16 de setembro de 2025

SÓ SERVE, QUANDO É COM UM LADO: QUE-QUE-HÁ-LHO?




Confesso que nunca havia escutado falar no tal Sr. Kirk. Só soube dele porque foi morto e, ironicamente, da mesma forma que semeava. A Lei de Causa e Efeito, meus amigos, não falha. O que plantamos, mais cedo ou mais tarde, floresce. E quando floresce, às vezes vem com espinhos tão afiados que nem Freud explica. O que realmente me surpreendeu não foi o fato em si, mas a reação no Brasil. Os mesmos grupos extremistas que já desejaram câncer e morte para Dilma, morte para Lula, soltaram rojão na partida de dona Marisa, ironizaram o falecimento do neto dela, debocharam do acidente de Boechat, vibraram com o assassinato da Marielle e do motorista Anderson, e zombaram da doença da Preta Gil e Paulo Gustavo.agora surgem como arautos da moralidade. Condenam qualquer um que ousar rir da tragédia, como se fossem os fiscais da empatia, protetores exclusivos da compaixão. Hipocrisia pouca é bobagem. É como o açougueiro reclamar do cheiro de sangue. E como dizia aquele humorista: “Que-que-há-lho?” Parece que a polarização virou religião, com direito a dogmas, templos digitais e dízimos pagos em curtidas e ódio. 

Agora, do ponto de vista espírita, vamos lembrar: a morte não canoniza ninguém. Ninguém vira santo só porque devolveu o corpo à Terra. O espírito leva consigo exatamente o que construiu em vida. Se odiava, continua odiando. Se amava, continua amando. O desencarne é apenas a troca de roupa. E sem o peso da carne, a alma fica até mais livre para se conectar às mentes que vibram na mesma faixa. Eis aí o perigo: espíritos rancorosos encontram eco em corações rancorosos. E o ciclo se perpetua. 

Portanto, a questão não é rir ou chorar da morte de alguém. Embora, rir e torcer, sejam atitudes nada cristã. A verdadeira reflexão é: o que estou alimentando em mim? Estou vibrando em ódio, repetindo ironias cruéis, mesmo quando disfarçadas de “justiça”? Ou estou cultivando compaixão, não para parecer santo aos olhos dos outros, mas para construir paz em mim mesmo? Na grande mesa da vida, cada um traz o tempero da alma. Uns servem luz, outros servem fel…  

Como espíritas, sabemos que ninguém escapa das próprias construções espirituais. O desencarne é apenas o início de uma nova etapa da colheita. E a nós, que seguimos encarnados, resta a escolha: alimentar a polarização que nos envenena ou escolher a serenidade, que nos liberta. Porque, afinal, como diria Chico Xavier: “Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.” E cá entre nós, já passou da hora de começar a escrever um final menos hipócrita e mais humano para essa história coletiva. Lembrando, que condemanos quqlquer extremismo, seja de onde vier.


Regih Silva

 

 

6 de setembro de 2025

A PSICOGRAFIA REVELADA: LULA, O HOMEM FRANCO E LEAL DA HISTÓRIA BRASILEIRA'




A chamada psicografia do cavalo branco, atribuída a Chico Xavier, sempre esteve cercada de mistério, disputas políticas e até manipulações ideológicas. Desde os anos 80, quando veio à tona, não faltaram candidatos a se auto-proclamarem o “salvador da pátria”.

Em 1989, por exemplo, o médico Ronaldo Caiado, na disputa presidencial, deixou-se seduzir pela profecia. Chico precisou, publicamente, desmenti-lo. Logo depois, espalhou-se que Collor seria o escolhido. Mais uma vez, Chico interveio: disse que a mensagem não se referia àquele tempo, mas ao futuro do Brasil.

Passados os anos, com a eleição de 2014, setores espíritas simpáticos ao golpe de 64 começaram a ver no então candidato Aécio Neves o tal predestinado. Com a derrota, a aposta se deslocou para Sérgio Moro, depois alçado a “herói nacional” pela Lava Jato. Mas quando a Vaza Jato expôs as sombras do processo, a mesma corrente se rendeu ao bolsonarismo, coroando Bolsonaro como o cavaleiro da profecia.

