28 de outubro de 2013

Allan Kardec e Chico Xavier, personalidades distintas ou semelhantes?


*"Eles se enganam com a personalidade de Kardec; ele não era como pensam."  Chico Xavier



Criou-se no meio espírita, talvez baseando-se nas suas imagens fisionômicas divulgadas, o falso conceito de que Kardec era muito sério, severo, frio e incapaz de sorrir. Portanto, é oportuno lembrar o seguinte fato: contrastando com a atualidade, observa-se facilmente que, desde as épocas mais recuadas, geralmente, os retratados em telas e, a partir do século XIX, também em fotografias, se mostram com a fisionomia grave, austera, e mesmo solene, pois, no entendimento geral, era considerada a melhor aparência representativa da respeita-bilidade e da firmeza moral. (além de que desta forma a fotografia não corria o risco de sair tremula) E, lendo, a seguir, tópicos dos únicos e fiéis depoimentos encontrados na literatura, de confrades que conviveram com ele, o leitor concluirá que a personalidade do Codificador era bem diferente daquela imaginada por muitos, sendo, na verdade, típica de um espírito elevado, muito semelhante à de Chico Xavier, isto é, dotado não só de um cérebro privilegiado, mas também de um formoso coração.  

"(...) e dando informações a todos os investigadores sérios, com os quais falava com liberdade e animação, de rosto ocasionalmente iluminado por um sorriso genial e agradável, conquanto tal fosse a sua habitual seriedade de conduta que nunca se lhe ouvia uma gargalhada."  

Anna Blackwell (História do Espiritismo. A. Conan Doyle, Ed. Pensamento, s. Paulo, SP, p. 394.) 

 

"(...) na casa de Leymarie, se distraía a contar anedotas de alto nível, às quais não faltavam ditos gauleses. Aos domingos, convidava amigos para jantar em sua Vila Ségur. Então, o grave filósofo, depois de haver debatido os pontos mais difíceis e mais contro-vertidos da Doutrina, esforçava-se por entreter os convidados. Mostrava-se expansivo, espalhando bom humor em todas as oportunidades."  

(Texto baseado em depoimento de P. G. Leymarie)

 

"Todos lhe proclamam o gênio (...) mas, estarão eles em condições de apreciá-lo em sua vida privada, isto é, por seus atos? Puderam avaliar a bondade do seu coração, avaliar-lhe o caráter tão firme quão justo, a benevolência de que usava em suas relações, sua prudência e sua extrema delicadeza? Não. (...) Não mais pararia eu de falar, se tivesse necessidade de vos lembrar os milhares de fatos desse gênero, conhecidos tão-somente por aqueles que Allan Kardec socorreu; não amparava apenas a miséria, levantava também, com palavras confortadoras, o moral abatido. Jamais, porém, sua mão esquerda soube o que dava a direita. " 
(Alexandre Delanne (Allan Kardec, Zêus Wantuil e F. Thiesen, FEB, Vol. III, pp. 131 e 136 a 138.)  

Na área da caridade, observemos o entusiasmo de Kardec com a assistência domiciliar aos neces-sitados, que foi uma atividade à qual Chico Xavier dedicou-se com carinho e perseverança, desde o início de sua missão: 



"Não podemos, pois, senão encorajar, com todas as nossas forças, a benefi-cência coletiva nos grupos espíritas; conhecemo-la em Paris, na Província e no estrangeiro, que são fundadas, se não exclusivamente, pelo menos principalmente com esse objetivo, e cuja organização não deixa nada a desejar; ali, os membros devotados vão ao domicílio se informarem dos sofrimentos, e levar o que vale, algumas vezes, mais do que os socorros materiais: as consolações e os encorajamentos. Honra a eles, porque bem merecem do Espiritismo! Que cada grupo agisse assim em sua esfera de atividade, e todos juntos realizarão melhor do que não o poderia fazer uma caixa central quatro vezes mais rica." 

