humildade de um mestre-escola, muita vez atormentado e desiludido, como simples homem do povo, deu integral cumprimento à divina missão que trazia à Terra, inaugurando a era espírita-cristã, que, gradativamente, será considerada em todos os quadrantes do orbe como a sublime renascença da luz para o mundo inteiro.
No Livro: Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, o Espírito de Humberto de Campos, assim se expressa no capitulo de título “Bezerra de Menezes”:
O século XIX, que surgira com as últimas agitações provocadas no
mundo pela Revolução Francesa, estava destinado a presenciar extraordinários
acontecimentos.
No seu transcurso, cumprir-se-ia a promessa de Jesus, que, segundo
os ensinamentos do seu Evangelho, derramaria as claridades divinas do seu
coração sobre toda a carne, para que o Consolador reorganizasse as energias das
criaturas, a caminho das profundas transições do século XX.
Mal não haviam terminado as atividades bélicas da triste missão de
Bonaparte e já o espaço se movimentava, no sentido de renovar os surtos de
progresso das coletividades. Assembleias espirituais, reunindo os gênios
inspiradores de todas as pátrias do orbe, eram levadas a efeito, nas luzes do
infinito, para a designação de missionários das novas revelações.
Em uma de tais
assembleias, presidida pelo coração misericordioso e augusto do Cordeiro, fora
destacado um dos grandes discípulos do Senhor, para vir à Terra com a tarefa de
organizar e compilar ensinamentos que seriam revelados, oferecendo um método de
observação a todos os estudiosos do tempo. Foi assim que Allan Kardec, a 3 de outubro
de 1804, via a luz da atmosfera terrestre, na cidade de Lião. Segundo os planos de trabalho
do mundo invisível, o grande missionário, no seu maravilhoso esforço de síntese,
contaria com a cooperação de uma plêiade de auxiliares da sua obra, designados particularmente para
coadjuvá-lo, nas individualidades de João Batista Roustaing, que organizaria o
trabalho da fé; de Léon Denis, que efetuaria o desdobramento filosófico; de
Gabriel Delanne, que apresentaria a estrada científica e de Camille Flammarion,
que abriria a cortina dos mundos, desenhando as maravilhas das paisagens
celestes, cooperando assim na codificação kardequiana no Velho Mundo e
dilatando a com os necessários complementos.
Ia resplandecer a suave luz do Espiritismo, depois de certificado
o Senhor da defecção espiritual das igrejas mercenárias, que falavam no globo
em seu nome.
Todas as falanges do Infinito se preparam para a jornada gloriosa.
As abnegadas coortes de Ismael trazem as suas inspirações para as
grandes cidades do país do Cruzeiro, conseguindo interessar indiretamente
grande número de estudiosos.
As primeiras experiências espiritistas, na Pátria do Evangelho,
começaram pelo problema das curas. Em 1818, já o Brasil possuía um grande
círculo homeopático, sob a direção do mundo invisível. O próprio José Bonifácio
se correspondia com Frederico Hahnemann. Nos tempos do segundo reinado, os mentores
invisíveis conseguem criar, na Bahia, no Pará e no Rio de Janeiro, alguns grupos
particulares, que projetavam enormes claridades no movimento neoespiritualista do
continente, talvez o primeiro da América do Sul.
Antes dessa época, quando prestes a findar o primeiro reinado,
Ismael reúne no espaço os seus dedicados companheiros de luta e, organizada a
venerável assembléia, o grande mensageiro do Senhor esclarece a todos sobre os
seus elevados objetivos.
— Irmãos — expôs ele —, o século atual, como sabeis, vai ser
assinalado pelo advento do Consolador à face da Terra. Nestes cem anos se
efetuarão os grandes movimentos preparatórios dos outros cem anos que hão de
vir. As rajadas de morticínio e de dor avassalarão a alma da humanidade, no
século próximo, dentro dos imperativos das transições necessárias, que serão o
sinal do fim da civilização precária do Ocidente. Faz se mister amparemos o
coração atormentado dos homens nessas grandes amarguras, preparando lhes o
caminho da purificação espiritual,através das sendas penosas. É preciso, pois,
preparemos o terreno para a sua estabilidade moral nesses instantes decisivos
dos seus destinos. Numerosas fileiras de missionários encontram- se disseminadas
entre as nações da Terra, com o fim de levantar a palavra da Boa Nova do
Senhor, esclarecendo os postulados científicos que surgirão neste século, nos
círculos da cultura terrestre. Uma verdadeira renascença das filosofias e das
ciências se verificará no transcurso destes anos, a fim de que o século XX seja
devidamente esclarecido, como elemento de ligação entre a civilização em vias
de desaparecer e a civilização do futuro, que assentará na fraternidade e na
justiça, porque a morte do mundo, prevista na Lei e nos Profetas, não se
verificará por enquanto, com referência à constituição física do globo, mas quanto
às suas expressões morais, sociais e políticas. A civilização armada terá de perecer,
para que os homens se amem como irmãos. Concentraremos, agora, os nossos
esforços na terra do Evangelho, para que possamos plantar no coração de seus
filhos as sementes benditas que, mais tarde, frutificarão no solo abençoado do Cruzeiro.
Se as verdades novas devem surgir
primeiramente, segundo os imperativos da lei natural, nos centros culturais do
Velho Mundo, é na Pátria do Evangelho que lhes vamos dar vida, aplicando as na
edificação dos monumentos triunfais do
Salvador. Alguns dos nossos auxiliares já se encontram na Terra,
esperando o toque de reunir de nossas falanges de trabalhadores devotados, sob
a direção compassiva e misericordiosa do Divino Mestre.