Diante desse uso político, em 28 de maio de 2017, precisei, em nosso canal, denunciar a fraude das versões manipuladas da chamada “Mensagem de Natal de 1952”. Apoiei-me, à época, no posicionamento da FEB, que classificava o texto como apócrifo.

Hoje, passados oito anos, retomo o estudo com novos elementos e coragem para afirmar: a mensagem é autêntica e, ao analisar a história, fica explícito que ela possui um portador. Portador este odiado por muitos, inclusive por alguns que se dizem espíritas e simpáticos ao bolsonarismo, evidentemente.

Eis o texto original, como chegou até nós:

Psicografia de 23/12/1952 Mensagem de natal
Local: Centro Espírita Jesus de Nazareno, Congonhas (MG)
Médium: Francisco Cândido Xavier
Espírito comunicante (atribuído): André Luiz

"O mundo caminha para grandes conquistas e, também, para grandes catástrofes.

O engenho de guerra que assombrou o 
mundo com a destruição moral e material de Hiroshima e Nagasaki será a causa de desentendimento no mundo inteiro.

No Brasil, um líder operário terá morte violenta, pois as forças espirituais que vivem no cosmos pedem ao Supremo Criador justiça por tudo que foi feito de bárbaro em nome do Supremo Criador e da Pátria.

Com o desaparecimento deste, o Brasil vai passar por momentos difíceis: diversos movimentos armados vão abalar a estrutura nacional.

Em meio a isto, virá um homem da Terra do Mártir Tiradentes e, apesar das pressões, muito irá fazer pelo Brasil. Inclusive será o criador de uma cidade jardim, tal qual o Éden, diferente de todas as cidades, que será substituído por outro que muita confusão irá criar e, em sua saída injustificada, deixará a nação abalada. Deste abalo começará um período crítico.

Até que um homem de patriotismo, vindo também da Terra de Tiradentes, irá cercar-se de outros, e irão derrubar a viga mestra da confusão.

Então muita coisa nova irá acontecer. 

Homens, mulheres e crianças sofrerão consequências justas e injustas, provocadas por erros anteriores. O regime será combatido e abalado, mas muitas nações passarão a dar crédito e respeito ao Brasil. Com a mudança dos homens, muitos dos que foram o esteio da situação serão chamados a prestar contas a Deus.

Então o sol, as enchentes e o frio vão criar fome e desespero, não só no Brasil, mas também no mundo.

Mas, no fim de tudo, aparecerá um homem franco, sincero e leal, montado em seu cavalo branco e com sua poderosa espada dará uma nova dimensão e personalidade aos destinos do Brasil, corrigindo injustiças e fazendo voltar a confiança e esperança no futuro do Brasil. 

Será combatido e criticado por seu temperamento e atitude, mas contará com a Direção das Forças Supremas que habitam o cosmos.

E o Brasil será verdadeiramente o coração do mundo e ele, apesar das críticas e ameaças internas e externas, que irão aparecer, será sempre o fiel da balança, pela sua fé e esperança no destino do Brasil a ele confiado.”

Aqui, preciso fazer uma pausa. Quem lê André Luiz em Nosso Lar, Evolução em Dois Mundos ou Libertação percebe logo: o tom é científico, espiritual, analítico. Já esta mensagem é profética, moral, de advertência — algo mais próximo de Bezerra de Menezes. Não me parece, sinceramente, estilo de André Luiz. Talvez a atribuição tenha sido erro de registro ou confusão posterior. 

Mas, seja André, Bezerra ou outro benfeitor, o fato permanece: a psicografia existe e paira como sombra simbólica sobre a história brasileira.

Pois bem: depois de analisar a mensagem em diálogo com a própria história do Brasil, só vejo um nome que se encaixa, até agora: Luiz Inácio Lula da Silva.



