Neste texto, explico todo esse enredo à luz da Doutrina Espírita.
Há registros escritos do próprio Gandhi que demonstram que, durante seu período como advogado na África do Sul, quando ainda era jovem, por volta dos 20 anos, ele tinha posturas racistas. Em 1903, ele chegou a escrever que os brancos deveriam ser “a raça predominante” e descreveu os negros como problemáticos, sujos e vivendo como animais. O biógrafo Ramachandra Guha afirmou, em entrevista à NPR, que Gandhi, quando jovem, acreditava que os europeus eram o povo mais civilizado, seguidos pelos indianos, enquanto os africanos eram comparáveis a bichos.
Diante
disso, surge o questionamento: como pode um espírito superior ter sido
racista?
O Progresso do Espírito: Inteligência vs.
Moralidade
A
Doutrina Espírita explica que os espíritos progridem de maneira gradual e nem
sempre evoluem de forma equilibrada em todas as áreas. Isso está claramente
abordado na Questão 365 do Livro dos Espíritos, onde Kardec pergunta:
“Por que
é que alguns homens muito inteligentes, o que indica acharem-se encarnados
neles Espíritos superiores, são ao mesmo tempo profundamente viciosos?”
Os
Espíritos respondem:
“É que
não são ainda bastante puros os Espíritos encarnados nesses homens, que, então,
e por isso, cedem à influência de outros Espíritos mais imperfeitos. O Espírito
progride em insensível marcha ascendente, mas o progresso não se efetua
simultaneamente em todos os sentidos. Durante um período da sua existência, ele
se adianta em ciência; durante outro, em moralidade.”
Isso
significa que um espírito pode trazer consigo uma grande capacidade
intelectual e ser missionário do bem, mas ainda ter imperfeições morais a
serem corrigidas. No caso de Gandhi, sua inteligência e liderança foram
notáveis, mas sua moralidade ainda estava sujeita a desafios no início da vida.
O Caso Segismundo e a Programação Reencarnatória
No livro Missionários
da Luz, André Luiz relata o caso de Segismundo, que precisava
reencarnar para resgatar faltas do passado, mas encontrava resistência de seu
futuro pai, Adelino. Esse caso ilustra como o planejamento
reencarnatório pode ser complexo e atender a múltiplos propósitos.
O mentor Alexandre
explica que há dois tipos principais de reencarnação:
- As comuns, que seguem um padrão
evolutivo normal.
- As complexas, que envolvem espíritos
trabalhadores e missionários, os quais possuem muitas qualidades
superiores, mas ainda têm débitos a resgatar.
Gandhi se
enquadra nesse segundo caso. Apesar de ser um espírito elevado, sua encarnação
na Terra teve desafios e imperfeições a serem corrigidas. A reencarnação é o
meio, e a educação divina é o fim. Por isso, espíritos como Gandhi passam
por lutas que os corrigem, restauram e aperfeiçoam.
A Lei do Progresso e a Reforma Íntima
A Doutrina Espírita ensina que a Lei do Progresso rege tanto a evolução individual quanto a das sociedades. O próprio biógrafo Ramachandra Guha destacou que Gandhi superou seu racismo de forma bastante decisiva e, durante a maior parte de sua vida pública, tornou-se um defensor fervoroso do antirracismo e do fim de toda forma de discriminação. Seu compromisso com a igualdade foi tão intenso que influenciou diretamente ninguém menos que Martin Luther King Jr.
King
visitou a residência de Gandhi, onde os pertences do Mahatma, como seu colchão
e sapatos, ainda estavam. Profundamente impactado, afirmou que sentia a
presença espiritual de Gandhi naquele lugar. Conforme relatado pelo curador Usah
Thakkar, em matéria da NPR, King, mesmo hospedado em um hotel
confortável, recusou-se a ficar em outro lugar. Ele disse:
"Vou
ficar aqui, porque estou sentindo as vibrações de Gandhi."
A Missão dos Espíritos Superiores na Terra
Os
espíritos superiores que aceitam reencarnar na Terra muitas vezes assumem
desafios e provas que lhes permitem atuar como instrumentos do progresso
coletivo. Gandhi demonstrou que, mesmo começando com visões equivocadas, um
espírito pode se transformar e deixar um legado de amor e justiça para a
humanidade.
A
trajetória do Mahatma nos ensina que não devemos julgar um espírito unicamente
por seus erros do passado, mas sim pela totalidade de sua jornada e pelos
valores que abraçou ao longo da vida. Sua grandeza não se definiu por
pensamentos imaturos da juventude, mas pela transformação que empreendeu e pela
luta incansável em prol da igualdade e da paz. Da mesma forma, desejamos que
Karla Sofía, assim como todos nós, continue trilhando o caminho do aprendizado
e da evolução moral.
Regih
Silva
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