 (Projeto de Caixa Geral de Socorro, Revista Espírita, Vol. IX, 7/1866, IDE, p. 204.)

*Sempre cultivei fraterna amizade com a dedicada Neuza Barsanulfo Arantes, Neuzinha, na intimidade, que pertenceu à equipe de colaboradores de Chico Xavier, desde que ele radicou-se em Uberaba. Ela desencarnou em 04/01/95 , após seis meses de grave enfermidade, período em que ela ficava a maior parte de seu tempo na casa de Chico, ainda cooperante, apesar de debilitada. Nesta fase, numa noite de sábado, num recanto do pátio do Grupo Espírita da Prece, ela disse-me: "Certo dia, quando eu trabalhava com o Chico, e estando um exemplar de Kardec Prossegue à vista, sobre a mesa, e não aceitando ainda a identidade espiritual que aquele livro divulga, pensei  'Será possível? Chico não tem a mesma personalidade de Kardec, um homem muito sério e austero. Chico é meigo, delicado....' Daí a pouco, ele surpreendeu-me, ao afirmar: "Eles se enganam com a personalidade de Kardec; ele não era como pensam."    



Hércio M. C. Arantes.


Fonte: Matéria de capa do ANUÁRIO ESPÍRITA 2006 | Edição IDE.

19 de outubro de 2013

Em 2014 nos cinemas "Nosso Lar 2"


O sucesso do filme ‘Nosso Lar’ deve ganhar continuidade. Os produtores do filme baseado na obra de Chico Xavier, que já levou mais de 2 milhões de pessoas ao cinema, estão em fase de produção do 
"Nosso Lar 2", com Renato Prieto, novamente vivendo André Luiz.

O filme será uma adaptação do livro ‘Os Mensageiros’, segundo livro do espírito André Luiz psicografado pelo médium mineiro.

‘Os Mensageiros’ dá sequência à narrativa do espírito André Luiz que, após a morte, vai para a cidade espiritual Nosso Lar. O livro fala sobre a continua evolução dos espíritos e o medo da morte.

16 de outubro de 2013

O que quer dizer “O verdadeiro espírita?"





Um companheiro de doutrina me chamou a atenção para um artigo de Nazareno Tourinho, sob o título em epígrafe, objeto de acirrada discussão num grupo de estudo do centro. Ele se referiu, na ocasião, a um gesto costumeiro em nosso meio por parte das pessoas que afirmam que não são espíritas, mas estão tentando sê-lo.

Achei a matéria interessante para reflexão, pois percebi nas entrelinhas um grande esforço do autor em despertar os espíritas para o perigo da interpretação literal dos textos que, neste caso, pode dar asas ao moralismo ou à intransigência dos que acham que, para ser espírita, a pessoa não pode ter defeitos; ou, então, o contrário, desde que tenha elevadas virtudes morais, já é espírita. Nem uma coisa, nem outra, com certeza. A expressão do pensamento, por mais elaborada, sempre esbarra na limitação da linguagem e, conseqüentemente, no emaranhado das interpretações, que seguem ao sabor das conveniências.

Veja como Allan Kardec escreveu "Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más."1

Entendemos que, ao dizer "verdadeiro espírita", Kardec estava se referindo ao ideal do Espiritismo, ou seja, à meta que o Espiritismo quer alcançar em relação aos seus adeptos, e essa meta ele a coloca no esforço em a pessoa se melhorar e nas transformações que ela quer atingir.2 E, ao comentar o tema "Pecado por Pensamento e Adultério", no Evangelho,3 estabelece um interessante critério para se ter uma idéia do desenvolvimento moral das pessoas, ao afirmar: "A pessoa, que nem sequer concebe o mau pensamento, já realizou o progresso; aquela que ainda tem esse pensamento, mas o repele, está em vias de realizá-lo; e, por fim, aquele que tem esse pensamento e nela se compraz, ainda está sob toda a força do mal. Numa, o trabalho está feito; nas outras, está por fazer".