Linha do Tempo – Psicografia × História do Brasil

  • 1954 – Getúlio Vargas
“No Brasil, um líder operário terá morte violenta…”
Realidade: Getúlio, o “pai dos pobres”, apoiado pelos trabalhadores, suicida-se.

  • 1960 – Juscelino Kubitschek
“Um homem da Terra do Mártir Tiradentes… criará uma cidade jardim…”
Realidade: JK, mineiro, constrói Brasília.

  • 1961 – Jânio Quadros
“…substituído por outro que muita confusão irá criar…”
Realidade: Jânio renuncia, mergulhando o país em crise.

  • 1961–1964 – João Goulart
“Deste abalo começará um período crítico.”
Realidade: Governo instável, até o golpe de 64.

  • 1964–1985 – Ditadura Militar
“O regime será combatido e abalado… consequências justas e injustas.”
Realidade: repressão, censura, tortura, mas também o chamado “milagre econômico”.

  • 1985 – Tancredo Neves
“Um homem de patriotismo, vindo da Terra de Tiradentes…”
Realidade: Tancredo, mineiro, eleito indiretamente, mas morre antes da posse.

  • 2003–2010 –2023 - Lula
“No fim de tudo, aparecerá um homem franco, sincero e leal, montado em seu cavalo branco…”
Realidade: Lula, o operário, chega à presidência. Reduz a fome, amplia direitos, projeta o Brasil no cenário mundial. Em 2023 retorna, após prisão e perseguição, recuperando parte do prestígio do Brasil.

Os símbolos da psicografia se ajustam de forma impressionante à trajetória do presidente.

O homem franco, sincero e leal se identifica com a imagem de Lula como representante do povo. O cavalo branco, símbolo messiânico, e a espada poderosa, que pode ser entendida como as políticas sociais, marcam sua passagem. A profecia fala em corrigir injustiças, devolver confiança e colocar o Brasil como coração do mundo, o que ressoa nos programas sociais, no protagonismo internacional e na recuperação da autoestima nacional.

A mensagem ainda alerta que o escolhido seria combatido e criticado por seu temperamento, mas teria direção das Forças Supremas. Lula foi perseguido, preso, alvo de críticas duras, até hoje sofre preconceitos e ataques, mas também é sustentado por ampla fé popular e por uma trajetória que muitos veem como protegida espiritualmente. Por exemplo: 
o retorno de Lula à Presidência na atualidade, não seria a lei de causa e efeito em ação, revelando a força da justiça divina que, ainda que tardiamente, restabelece o equilíbrio?

Assim, a profecia não se cumpre nos aventureiros da política que tentaram se auto-intitular escolhidos. Lida à luz da história, ajusta-se muito mais ao ciclo de Lula: o retirante nordestino que chega ao Planalto, devolve a esperança a milhões, sofre perseguições e retorna com respaldo popular e espiritual.

Seja mito ou realidade, a psicografia aponta para um destino: o Brasil como coração do mundo. E talvez, em meio às dores e esperanças, Lula seja o rosto mais próximo dessa promessa. 

Só não ver quem não aceita. 


Regih Silva




31 de agosto de 2025

CRIANÇAS ÍNDIGO? CRISTAL? NÃO: ESPÍRITOS EM EVOLUÇÃO — CUIDADO COM A ADULTIZAÇÃO E EROTIZAÇÃO DA INFÂNCIA.



Em 2012, foi a primeira vez que ouvi falar dessa moda de crianças “índigo” e “cristal”. Vieram alguns confrades, com cara séria, dizendo que isso era a nova revelação espiritual. Confesso: bastou meia hora de conversa para perceber que aquilo fugia de toda coerência doutrinária e de qualquer bom senso kardequiano. Foi preciso, em 2015, Dora Incontri — por quem, aliás, tenho algumas divergências — vir a público e denunciar o modismo. De lá para cá, até mesmo o médium Divaldo Pereira Franco acabou entrando nessa onda. E como não poderia faltar, cineasta que hoje sobrevivem de criar fan fakes em cima da literatura espírita, colocaram o tema nas telonas. Pronto: virou febre!

