Era 30 de junho de 2002. Um dia que, para muitos, parecia improvável. O Brasil inteiro explodia em alegria, comemorando o penta campeonato mundial de futebol. E, como haviam anunciado os bons Espíritos, Chico partiria em um dia de júbilo nacional, para que sua volta ao Mundo Maior não fosse marcada pela dor, mas envolta na luz da esperança, da gratidão e da certeza da imortalidade.
Porém, após sua partida, o que vimos?
Vimos, sim, o Espiritismo, antes irradiando simplicidade e pureza, ser, pouco a pouco, sequestrado por vaidades disfarçadas de saber. Surgiram os que, sedentos de aplausos, vestiram o personagem de "herdeiros do legado", quando, na verdade, jamais entenderam a essência do próprio Chico: amar, servir e silenciar.
De repente, brotaram “amigos íntimos” — muitos que ele sequer mencionava em vida —, agora doutores de si mesmos, proclamando interpretações, teses mirabolantes e opiniões que Chico, com sua ternura e fidelidade aos Espíritos Superiores, jamais endossaria.
Assistimos, entristecidos, alguns médiuns e palestrantes se erguerem acima da própria Doutrina, elitizando o Espiritismo — que Chico sempre definiu como “Jesus de novo no coração do povo” — Transformando o Consolador Prometido em vitrine de vaidades e passarela para egos inflamados.
E, não bastassem os falsos “Emmanuels”, os falsos “André Luiz”, e até os falsos “Chicos” através de médiuns obssediados. Neste ìnterim, surgiram os modernos mercadores da fé: os falsos médiuns das redes sociais, que fingem receber mensagens dos desencarnados, banalizando o invisível e fazendo dos ensinos espíritas instrumento de engajamento e moeda de curtidas.
Mas nem tudo são sombras.
E assim se cumpre.
Mãos invisíveis, mas seguras.
Mãos discretas, mas firmes.
Mãos que não aparecem, mas trabalham incessantemente, sob o comando amoroso de Jesus, o Senhor da Obra.
Gratidão eterna, Chico.
Tua voz ainda consola.
Teu legado permanece, não nas bocas dos que gritam, mas no coração dos que amam, servem e se calam.
Regih Silva/ Irmão menor