Esse é o caminho natural que nós, os espíritas, vamos percorrer, por força do ideal que abraçamos. Assim, Kardec entendia que, desde que uma pessoa se inteirasse da finalidade do Espiritismo, ela já teria motivos suficientes para iniciar essa caminhada. Para tanto, por um compromisso consigo mesma, passaria a se esforçar para se tornar melhor e contribuir, assim, para o melhoramento da humanidade.

Mas, entre a expectativa e a realidade há uma significativa distância. Nós, espíritas, não somos melhores ou superiores aos não-espíritas, só pelo fato de aceitarmos as idéias que o Espiritismo nos transmite. É preciso muito mais. No entanto, o fato de não correspondermos inteiramente ao ideal que abraçamos não nos tira o qualificativo de espíritas; apenas não nos dá a condição de bons espíritas ou espíritas verdadeiros, como quer Kardec. Espírita, na verdade, é toda pessoa que aceita os princípios básicos da doutrina, conforme as obras de Allan Kardec, mas não é necessariamente só aquele que aplica esses princípios em sua vida. Daí podermos dizer que, não havendo esforço em se fazer merecedor desse qualificativo, não se trata de um bom espírita.

Em artigo da Revista Espírita, escrito em agosto de 1865, chamado "O que ensina o Espiritismo", Kardec reconhece o quanto é difícil para nós alcançar uma só virtude numa encarnação. Mas, ele não desiste dessa pretensão; pelo contrário, acredita nela, e quer que os espíritas insistam nessa luta interior para o seu progresso moral, como vemos no item 350 de O Livro dos Médiuns: "De que serve acreditar na existência dos Espíritos, se essa crença não torna o homem melhor, mais benevolente e mais indulgente para com seus semelhantes, mais humilde, mais paciente na adversidade? (...) Todos os homens poderiam crer nas manifestações e a humanidade permanecer estacionária; mas tais não são os desígnios de Deus".

Logo, ao usar a expressão "verdadeiro espírita", Kardec se referia aos espíritas que já assumiram consigo mesmos o compromisso de se melhorar, o que não aconteceria quando - aceitando, admirando e até divulgando a doutrina - ainda não empregamos nenhum esforço naquele sentido.
  
José Benevides Cavalcante



1- O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVII, 4.
2- O Livro dos Espíritos, cap. III, 28.
3- O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VIII.

6 de outubro de 2013

Fotografia da hora da morte, tirada pelos cientistas russos é falsa!




Com uma câmera bioeletrográfica, o cientista russo Konstantin Korotkov afirma ter conseguido fotografar o exato momento de que a alma saiu do corpo de uma pessoa! Será? A notícia, acompanhada da imagem abaixo, apareceu nas redes sociais e em diversos sites e blogs na última semana de setembro de 2013. De acordo com o texto, um cientista russo chamado Konstantin Korotkov afirmou ter conseguido registrar o momento em que a alma de uma pessoa saia do corpo, no momento exato de sua morte. A foto teria sido obtida através de um método de visualização de descarga de gás, uma técnica avançada conhecida como “fotografia Kirlian”, que mostra em azul a força de vida da pessoa deixando o corpo gradualmente.
O artigo ainda afirma que, de acordo com Korotkov, “a alma” das pessoas que sofrem uma morte violenta e inesperada geralmente se manifesta um estado de confusão em suas configurações de energia e tentam retornar ao corpo nos dias seguintes à morte. Porém, uma coisa é certa, a imagem que acompanhou essa notícia é uma montagem feita por Oscar Burriel para o Science Photo Library. A fotomontagem se chama “Transfiguração: figura fantasmagórica deixando o corpo”.Alguém deve ter achado a “fotografia da alma” publicada por Konstantin meio sem graça, resolveu trocar por essa montagem (bem mais legal, diga-se de passagem) e espalhou pela web.
 