Mas sejamos francos: não é de hoje que a nossa sociedade gosta de fabricar ilusões para não enfrentar seus verdadeiros problemas. Vejamos a erotização infantil, por exemplo. A meu ver, dois grandes empurrões ajudaram a empurrar nossas crianças ladeira abaixo: nos anos 90, a lambada — aquela dança “inocente” que já colocava menino e menina rebolando na televisão em pleno horário nobre. Quase no fim da década, veio o que só posso chamar de aberração cultural: o grupo É o Tchan! com o clássico "Na boquinha da garrafa". Resultado? Explosão de shortinhos curtos nas vitrines infantis, como se a moda tivesse descido direto do Olimpo da mediocridade. Já nos anos 2000, até os dias atuais, entrou em cena o baile funk, com letras que fariam corar até obsessor em reunião mediúnica. 

E aí, para completar o pacote, chega o modismo dos índigos e cristais. É o casamento perfeito: de um lado, a adultização precoce; de outro, o esoterismo enlatado com selo New Age. Resultado? Criança erotizada de dia, “anjo cósmico” à noite. Como se espírito superior precisasse de crachá colorido para provar sua evolução. 
Ultimamente, virou moda rotular crianças como se fossem personagens da Marvel: “meu filho é índigo, o seu é cristal”. Só falta surgir o “bege man” e a “garota lilás”. Mas cá entre nós: precisamos mesmo de aura azul para valorizar a infância? O Espiritismo, muito antes dessa febre mística, já nos ensinava que, em épocas de transição, espíritos mais lúcidos reencarnam em massa. A infância se encurta, a maturidade chega mais rápido e eles demonstram vivacidade incomum. Não é magia, é lei de progresso. 

O perigo é criar castas espirituais: “o meu é índigo, o seu é só comum”. Isso infla vaidades, segrega famílias e, quando o “índigo” dá um tapa na cara da mãe no supermercado, fica difícil sustentar a tal aura azul. Espírito evoluído não se mede por cor invisível, mas por conduta visível. 

A pedagogia espírita é clara: cada criança é única, traz seu histórico reencarnatório e merece amor, diálogo e educação libertadora. Nenhuma é “mais divina” do que a outra. A diferença está apenas no degrau que cada um ocupa na escada evolutiva — e quem de nós tem régua para medir alma alheia? “Por falar em medir o outro, lembro que certa vez nosso companheiro de grupo, Pedro Medeiros, nos perguntou se existiria algo capaz de avaliar a alma humana em termos de evolução. Foi então que Aldo, em nosso socorro, pediu que respondêssemos: “O método para medir a alma humana chama-se caráter.”  

Portanto, que tal deixarmos de importar rótulos de prateleira esotérica e voltarmos ao óbvio? Criança é espírito em evolução. Todas precisam de carinho, todas precisam de limites, todas precisam de bons exemplos. O mundo não precisa de mutantes com aura azul; precisa de pais e mães que não fujam da responsabilidade de educar com firmeza e amor. 

O verdadeiro milagre não está em esperar que desça do céu uma geração de “índigos”. Está acontecendo agora: espíritos reencarnam todos os dias em nossos lares, trazendo suas bagagens, talentos e dificuldades. Deus nos confia a honra — e o desafio — de sermos parceiros na educação deles. 
Educar não é só alfabetizar ou preparar para o vestibular. É ensinar a pensar, a sentir e, sobretudo, a amar. Diploma pode enfeitar parede; coração educado sustenta vida inteira. 

Kardec já dizia: É pela educação, muito mais que pela instrução, que vamos atingir o progresso moral". A chave está aí: não basta citar Jesus, é preciso imitá-lo. Criança aprende mais com nosso exemplo do que com nossos sermões. 

Então, meus amigos, menos rótulos místicos e mais responsabilidade cristã. Menos terceirização para escola e celular, mais presença dentro de casa. Educar é plantar sementes. Nem sempre veremos a árvore crescer, mas Deus, o Grande Jardineiro, nunca deixa de regar aquilo que é semeado com amor sincero. 