Houve na alocução de Ismael uma breve pausa.
Depois, encaminhando-se para um dos dedicados e fiéis discípulos,
falou-lhe assim:
— Desceras às lutas terrestres com o objetivo de concentrar as
nossas energias no país do Cruzeiro, dirigindo-as para o alvo sagrado dos
nossos esforços. Arregimentarás todos os elementos dispersos, com as dedicações
do teu espírito, a fim de que possamos criar o nosso núcleo de atividades
espirituais, dentro dos elevados propósitos de reforma e regeneração. Não
precisamos encarecer aos teus olhos a delicadeza dessa missão; mas, com a plena
observância do código de Jesus e com a nossa assistência espiritual,
pulverizarás todos os obstáculos, à força de perseverança e de humildade,
consolidando os primórdios de nossa obra, que é a de Jesus, no seio da pátria
do seu Evangelho. Se a luta vai ser grande, considera que não será menor a
compensação do Senhor, que é o caminho, a verdade e a vida.
Havia em toda a assembleia espiritual um divino silêncio. O
discípulo escolhido nada pudera responder, com o coração palpitante de doces e
esperançosas emoções, mas as lágrimas de reconhecimento lhe caíam copiosamente
dos olhos.
Ismael desfraldara a sua bandeira à luz gloriosa do Infinito,
salientando-se a sua inscrição divina, que parecia constituir-se de sóis
infinitésimos. Urna vibração de esperança e de fé fazia pulsar todos os
corações, quando uma voz, ternos e compassivos, exclamou das cúpulas radiosas
do Ilimitado:
— Glória a Deus nas Alturas e paz na terra aos trabalhadores de
boa vontade!
Relâmpagos de luminosidade estranha e misericordiosa clareavam o pensamento
de quantos assistiam ao maravilhoso espetáculo, enquanto uma chuva de aromas
inundava a atmosfera de perfumes balsâmicos e suavíssimos.
Sob aquela bênção maravilhosa, a grande assembléia dos operários
do Bem se dissolveu.
Daí a algum tempo, no dia 29 de agosto de 1831, em Riacho do
Sangue, no Estado do Ceará, nascia Adolfo Bezerra de Menezes, o grande
discípulo de Ismael, que vinha cumprir no Brasil uma elevada missão.
No livro Opinião Espírita, Emmanuel, assim se expressa no capitulo 2 de título: "O Mestre e o Apostolo":
Jesus, o Mestre.
Kardec, o professor.
Jesus refere-se a Deus, junto da fé sem obras.
Kardec fala de Deus, rente às obras sem fé.
Jesus é combatido, desde a primeira hora do Evangelho, pelos que se acomodam na sombra.
Kardec é impugnado desde o primeiro dia do Espiritismo, pelos que fogem da luz.
Jesus caminha sem convenções.
Kardec age sem preconceitos.
Jesus exige coragem de atitudes
Kardec reclama independência mental.
Jesus convida ao amor.
Kardec impele à caridade.
Jesus consola a multidão.
Kardec esclarece o povo.
Jesus acorda o sentimento.
Kardec desperta a razão.
Jesus constrói
Kardec consolida.
Jesus revela.
Kardec descortina.
Jesus propõe. Kardec expõe.
Jesus lança as bases do Cristianismo, entre fenômenos mediúnicos.
Kardec recebe os princípios da Doutrina Espírita, através da mediunidade.
Jesus afirma que é preciso nascer de novo.
Kardec explica a reencarnação.
Jesus reporta-se a outras moradas.
Kardec menciona outros mundos.
Jesus espera que a verdade emancipe os homens; ensina que a justiça atribui a cada um pela próprias obras e anuncia que o Criador será adorado, na Terra, em espírito.
Kardec esculpe na consciência as leis do Universo.
Em suma, diante do acesso aos mais altos valores da vida, Jesus e Kardec estão perfeitamente conjugados pela Sabedoria Divina.
Jesus, a porta.
Kardec, a chave.
No livro: MANDATO DE AMOR - Capítulo II - A Doutrina em versos, o poeta desencarnado Casimiro Cunha, declama o seguinte:
Do Espiritismo cristão,
Guarda o discípulo amado
No templo do coração.
Ele foi o mensageiro
Unindo a ciência e a fé
Nas lutas da humanidade.
Imita o seu sacrifício
Nas oficinas da luz,
Praticando o ensinamento
Do Evangelho de Jesus.
Suporta a calúnia, o apodo,
O ridículo, o tormento,
Sem fugir à tua fé
Nos dias do sofrimento.
Lembra o discípulo e o mestre,
Nosso Mestre e Salvador,
E farás do teu caminho
Um sacerdócio de Amor.
No livro: KARDEC PROSSEGUE -JOÃO EVANGELISTA E FRANCISCO DE ASSIS, Perguntas feitas por Adelino da Silveira a Chico Xavier, alguns meses após o seu 80º aniversário, encontramos a seguinte resposta do Chico:
— Você poderia nos dizer se Francisco de Assis era a reencarnação do Apóstolo João Evangelista?
— Grande comunidade dos nossos companheiros espíritas admite essa realidade. Nós também acreditamos que a elevação de Francisco de Assis foi a continuidade da obra de João Evangelista na divulgação da Obra do Cristo em todo o mundo, especialmente na vida ocidental.
Creio que o assunto exposto é a expressão da verdade.
Creio que o assunto exposto é a expressão da verdade.