Conclusão:

A notícia da fotografia da alma não deve ser levada à sério.


3 de outubro de 2013

Oração à Kardec



Allan Kardec, incomparável professor da renovação humana! Pedimos-te licença para dirigir-te a nossa prece humilde neste mês de outubro que te lembra o renascimento na face sombria do mundo.

Duzentos e três anos são passados sobre aquele luminoso dia da cidade francesa de Lyon. O generoso solo gaulês assistia, então, à materialização das promessas mais altas do divino Mestre.

Inaugurava-se no horizonte terrestre a aurora de um novo tempo. O sol do Consolador haveria de levantar-se para todos, aquecendo com seus divinos raios o coração das almas desiludidas, cansadas dos embates inglórios da face terrestre. Seus luminosos raios, plenos de esperança nova, haveriam de energizar novamente os caminhos da fé, iluminando-nos o entendimento desviado e infeliz para a visão renovada do esclarecimento mais amplo.


Divino mensageiro de novo pisando a poeira do mundo, Kardec, te fizeste pequenino professor nos educandários franceses e suíços, e, por quase cinco décadas, te consagraste a exaustivo labor junto à infância e à juventude promissoras.

Iluminado apóstolo do Senhor entre os homens, dispensaste todas as glórias celestes que te pertenciam por direito e méritos de outrora para te fazeres em apenas mais um servidor no vasto campo do progresso humano.

Mas teu destino estava selado pelo paracleto e o Espírito da Verdade, cumprindo determinações celestiais, convocou-te à missão de inaugurar na Terra a religião dos espíritos.

Soou para a história terrestre o clarim da verdade renovadora e foste, a partir de então, o seu abençoado condutor. Sob a tua segura batuta, iniciou-se a divina sinfonia do Evangelho restaurado e os espíritos dos mortos retornaram plenos de vida e luz a cantar as harmoniosas melodias da vida eterna!

Quantas bênçãos, Kardec, recebemos desde então? Impossível auferirmos esse cálculo sublime!

Sob a tua orientação direta, inúmeros baluartes da mensagem espírita-cristã também colaboraram nesse esforço gigantesco nos últimos 150 anos da nova revelação.

Quantas consolações! Quantos esclarecimentos! Quantas lágrimas, Professor, como resultado de teu trabalho, foram secas na terra das desilusões?

Quantas alegrias, Codificador, foram despertas no imo dos espíritos desesperançados e tristes?

Quantas bênçãos de amor e caridade, semeador incansável, frutificaram no solo dantes improdutivo e abandonado do coração humano?


É por isso que, neste mês, volvemos a lembrar-te a missão gloriosa junto aos homens, para respeitosamente louvar-te o divino serviço e agradecer-te a humildade de teus sacrifícios ignorados e silentes em favor de todos nós.

Da planície de nossa mediocridade, dos pântanos de nossos erros milenares, do charco de nossa ignorante soberba humana, somos, celeste Professor, dos que se incluem no rol dos beneficiários diretos de teu esforço.

Embora reconhecendo a insignificância de nossa posição nos estreitos caminhos humanos, já ousamos levantar os olhos na direção do Mais-Além que nos descerraste.

E, contemplando os altiplanos da compreensão da vida mais ampla, eternamente reconhecidos pelo fruto de seu labor em nome do Cristo, ousamos oferecer-te, Allan Kardec, as flores de nossa sincera gratidão, que, embora singelas e simples, haverão de dizer-te da profundidade da paz que nos alcança em nome de Deus.


José Martins Peralva Sobrinho

Página que dedico aos meus filhos Iêda, Basílio e Alcione.

(Mensagem psicografada por Geraldo Lemos Neto em reunião pública no Centro Espírita Luz, Amor e Caridade na noite de 8 de outubro de 2007.)