No fim das contas, a “Nova Era” não depende de crianças índigo ou cristal. Depende de adultos que deixem de ser tão cinzentos.

Regih Silva

23 de agosto de 2025

O REINO DOS CÉUS COMEÇA NA INFÂNCIA: UMA DENÚNCIA NECESSÁRIA




Quando uma consciência desperta, o mundo espiritual se movimenta. Muitas vezes, não é um orador de púlpito, nem um magistrado togado; é um jovem simples, que converte a timidez em coragem, a indignação em serviço ao próximo. Foi assim quando Felca ergueu a voz — denunciando aquilo que tantos fingiam não ver: a adultização precoce de crianças na internet, a exploração da inocência travestida de “conteúdo” e o lucro alimentado pela fragilidade infantil.

O Espiritismo nos recorda que a infância é tempo sagrado de proteção. É a estação em que o Espírito reencarna sob o véu da fragilidade, para reaprender a amar, confiar e florescer. Adultizar é cortar esse jardim ainda em formação; explorar é ferir a Lei divina, que se expressa na justiça, no amor e na caridade. Por isso, não é “apenas internet”: trata-se de um drama espiritual coletivo, um carma sendo tecido diante de nossos olhos.

Felca denunciou a engrenagem invisível dos algoritmos o chamado “algoritmo P”, que premia o choque, estimula a erotização e empurra olhares e desejos para o abismo, enquanto plataformas e adultos lucram com lágrimas invisíveis. Essa denúncia rompeu o silêncio e trouxe efeitos concretos: investigações policiais, prisões de criminosos, maior volume de denúncias, novos projetos de lei.

Nesse cenário, também é importante reconhecer o empenho do atual governo brasileiro em buscar regulamentar as redes sociais, com o objetivo de combater crimes digitais e, em especial, a exploração de crianças e adolescentes. Trata-se de um passo necessário para que a sociedade, o Estado e as próprias plataformas assumam a responsabilidade de proteger a infância — que não pode ser deixada à mercê de algoritmos desumanos e interesses econômicos.

E foi nesse contexto que Felca afirmou:

“Se você não sente indignação, não é um ser humano.”

Indignação, aqui, não é revolta estéril, mas chama moral que desperta a consciência e convida à ação. É o grito da alma que percebe que a infância não pode ser moeda de troca nem mercadoria de algoritmos.

Que possamos, à luz do Evangelho e do Consolador prometido, transformar nossa indignação em caridade lúcida, em defesa do mais frágil e em compromisso com a verdade. Afinal, como ensinam os Espíritos, cada criança é uma semente do futuro: proteger a infância é zelar pelo amanhã da Humanidade.


Regih Silva


17 de agosto de 2025

INFÂNCIA: PROJETO DIVINO PARA RECONCILIAR CORAÇÕES



Quando observamos a História, percebemos que alguns dos maiores algozes da humanidade — Adolf Hitler, Josef Stalin, Pinochet, e Osama Bin Laden, dentre outros — um dia foram crianças. Antes de se tornarem símbolos de ódio, violência e destruição, também experimentaram o colo materno, os primeiros passos, os sorrisos inocentes.
Aqui está o ponto crucial: o que aconteceu no percurso entre a pureza inicial e a crueldade final?

Segundo O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo VIII, a infância não é apenas uma etapa biológica — é um estado espiritual profundamente planejado pela Providência Divina. Nela, o Espírito recém-reencarnado encontra-se em condição de maleabilidade moral, com as lembranças das vidas passadas temporariamente adormecidas. As más inclinações, embora ainda existam, estão amortecidas, permitindo que pais, educadores e a própria sociedade imprimam valores de luz na alma.

Mais que isso, o estado infantil é um mecanismo de reconciliação espiritual. Muitas vezes, aquele bebê que hoje seguramos nos braços foi, no passado, um inimigo ou até mesmo um algoz que nos feriu profundamente. A sabedoria divina, conhecendo nossa dificuldade de perdoar, nos oferece esse reencontro velado pela fragilidade e pela inocência. Diante do olhar puro de uma criança, nosso coração se desarma. É difícil nutrir ódio quando se vê um ser indefeso que depende inteiramente de nós para viver.

A pureza infantil é, portanto, um elo de reconciliação entre almas. Ela nos dá a oportunidade de amar novamente quem, outrora, talvez tenhamos odiado. Ao cuidar, alimentar, proteger e educar, vamos dissolvendo mágoas antigas sem sequer nos darmos conta, porque o amor silenciosamente substitui a lembrança da dor.
“Deixai vir a mim as criancinhas, porque o Reino dos Céus é daqueles que se lhes assemelham.” — Jesus

Aqui, o Mestre nos recorda que o coração infantil é um reflexo da simplicidade e da pureza necessárias para alcançar a paz espiritual.

Infelizmente, quando a infância é negligenciada — seja pela violência, abandono, falta de exemplo ou ausência de educação moral —, o terreno fértil pode ser tomado por ervas daninhas. Hitler, Stalin e Bin Laden não nasceram monstros; tornaram-se assim, em grande parte, pelo ambiente moral que os moldou. A sociedade raramente percebe que o crime de amanhã começa na infância de hoje.

O Espiritismo nos alerta: a paz do mundo começa no berço. A formação moral e espiritual de uma criança não é apenas responsabilidade dos pais, mas de toda a coletividade. Cuidar da infância é investir no futuro da humanidade. É nutrir não só o corpo, mas também a alma. É ensinar pelo exemplo, cultivar valores que resistam ao egoísmo, à vaidade e à violência.

O estado infantil é mais que uma fase da vida — é um projeto divino para regenerar a Terra e reconciliar corações. E quem desperdiça essa oportunidade, deixa escapar uma das mais preciosas chances de transformar inimigos em amigos, e amigos em irmãos eternos.

Na Revista Espírita — Ano II — Fevereiro de 1859, foi publicada uma comunicação espontânea do Sr. Nélo, médium, lida em 14 de janeiro de 1859, intitulada “A Infância”. Eis os principais trechos e ensinamentos:

“Não conheceis o segredo que, na sua inocência, ocultam as crianças; não sabeis o que são, nem o que foram, nem o que hão de ser. Entretanto, vós as amais, as prezais como se fossem parte de vós mesmos…” — O amor natural que nutrimos pelas crianças é inexplicável, íntimo e profundo .

Elas são seres enviados por Deus em novas existências; para que não sofram severidade imediata, lhes é concedida toda a aparência da inocência, mesmo que carreguem falhas de existências passadas .

Essa inocência não é uma superioridade real, mas uma imagem do que deveriam ser. Se não o são, a responsabilidade recai sobre eles próprios, uma vez que já tiveram essa oportunidade .

Essa aparência de pureza também foi providencialmente dada por Deus pelos pais, já que seu amor frágil seria abalada frente a um comportamento intratável — ao supor bondade nos filhos, os pais os cercam de afeto e proteção .

Com o tempo, quando a criança não mais necessita dessa proteção (por volta dos 15 a 20 anos), seu verdadeiro caráter emerge, revelando-se bom se realmente era, ainda que com nuances antes ocultas .

Esses trechos ressaltam que a infância é um estágio de misericórdia e oportunidade, onde a alma pode ser educada e guiada sem o peso imediato da justiça ou do julgamento — mas é também um período em que se plantam sementes que, no futuro, definem o verdadeiro caráter do ser.


Regih Silva

11 de agosto de 2025

OS SINAIS DA CRUCIFICAÇÃO DE JESUS EM CHICO XAVIER


Você já ouviu falar em estigmas? São os sinais da crucificação do Cristo, que alguns cristãos do passado apresentavam. São sinais ou marcas muito semelhantes às feridas de Jesus Cristo no Calvário. Diversos cristãos do passado foram estigmatizados, apresentando todas as marcas ou apenas algumas delas. É um fenômeno pouco conhecido e não existe uma resposta definitiva sobre o assunto. Seja como for, o fato não é novo na historiologia dos cristãos. São Francisco de Assis, Santa Rita de Cássia, Verônica Giuliani, Maria Madalena de Pazzi, entre tantos outros, conhecidos ou não, receberam, em parte ou na totalidade, esses estigmas da configuração extrema do Cristo no calvário.
Mais recentemente, outro cristão, Chico Xavier, também foi estigmatizado. Ele apresentava as feridas de Jesus Cristo na cabeça e nos pés. Porque Chico sabia que nem todos tinham condições de compreender o fenômeno e poderiam santificá-lo, o médium de Pedro Leopoldo manteve em segredo seus estigmas.

A Transposição dos Sinais

Na madrugada de uma terça-feira, dia 09 de agosto de 1966, Chico Xavier recebeu a transposição dos sinais dos espinhos da coroa do Cristo na própria cabeça para desaparecer em seguida. Os estigmas retornariam mais tarde, de forma definitiva, obrigando o médium a ocultar os sinais em sigilo absoluto. Muito mais tarde, décadas após, os sinais surgiram também nos pés desse que podemos chamar de apóstolo do bem e herói da caridade. Quer dizer, por seu imenso amor a Jesus, à semelhança de outro Francisco, o de Assis, Chico também foi estigmatizado! E apenas permitiu que pouquíssimos ficassem sabendo. Trata-se de assunto pouco divulgado pelos biógrafos do Chico. Mas a verdade é que os estigmas ocorreram nos pés e na cabeça.

Por causas ainda não bem explicadas, alguns cristãos do passado receberam no próprio corpo, todos ou alguns sinais da crucificação do Cristo. Por exemplo: São Francisco de Assis recebeu todos os sinais e Santa Rita de Cássia, um só dos espinhos lhe marcou a testa. Com Chico ocorreu que a coroa de espinhos marcou a cabeça dele por inteiro. Na verdade, a coroa de espinhos era um capacete que cobria toda a nuca, tendo produzido, na flagelação do Cristo, uma grande quantidade de perfurações. 
Esse fenômeno, que tem implicações com a mediunidade de incorporação, obrigou-o a usar boinas, gorros e, depois, perucas. Chico procurou de todas as formas ocultar os sinais, somente observados na velhice, quando não mais podia locomover-se livremente, e foram enfim, observados pelas caridosas irmãs que banhavam o corpo do médium já muito debilitado pela idade avançada.

Após a estigmatização, Chico passou a exalar penetrante aroma de rosas até o fim de seus dias. A presença de Chico Xavier, no século XX, marca para a humanidade o início da “Era do Espírito”, que alterará, para melhor e por completo, a vida no Planeta no decorrer desse terceiro milênio.

O tema desse texto foi pescado do livro que ilustra esse post: "Chico Xavier, o médium dos pés descalços", de Carlos Antônio Baccelli.

Artigo de Assis De Lima Ribeiro no seu blog Entre a Terra e o Céu :
CHICO XAVIER E SÃO FRANCISCO DE ASSIS SÃO O MESMO ESPÍRITO
http://entreterraeoceu.blogspot.com.br/…/chico-xavier-e-sao…citado no artigo
Platão, João Evangelista, Francisco de Assis, Allan Kardec e Chico Xavier - cinco personalidades, o mesmo espírito apóstolo do Cristo
Allan Kardec é João Evangelista - Indícios consistentes na obra de Allan Kardec e Chico Xavier - conexões com personalidades de Platão, Francisco de Assis, João Huss e Francisco Cândido Xavier

PS. É só juntar as peças do puzzle para quem quiser estudar sem preconceitos...

O BRASIL, A POLÍTICA E A DOENÇA QUE PRECISA SER CURADA

 



Em 2018, eu tinha certeza de que o Brasil não colocaria Jair Bolsonaro na presidência. Ignorei os sinais e preferi acreditar que o bom senso ainda resistia. Mas a realidade é que o voto é um espelho: reflete o que somos como sociedade. E, desde 2016, já estava claro que vivíamos um tempo em que o certo começava a ser ridicularizado e o errado, aplaudido como se fosse virtude.

Conheci Bolsonaro pela TV aberta, sempre em programas sensacionalistas, defendendo pautas carregadas de preconceito contra minorias. Como espírita — e parte do grupo que ele atacava — eu me perguntava: “Como um homem tão atrasado pode ter espaço na política?” A resposta estava diante de mim: vivemos num país onde agressividade é confundida com coragem, intolerância com moralidade, e arrogância com liderança.

Desde sua posse, assistimos a um festival de absurdos: declarações que destilam ódio, atitudes que negam a caridade e decisões que ferem a dignidade humana. Tudo o oposto do que ensinou Jesus — e ainda assim, muitos que o seguem batem no peito dizendo-se cristãos. Frei Quirino já advertia: “O maior escândalo do Evangelho é vê-lo pregado sem ser vivido.”

A comparação histórica é inevitável. Dilma sofreu um golpe, e não se viu seu partido pedir intervenção militar. Lula, antes de ser preso pela farsa da Lava Jato, perdeu várias eleições — e alguém viu o PT travando pautas no Congresso, acusando as urnas de fraude ou ameaçando romper a ordem democrática? Não. Concorde-se ou não com suas ideias, há uma distância moral gigantesca entre perder e aceitar, e perder e destruir.

O que muitos ignoram é que as sombras espirituais não se alimentam apenas de violência física, mas também da hipocrisia travestida de religiosidade. Essa mesma sombra, a meu ver, esteve por trás do episódio do atentado realizado por Adélio Bispo — não foi para derrubar Bolsonaro, mas para transformá-lo em mártir. O mal é astuto: sabe se disfarçar de vítima para conquistar o coração dos ingênuos.

Allan Kardec ensinou em O Evangelho segundo o Espiritismo (Cap. XX, item 4): “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que faz para domar suas más inclinações.” Quem defende a exclusão, o preconceito e a violência não pode invocar o nome de Cristo sem macular o próprio Cristo.

Hoje, no Congresso Nacional e no meio político, vemos instalada uma doença moral chamada bolsonarismo. É nosso dever, como verdadeiros cristãos, expurgá-la nas próximas eleições. O recente motim para travar o andamento do Congresso é exemplo disso: não é atitude de adulto responsável, mas de criança birrenta de quinta série, com traços de psicopatia. Uma deputada usou a filha recém-nascida como escudo. Outro, ao ser punido, justificou-se dizendo que “não compreendeu” por ser autista. É essa a tática: mentir, manipular e posar de inocente — tudo sob a bandeira falsa de “patriotismo”.

Por mais doloroso que seja, o mandato dele e de sua tropa serviu para revelar o que muitos não queriam ver: um Congresso infestado de vaidades, ignorância e ausência de amor ao próximo. André Luiz nos lembra: “Não exijas dos outros qualidades que ainda não possuem, mas trabalha para exemplificá-las.” Talvez, espiritualmente, tenhamos sido chamados a contemplar o abismo para, enfim, desejar construir a ponte.

E essa ponte não se fará com armas, nem com discursos de ódio, mas com o trabalho silencioso da regeneração moral. Como está em A Gênese (Cap. XVIII, item 27): “Os tempos são chegados.” A transição planetária já está em curso, e ela não virá por decretos ou mudanças políticas superficiais, mas pela reforma íntima de cada um.

O cristão verdadeiro sabe: não existe regeneração sem amor. E amor não se constrói com ódio, intolerância ou fanatismo. Como espíritas, não podemos nos calar diante do erro, mas também não podemos nos igualar aos que espalham trevas. A nossa resposta deve ser firme na defesa da verdade, mas impregnada da luz que Cristo nos confiou.

Porque a política, sem moral e sem caridade, não passa de palco para as sombras. E o Brasil, hoje, está diante da escolha de libertar-se dessas trevas — ou afundar ainda mais nelas.


Regih Silva